A Literariedade vs. a (a)Ngolanidade : perspectivas decoloniais para refundar (a)ngola

Autores

  • João Domingos Pedro Universidade Rainha Njinga A Mbande - Angola
  • Gaspar Alexandre Ginga Instituto Superior Politécnico Dom Cardeal Alexandre do Nascimento - Angola

Palavras-chave:

Ngolanidade, perspectivas descoloniais, Ngola

Resumo

O novo pensamento social afrikano tem estado voltado para a assunção de uma consciência histórica e promoção do contributo epistemológico dos filhos de Áfrika sobre si mesmos. Neste cenário, as perspectivas descoloniais para refundar (a)Ngola enquadram-senum conjunto ordenado de bases epistemológicas que propõem cenários descoloniais através dos quais são analizadas as estruturas e representações sócio-políticas da Angola criada no contexto da colonialidade até aos dias de hoje. Para tal, trouxemos um quadro geral da (des)orientação social de que temos sido reféns e protagonistas (paradoxalmente): (i) começaremos por reflectir a Angola desde a sua fundação, o seu contexto intelectual, o porquê dos fracassos historicamente cíclicos; (ii) reflectiremos sobre o cancro (de) Angola, propondo as bases para o sararmos e, por fim, (iii) proporemos uma refundação assente em pressupostos descoloniais sem os quais o sonho de liberdade e soberania nacional serão mera distopia da retórica convencional. O grande objectivo deste estudo é analizar criticamente o contexto sócio-político a que chegamos com a idolatrada fundação (afirmação do contrato social), em 1975, do Estado que hoje chamamos de Angola, propondo uma refundação (RCS: renovação do contrato social) pautada numa atitude sócio-política afrikano-centrada que assuma as necessidades e prioridades que representam, em primeiríssimo e privilegiado lugar, os interesses ngolanos e dos povos da Áfrika em geral. O presente estudo é delimitado pelo período da colonialidade na extensão do novo território angolano, mais precisamente a partir dos meiados do século XX. Em termos metodológicos, para a concessão do presente artigo, servimo-nos de uma vasta pesquisa de campo realizada através do “Projecto Tradição Viva”, por um lado; por outro lado, servimo-nos do método dedutivo, e, do ponto de vista dos procedimentos técnicos, utilizámos a pesquisa bibilográfica (selecção reflexíva e analítica). Twende!

***

Ku bhatulula (Kimbundu): O ibhanzelu mu kisangi kya afidika yiza muku kukudisa ni kudixikinisa o kwila kya bhingi o kubhanaku jindunge kwa yo a kituka o twana twa afidika mudyawu. Mu ukexinu yu, o ibhanzelu ya yo akexine ni kaphutu phala ku yukisaku dingi o Ngola, ya dite ku munononono phala o kuzanza o ukexinu wa ibhangelu ya mundu, ni kudilonga o ifwa ni idifwa o ukexinu wa kisangi ni wanji wa Ngola, tunde mu kithangana kya kikolonya ndu mu izuwa ya lelu.Mukiki, twezaku ni mundonda wa tenena u tulondekesa o ukexinu wa lungu ni kukamba o kwijiya o njila ya kidi, wila ki twene mu kubhanga mba kutubhanga kwala athu engi: (i) tumakateka ni kubhanza o ixi ya Ngola tunde ku ufukunukinu wayi, o unjimu wayi, o kikuma kya kulweza kwa vula yoso; (ii) tubhanza o kijimbu kya ixi ya Ngola, ni kulondekesaku o ji njila jya fwama phala o kukitumba, ni tusukina, (iii) tubhanaku we phangu ya ku kufukununa lwa kamukwau dingi o ixi ya Ngola hakaxi kya ji njila jina jya yuka phala o kwila o nzoji ya musenza ni kukibhama kwa ixi ki kukale mu kingoho. O disukinu dya kudilonga kuku, o kuzanza mwene kya mbote kina kya lungu ni ukexinu wa mwenyu mukisangi ni wanji u twakala nawu tunde ki twa tambula o dipanda, tunde ku muvu wa kazunda, hama avwa, makwinyi a sambwadi ni kitanu, mu ixi yi twixana Ngola (o kufufulula o ukexinu wa mwenyu mukisangi), yiza mu kukala ni kinemenu kya kubhana luxilu wa lungu ni ukexinu wa mwenyu mukisangi ni wanji udita kaname ni ibhanzelu ya akwa afidika, yene ni kilunji kya kubhanza phala o mbote ya bhindamena o mundu wa akwa ngola ni mundu mu ngongo ya afidika mu muzunda ngandu. Kya lungu ni jiphangu jya ulongeleu, phala kwendesa kya mbote o ulongelu yu, twa zanze o yina ya soneka kya kwala akwetu hakaxi kya “Mundonda wa Ifwa ni Idifwa ya Mwenyu”, ku mbandu ya thexi, ya kayelaku, hakaxi kya ku kusokesa, hakaxi kinawu kikala o maka, etu dingi twa zanze o mabuku okulu (o usangwilu wa ubhanzelu ni kuzanza). Twende.

Biografia do Autor

João Domingos Pedro, Universidade Rainha Njinga A Mbande - Angola

Mestre em Letras (Linguística do Português) pela Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto, Luanda, Angola. É docente do Instituto Politécnico da Universidade Rainha Njinga A Mbande, em Malanje, Angola, onde lecciona as cadeiras de Língua Portuguesa, Metodologia da Língua Portuguesa e Técnica de Comunicação Oral e Escrita e Literatura Infantil e do Adolescente. É pesquisador nas áreas de Didáctica e Metodologia do Português Língua Primeira e Língua Segunda e Comunicação e Linguagem. E-mail: kalendaneto23abril@gmail.com

Gaspar Alexandre Ginga, Instituto Superior Politécnico Dom Cardeal Alexandre do Nascimento - Angola

Estudante do 4.º ano do curso de Direito do departamento de Ciências Sociais, Económicas e Humanas no Instituto Superior Politécnico Dom Cardeal Alexandre do Nascimento em Malanje, onde lecciona, como Monitor, a cadeira de História das Ideias Políticas e Jurídicas. Investigador nas áreas de Estudos Africanos, História e Pensamento Sócio-político africano. E-mail: decanetorainhanjinga@gmail.com

Referências

Ani, M. (1994). Yurugu: uma Crítica Africano-Centrada do Pensamento e Comportamento Cultural Europe. Indianópolis. Library congress cataloging-in-publication data.

Cassuada, J. (2019). Uma comunicação oral, subordinada ao tema: Das representações sociais dos jovens delinquentes(...), apresentada num colóquio referente à delinquência, na Ex-ESPM - Escola Superior Politécnica de Malanje, Angola.

Chika E. E. (2019), Conhecimento indígena e educação afrikana. Yaoundé, (s.e.).

Cruz, E. C. V. (2006). O Estatuto do Indigenato – Angola – A legalização da discriminação na colonização portuguesa. Luanda, Ed. Chá de Caxinde.

Diop, C. A. (1974). Os fundamentos económicos e culturais de um Estado Federal em África. Paris: Présence africaine,

Boahen, A. A. (Ed). (2010). História Geral da Áfrika, VII: Áfrika sob dominação colonial, 1880-1935 .2.ed. Brasília: UNESCO.

Batsikama, P. (2019). Escola das Ciências Políticas no Antigo Reino do Kongo”. Luanda.

______ (Fevereiro, 2021). Construção das identidades angolanas. Disponível em:

http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/angolanidade-construcao-das-identidades-angolanas-por-patricio-batsikama. Acesso em: 12 mai. 2022.

Kajibanga, V. (1999). Crise da racionalidade lusotropicalista e do paradigma da ‘crioulidade’: o caso da antropossociologia de Angola. África: Revista do Centro de Estudos Africanos, São Paulo, vol.22-23: 141-156.

Mannheim, K. (1986). Ideologia e Utopia, Rio de Janeiro, Editora Guanabara S.A.

Mendonça, J. L. (Agosto de 2021). Ser Angolano: Uma Ficção Da Língua Portuguesa. Num fórum epistêmico sobre o Tema “O que é ser angolano?”,Biblioteca Provincial de Malanje, Angola.

Nkruma, K. (1964). “O consciencionismo – Filosofia e Ideologia da Descolonização”, Tradução de Jospin.Acra, (s.e.).

_______ (5 Dezembro de 2021). O consciencismo.(p.57-69).

https://googleweblight.com/sp?u=https://docero.com.br/doc/e0evcv&grqid=m4u5R73N&hl=pt-PT;

Oliveira, E. (2006). Cosmovisão africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Curitiba: Editora Gráfica Popular.

Oliveira, L. F., e Candau, V. M. F.(2010). Pedagogia descolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista, Belo Horizonte.v.26, n.1.

Patacho, P. M. (2014). Cheikh Anta Diop e o deafio para as novas gerações africanas: notas a propósito de uma obra de Jean-Marc Ela. Luanda, Ed. Mulemba, 4 (8).

Rego, A. S. (1958). A Adaptação missionária e assimilação colonizadora do ultramar, Lisboa, in BGU.

Venâncio, J. C. (1996). Colonialismo, antropologia e lusofonia. Repensando a Presença Portuguesa nos Trópicos. Lisboa, (s.e.).

Nobles, W. (1985). Africanity and the Black Family, Black Family Institute Publications, Oakland.

Redinha, J. (1969). Ngola. Inserido no Boletim Cultural da Câmara Municipal de Luanda, Nº 23, Abril – Junho.

Sugestões de leitura

Kajibanga, V. (1998). Culturas étnicas e cultura nacional. Uma Reflexão Sociológica Sobre o Caso Angolano. Conferência proferida na Universidade Católica de Angola, no âmbito do 2.º Encontro dos Delegados da Igreja Católica dos Países Lusófonos, Luanda, 17 de Janeiro.

Andrade, M. P. de. (1990). As Ordens do Discurso do Clamor Africano. Continuidade e Ruptura na Ideologia do Nacionalismo Unitário. Estudos Moçambicanos, 7: 7-27, Maputo, Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane.

Nascimento, E. (2009). Afrocentricidade, uma Abordagem inovadora. SANKOFA 4 Matizes Africanas da cultura Brasileiro. São Paulo: Selo Negro.

Downloads

Publicado

10-06-2022

Como Citar

Pedro, J. D., & Ginga, G. A. . (2022). A Literariedade vs. a (a)Ngolanidade : perspectivas decoloniais para refundar (a)ngola. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 2(1), 346–370. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/893