Ancestralidade e tradição em Choriro, de Ungulane Ba Ka Khosa

Madzitateguru neTsika muChoriro, re Ungulane Ba Ka Khosa

Autores

  • Amosse Jorge Gelo Instituto Médio Politécnico Cabeça do Velho - Moçambique
  • Esmilda Lázaro Albino Tocomere Universidade Púnguè – Moçambique

Palavras-chave:

Ancestralidade, Tradição, Identidade Moçambicana

Resumo

O presente artigo resulta de uma análise sociocultural e antropológica da obra Choriro, do escritor moçambicano Ungulane Ba Ka Khosa, sob a perspectiva da manifestação da ancestralidade e da tradição como elementos configuradores da identidade moçambicana. O obedeceu a dois procedimentos, a pesquisa bibliográfica e a análise da obra a partir do método de análise de conteúdo. Os resultados da análise permitiram-nos compreender que a identidade moçambicana, na obra, é construída por meio do resgate de valores históricos, sociais, culturais, geográficos, religiosos, crenças, hábitos e costumes que caracterizam o povo moçambicano. Dentre estes aspetos, podemos citar o uso de nomes de origem bantu, como Nfuca, Nyazimbire, Nhabezi, entre outros. Acredita-se, na religião africana que as pessoas não morrem, porém passam para outra dimensão, possuindo ainda influência sobre os vivos, razão pela qual são recorridos em momentos importantes através de cerimônias e rituais e estes permanecem na memória do povo. É o que aconteceu com o branco aculturado que acreditava que após a sua morte, transformar-se-ia num espírito de leão (mpondoro), representando a sua força, grandeza e poder.  Estes eventos de invocação do espírito dos mortos são marcados por cânticos, batucadas e danças, onde as galinhas, os cabritos, as gazelas, mingo e mexoeira são tidos como típicos pratos do povo bantu.

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Chinyorwa chino chinobva muongororo yezvemagariro evanhu uye yeanthropological yebhuku rinonzi Choriro, rakanyorwa nemunyori wekuMozambique, Ungulane Ba Ka Khosa, kubva mukuona kwekuratidzwa kwemadzitateguru netsika semagadzirirwo ehunhu hweMozambiki. Nzira mbiri dzakatevedzwa, tsvakiridzo yemabhuku uye ongororo yebasa zvichibva panzira yekuongorora zvirimo. Zvigumisiro zvekuongorora zvakatibvumira kunzwisisa kuti chiziviso cheMozambique, mubasa, chinovakwa kuburikidza nekununurwa kwezvakaitika kare, zvemagariro evanhu, tsika, nzvimbo, tsika dzechitendero, zvitendero, tsika uye tsika dzinoratidza vanhu veMozambique. Pakati pezvikamu izvi, tinogona kutaura nezvekushandiswa kwemazita echiBantu, seNfuca, Nyazimbire, Nhabezi, nemamwe. Zvinotendwa muchitendero cheAfrica kuti vanhu havafi, asi vanopinda mune imwe nzvimbo, vachine simba pamusoro pevapenyu, ndicho chikonzero ivo vanoshandiswa panguva dzakakosha kuburikidza nemitambo uye tsika uye izvi zvinoramba zviri mundangariro dzevanhu. Izvi ndizvo zvakaitika kumurungu akarovererwa aitenda kuti mushure mekufa kwake, aizoshanduka kuva mweya weshumba (mpondoro), unomiririra simba rake, ukuru uye simba. Zviitiko izvi zvinodana mweya wevakafa zvinoratidzwa nenziyo, kuridza ngoma nekutamba, uko huku, mbudzi, mhara, mingo nemapfunde zvinoonekwa sendiro dzeBantu.

Biografia do Autor

Amosse Jorge Gelo, Instituto Médio Politécnico Cabeça do Velho - Moçambique

Mestrando em Estudos Literários na Universidade Estadual de Feira de Santana (BA) - Bolsista CAPES, Graduado em Ensino de Português com Habilitações em Ensino de Línguas Bantu pela Universidade Púnguè – Moçambique. Linha de pesquisa: Acervos, Memórias e Representações

Esmilda Lázaro Albino Tocomere, Universidade Púnguè – Moçambique

Graduada em Ensino de Português com Habilitações em Ensino de Línguas Bantu pela Universidade Púnguè – Moçambique

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Publicado

29-05-2023

Como Citar

Gelo, A. J., & Tocomere, E. L. A. . (2023). Ancestralidade e tradição em Choriro, de Ungulane Ba Ka Khosa: Madzitateguru neTsika muChoriro, re Ungulane Ba Ka Khosa. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 3(Especial I), 331–345. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/1129