Bissau em tradução: percalços e desafios de uma pesquisa em andamento

Fassi traduson na Bissau: canseras e dificuldades na fassi es tarbadju

Auteurs

  • Andre Luiz Ramalho Aguiar Hankuk University of Foreign Studies (HUFS)

Mots-clés :

Cidade em tradução, Tradução cultural, Espaço de tradução, Multilinguismo

Résumé

O presente artigo é um recorte de treze meses de uma pesquisa desenvolvida em Bissau, capital da Guiné-Bissau, localizada na África Ocidental, sobre zona de tradução (SIMON, 2013) e espaço de tradução (CRONIN; SIMON 2014) em contextos transnacionais. A partir da busca pela compreensão dos efeitos causados pelas práticas de tradução em contextos multilíngues, multiculturais, multiétnicos e multirreligiosos, este texto apresenta os espaços de tradução de Bissau sob a ótica da história da tradução cultural com viés decolonial. A abordagem teórica em relação à tradução cultural é desenvolvida nas perspectivas de Simon (2008) e Pym (2017), destacando o embasamento conceitual da tradução cultural de Bhabha (2014). No que concerne à metodologia, a pesquisa concilia diferentes procedimentos de geração e coleta de dados alinhados à história oral, tomando como recorte espaço-temporal o espaço de tradução e o lugar de memória da “Praça dos Heróis Nacionais”, situada região central da capital, no período compreendido de fevereiro de 2021 a março de 2022. Sobre a metodologia em história oral, dialoguei com as perspectivas de Meihy (2011), Freitas (2006), Meihy e Ribeiro (2011) e Seawrigt (2017) a fim de tecer recursos necessários para definir os tipos de entrevistas e as etapas das entrevistas a serem cumpridas. Com o trabalho de campo, apresento alguns recortes de entrevistas fornecidas pelos nossos colaboradores de pesquisa, objetivando descrever o quão o conceito de tradução cultural só faz sentido quando as diferenças culturais e os múltiplos processos de negociações são discutidos. Concluindo, apresento os principais percalços e desafios encontrados durante a implementação da pesquisa em Bissau, capital transcultural do Ocidente da África.

Biographie de l'auteur

Andre Luiz Ramalho Aguiar, Hankuk University of Foreign Studies (HUFS)

Maîtrise de Langues, Littératures et Civilizations Etrangere, spécialité Portugués à l'Université de Nantes, en France (2002). Il est titulaire d'un master en Études Approfondies Estudes Portugaises, Bresiliennes et de L'afrique Lusophone, spéalisation Portugais de l'Université de Paris III / Sorbonne-Nouvelle (2005) et d'un doctorat en études de traduction de l'Université Fédérale de Santa Catarina (2020). De 2007 à 2012, il a travaillé à l'Universidad Bolivariana de Venezuela (UBV) en tant que professeur agréé de portugais langue étrangère (PLE), où il a été le coordinateur du Centre Linguistique Rosa Luxemburg sur le site de l'UBV-Delta Amacuro. De 2012 à 2014, il a servi à l'Université Fédérale d'Intégration latino-américaine (UNILA) en tant que professeur invité de portugais langue étrangère (PLE) pour les hispanophones et de linguistique pour les étudiants en lettres. De 2014 à 2016 et de 2020 à 2022, il a été professeur chargé de cours à l'Université Nationale d'Asunción (UNA), au Paraguay, et à l'Université Lusophone de Guinée (ULG), en Guinée-Bissau, dans le cadre du programme de Lectorat du Capes et du Ministère des Affaires Étrangères où il a coordonné le diplôme et le tronc commun en langue portugaise. Actuellement, il est professeur adjoint à l'université Hankuk d'Études Étrangères, en Corée du Sud, où il enseigne le portugais comme langue étrangère (PLE). Elle a de l'expérience dans le domaine des sciences humaines et ses sous-domaines d'intérêt sont la linguistique appliquée, la politique linguistique, la formation des enseignants de l'éducation populaire et l'histoire de la traduction, avec un accent sur les études interculturelles, l'oralité et les frontières.

Références

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Publiée

02-01-2023

Comment citer

Ramalho Aguiar, A. L. (2023). Bissau em tradução: percalços e desafios de uma pesquisa em andamento: Fassi traduson na Bissau: canseras e dificuldades na fassi es tarbadju. NJINGA&SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 3(1), 226–253. Consulté à l’adresse https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/1079