Negras cenas a ressonância ancestral na cena e no encenado
Black scenes: ancestral resonance in the scene and stage
Abstract
O artigo fixa as bases teóricas e práticas, a partir do sistema cultural negro-africano e diaspórico, para construção de um método de formação de atriz. O método não se define e funciona tão-somente a partir de meros exercícios. A formulação exige método ancestral e, por igual importância, o uso do sistema cultural negro-africano e diaspórico como categoria filosófica; o referido sistema é objeto da filosofia da ancestralidade como filosofia africana. Conjugada com a milenar, sofisticada e complexa malha ontológica, o sistema ancestral é modo de produção cultural e, sobretudo, da existência. Na filosofia e no modo de produção assim concebidos, a ancestralidade e Exu não antropomorfizados possibilitam o ingresso na cultura negra de ressonância. Na cena e no encenado, como fio ou elo relacional, a ressonância ancestral se atualiza em conformidade sinérgica com a inseparabilidade da atriz do espaço, do cenário e dos objetos. Os cinco pontos seguintes são sintetizadores, na cena e no encenado, da cultura negra de ressonância. O primeiro ponto enfatiza que o espaço ressonante é parte ou extensão da atriz; eles são inseparáveis. No segundo, há a produção da imagem e da ação; a imaginação, que desfaz a fantasia ou a projeção. No terceiro, a ênfase recai na intuição e na inspiração, que são os motores para a ação da atriz. No quarto, a oralidade, via monólogo interior/anterior, é a correia de elos para ativar a Intuição e a inspiração. No quinto, na encruzilhada ou cena, a ação e a (re) ação constituem o corpo, os objetos, a voz, o gesto e tudo que viabiliza a criação e existência, como objeto estético, da personagem.
Downloads
References
ANTONIO, Carlindo Fausto. Arthur Bispo do Rosário, o Rei e outras peças de Teatro negro-brasileiro. São Paulo: Editora Ciclo Contínuo, 2020.
______. A escrita e a recepção de si: abismo olhando abismo. Revista Limiar Pós-Graduação da PUCC, Campinas-SP, vol. 2 p. 141-152, 2019a.
______. Patuá de palavras, o (in)verso negro, poesia visual. Londrina: Galileu Edições, 2019b.
______. Arthur Bispo do Rosário, o Rei, teatro. Londrina: Galileu Edições, 2019c.
______. A cultura negro-africana como chave hermenêutica e conceito para a distinção entre cultura negro-africana de projeção e de ressonância no meu teatro. In: SILVA, Geranilde Costa (Org.). Ensino, pesquisa e extensão na UNILAB: caminhos e perspectiva. Fortaleza: Expressão Gráfica, v. 2, p. 107 – 120, 2017a.
______. Negras práticas pedagógicas e epistêmicas: A centralidade da autoexpressão negra nas artes cênicas. Revista de Humanidades e Letras. Vol. 3, Nº. 1, p. 1-21, 2017b.
______. Arthur Bispo do Rosário, o rei! Revista Repertório, Salvador, ano 20, n. 29, p.209-234, 2017c.
_____. Vinte Anos de Prosa. Campinas: Arte Literária, 2006.
COELHO, Nelly Novaes. Prefácio. In: ANTONIO, Carlindo Fausto.(Org.). Vinte Anos de Prosa. Campinas: Arte Literária, p.1-10, 2006.
_____. Escritores Brasileiros do Século XX: Um Testamento Crítico. Taubaté: Letra Selvagem, 2013.
MARTINS, Leda Maria. A Cena em Sombras. São Paulo: Editora Perspectiva. 1995.
NASCIMENTO, Abdias do. Sortilégio. In: NASCIMENTO, Abdias do et al. (Org.). Dramas para Negros e prólogos para Brancos. São Paulo: Edição do Teatro Experimental do Negro, p.9-25,1961.
SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte. 5. Ed., Petrópolis: Vozes, 1998.
______. Exu, um princípio dinâmico. Entrevista concedida a Marcos Dias. Jornal A Tarde, Salvador, em 05 de Novembro de 2014. Vide: Acesso em: ttps://atarde.uol.com.br/cultura/literatura/noticias/1636803-exu-um-principio-dinamico
SANTOS, Milton. O espaço geográfico como categoria filosófica. Terra Livre, São Paulo, vol. 1, n. 5, p. 9-20. 1988.
SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. Rio de Janeiro: Mauad Ltda, 2015.
_______. O terreiro e a cidade: a forma social negro-brasileira. Petrópolis, Vozes 1988.
Fonte Oral: Mestre Pastinha. In:Acesso em: Acessttps://www.youtube.com/watch?v=dBRgPTD4fMw&feature=youtu.be
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2023 NJINGA&SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
Authors maintain copyright and grant the journal the right to first publication, the work being simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License, which allows the sharing of the work with recognition of the authorship of the work and initial publication in this magazine.
Authors are authorized to assume additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg, publishing in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
Authors are permitted and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes, as well as increase impact and citation of the published work (See The Effect of Open Access).