A etnotoponímia dos nomes dos distritos das províncias de Gaza e Maputo: uma análise da identidade ecolinguística
Palavras-chave:
Etnotoponímia, Nomes, Ecolinguistica, Distritos, MoçambiqueResumo
Interessa-nos nesta pesquisa analisar como o nome e a natureza – incluindo a cultura obviamente – entrelaçam-se dando significados e efeitos únicos em cada comunidade linguística. Na cultura europeia, as pessoas que se encontram pela primeira vez cumprimentam-se falando cada um (a) o seu nome. Mas há outras culturas – como é dos povos tsonga – em que o nome é o elemento mais importante a ser preservado e que não pode ser conhecido por pessoas que não são próximas. A atribuição do nome não é aleatória nas tradições bantu e está ligada ao ambiente, à cultura e aos contextos ambientais em que a “comunidade de fala”. Pesquisa analisou a formação dos nomes desses lugares que após a independência ascenderam para qualidade de distritos. As análises mostram que há nomes de distritos provenientes de línguas de países vizinhos. É o caso de Limpopo e Manjacaze que provém da língua isizulu – língua oficial da África do Sul – e Namaacha ou Lomaacha vindo da língua isiswati, língua oficial do Reino da Suazilândia.No nome sempre se inclui aspectos da cultura. Os nomes de lugares carregam traços dos heróis da região, das plantas da região e outras memórias coletivas do povo. Nas tradições dos povos bantu, os nomes próprios ou de uma região são atribuídos em concordância com os antepassados. Não é por acaso que consultam aos curandeiros qual o nome a atribuir. Existe cerimônia própria para atribuição do nome próprio e o nome de uma região. Os nomes tradicionais dos lugares sofreram transformações ou adaptações gráfico-fonéticas, mas não deixam de ser lembrete da presença das tradições africanas naquele lugar. Alguns nomes de lugares são tabus pela sua importância para os cultos e tradições. Esses lugares carregam histórias e por vezes se tornam santuários do culto aos antepassados.
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