Tradução de um artigo da Constituição Federal para a língua Maxakali: limitações e desafios do processo de tradução para uma língua indígena
Mots-clés :
Artigo 231, Constituição Federal, Língua Maxakali, Tradução, Revitalização LinguísticaRésumé
Este texto tem o objetivo de descrever uma experiência vivenciada pelos autores de traduzir o artigo 231 da Constituição Federal para a língua Maxakali, língua indígena brasileira falada no nordeste de Minas Gerais. A tradução foi realizada no âmbito do Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas da Faculdade de Educação da UFMG durante um dos módulos na aldeia Pradinho em 2019. A intenção de realizar essa tradução partiu do interesse dos alunos de entender a função desse artigo durante um dos encontros do curso. Os objetivos da tradução portanto foram fazer os Maxakali conhecerem o artigo 231 aos Maxakali e viabilizar a sua leitura em língua Maxakali como parte do esforço maior de fortalecer a língua indígena em relação à língua majoritária por meio da oferta de textos de diferentes gêneros na língua. O texto jurídico e a realidade a que ele se refere é estranho e distante da realidade Maxakali e impõe à tradução desafios de ordem cultural e lexical. Tais limitações exigiram adaptação não literal do conteúdo do texto e exclusão de Parágrafos que complementam o artigo na versão original. Este artigo, portanto, descreve as dificuldades encontradas no processo de tradução e apresenta os desafios para uma futura tradução do mesmo artigo em língua Maxakali, que inclua os parágrafos omitidos do texto. Adicionalmente, as reflexões aqui apresentadas poderão ser úteis para atividades de tradução em geral de línguas majoritárias para línguas minoritárias e para a pesquisa relacionada ao fortalecimento de línguas minorizadas.
Téléchargements
Références
BOMFIM, Anari Braz. Patxohã, ‘Língua de Guerreiro’: um estudo sobre o processo de retomada da língua Pataxó. 2012, 127 p. (Dissertação de Mestrado). Salvador: Universidade Federal da Bahia (UFBA), 2012.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: Senado Federal, Artigo 231. Disponível em<http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_26.08.2020/art_231_asp#:~:text=S%C3%A3o%20reconhecidos%20aos%20%C3%ADndios%20sua.respeitar%20todos%20os%20seus%20bens>. Acesso em 28.dez.2020.
CAMPOS, Carlo S. Práticas de letramento em português e em Maxakali em um curso de formação de educadores indígenas. In: SANTOS, Alana Driziê Gonzatti dos et al. (Org.). Anais Eletrônicos do V Seminário de Pesquisas em Letramento. Natal: UFRN, 2020, p.36-47.
CRYSTAL, David. Pequeno tratado da linguagem humana. Tradução de Gabriel Perissé. São Paulo: Saraiva, 2012.
D’ANGELIS, Wilmar R. Educação escolar e ameaças à sobrevivência das línguas indígenas no Brasil Meridional. In: D'ANGELIS, Wilmar R. (Org.). Aprisionando sonhos: a educação escolar indígena no Brasil. Campinas-SP: Curt Nimuendajú, 2012, p. 175-190.
_______. Línguas indígenas no Brasil: quantas eram, quantas são, quantas serão? In: D’ANGELIS, Wilmar R. (Org.). O que é revitalização de línguas indígenas: como fazemos. Campinas: Curt Nimuendajú, 2019, p. 13-28.
GUDSCHINSKY, Sara. C.; POPOVICH, Harold.; POPOVICH, Francis. Native reaction and phonetic similarity in Maxakali phonology. Language, 46 (1), 1970, p. 77-88.
IVO, Ivana Pereira. Revitalização de línguas indígenas: do que estamos falando? In: D’ANGELIS, Wilmar R. (Org.). O que é revitalização de línguas indígenas: como fazemos. Campinas-SP: Curt Nimuendajú, 2019, p.43-63.
KRAUSS, Michael. The world’s languages in crisis. Language, 68., 1992, p. 4-10.
LITTLE, P. E. Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade. Anuário Antropológico, 28(1), 2018, p. 251-290. Disponível em < https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6871> Acesso em 25.dez.2020.
MONSERRAT, Ruth. Por que, afinal, parece tão fácil abandonar a própria língua? In: COSTA, Consuelo P. G. (Org.). Pensando as línguas indígenas na Bahia: C-Indy em Vitória da Conquista. Campinas, São Paulo: Ed. Curt Nimuendajú, 2011, p. 9-17.
MOORE, Denny. As línguas indígenas no Brasil hoje. In: MELLO, H.; ALTENHOFEN, C.; RASO, T. (Org.). Os contatos linguísticos no Brasil. 1ª Edição. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011, p. 217-240.
NASCENTES, Antenor. O linguajar carioca. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1953.
NELSON, Jessica Fae. Pataxó Hãhãhãe: Race, Indigeneity and Language Revitalization in the Brazilian Northeast. 2018, 309 p. (Tese de Doutorado). Universidade do Arizona, 2018.
RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas: 500 anos de descobertas e perdas. D.E.L.T.A. São Paulo, v. 9, N.1, 1993, p. 83-103.
SACK, Robert David. Human territoriality: its theory and history. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
SIASI/SESAI. Quadro geral dos povos. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/Quadro_Geral_dos_Povos>. Acesso em 27.dez.2020, 2014.
STORTO, Luciana. Línguas indígenas: tradição, universais e diversidade. 1ª edição. Campinas: Mercado das Letras, 2019.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés NJINGA&SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras 2023
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Pas de Modification 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les conditions suivantes:
Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, l'œuvre étant simultanément concédée sous licence Creative Commons Attribution License, qui permet le partage de l'œuvre avec reconnaissance de la paternité de l'œuvre et publication initiale dans ce magazine.
Les auteurs sont autorisés à assumer séparément des contrats supplémentaires, pour la distribution non exclusive de la version de l'ouvrage publié dans cette revue (par exemple, publication dans un référentiel institutionnel ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la paternité et publication initiale dans cette revue.
Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leurs travaux en ligne (par exemple dans des référentiels institutionnels ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des changements productifs, ainsi que citation des travaux publiés (voir l'effet du libre accès).