Funk e amefricanidade
Funk ni amefricanidade
Keywords:
Funk, Amefricanidade, Favelas, Linguagem, CorporalidadeAbstract
Esta proposta tem como objetivo analisar o papel desempenhado pela cultura funk brasileira na preservação de símbolos que se insurgem contra a colonização da linguagem, corporalidade e vivência de sujeitos periféricos aglomerados nas favelas dos grandes centros urbanos. Para um ouvido eurocentrado, que organiza os estímulos sonoros a partir do método cartesiano, as periferias brasileiras apresentam-se como um caos sonoro, sem racionalidade. Tal interpretação “teórica” contrasta-se com a grande influência que a cultura afro periférica urbana possui no Brasil. Assim como a capoeira, samba e rap, o funk é criminalizado e alvo constante do sistema repressor estatal. Oriundas de territórios afro periféricos, essas culturas são comercializadas orgulhosamente no exterior, porém, desde a “oficiosa” abolição da escravatura enfrentam perseguições que buscam brecar seus efeitos enquanto instrumentos de resistência à objetificação para escravização do corpo negro. Um dos mecanismos que possibilitam a perseguição ao funk é a descontextualização de sua linguagem do território, por meio da apropriação de alguns de seus elementos, e a deslegitimação de seus símbolos, a partir da continuidade e da negativa sistemáticas do racismo. Pretende-se analisar o processo de construção do funk brasileiro, desde suas origens nas comunidades afro caribenhas nas Américas - nos fins dos anos 70 - até a atualidade, com o objetivo de demonstrar a importância política da cultura. Para tanto serão utilizados os conceitos desenvolvidos por Lélia Gonzalés (1988), para quem é possível reconhecer a existência de uma identidade linguística Amefricana no Brasil, fruto do processo diaspórico.
***
Xiringanyeto lexi xi kongomisa ku xopaxopa xiave lexi tlangiwaka hi ndhavuko wa funk wa le Brazil eku hlayiseni ka swikombiso leswi pfukaka ku lwisana na ku endliwa ka tikoloni ka ririmi, vumiri na ntokoto wa swichudeni swa le matlhelo leswi hlengeletiweke eka switandi swa tisenthara letikulu ta le madorobeni. Eka ndleve ya Eurocentric, leyi hlela swihlohloteri swa mpfumawulo kusuka eka ndlela ya Cartesian, matlhelo ya Brazil ya tikombisa tani hi mpfilumpfilu wa mpfumawulo, handle ka rationality. Nhlamuselo yo tano ya “thiyori” yi hambana na nkucetelo lowukulu lowu ndhavuko wa ma-Afro wa le matlhelo ya le madorobeni wu nga na wona eBrazil. Kufana na capoeira, samba na rap, funk yi endliwa vugevenga naswona yi tshama yi ri xihlovo xa sisiteme ya mfumo yo tshikelela. Ku huma eka tindzhawu ta le matlhelo ta Afro, mindhavuko leyi yi xavisiwa hiku tinyungubyisa ematikweni mambe, hambiswiritano, tani hileswi ku herisiwaka “ku nga ri ka ximfumo” ka vuhlonga, yi langutana na nxaniso lowu lavaka ku sivela mbuyelo wa byona tani hi switirhisiwa swo lwisana na objectification eka ku endliwa mahlonga ya miri wa vantima. Yin’wana ya tindlela leti pfumelelaka ku xanisiwa ka funk i ku susiwa ka mongo wa ririmi ra yona ra ndhawu, hi ku tirhisa swin’wana swa swiaki swa yona, na ku nga vi enawini ka swikombiso swa yona, leswi sekeriweke eka ku ya emahlweni loku hlelekeke na ku kaneta xihlawuhlawu. Yi kongomisiwile ku xopaxopa endlelo ro aka funk ya Brazil, kusuka eka masungulo ya yona eka miganga ya Afro Caribbean e Americas - eku heleni ka malembe yava 1970s - kuya fika namuntlha, hi xikongomelo xo kombisa nkoka wa tipolotiki wa ndzhavuko. Eka sweswo, ku ta tirhisiwa miehleketo leyi tumbuluxiweke hi Lélia Gonzalés (1988), loyi eka yena swi kotekaka ku lemuka vukona bya vutivi bya ririmi bya Xiamerika eBrazil, mbuyelo wa endlelo ra vuhlapfa.
Downloads
References
Franco, L. G. M.; Lemes, K. L. A. (2018). O sistema moderno/colonial e a colonialidade de gênero.Texto fornecido pelo/a (s) autor/a (s).
Gomes, M. N. (2018). Horizontes Rebeldes: relações de trabalho e movimentos sociais no século XXI. Belo Horizonte: RTM.
Gonzáles, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. (1998). In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, nº. 92/93 (jan./jun.), p. 69-82.
Hobsbawm, E. (2020). História Social do Jazz. (A. Noronha, Trad.) (20 ed.) Rio de Janeiro: Paz e Terra.
IBGE. (2010). Censo 2010. Disponível em <https://censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 12 jun. 2022.
Lander, E. (org). (2005). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.
Lira Neto. (2017) Uma História do Samba: vol. I: as origens. São Paulo: Cia das Letras.
Munanga, K. (dez./fev. 1995/1996). Origem e histórico do quilombo na África. Revista USP, São Paulo (28): 56-63.
Osamu, N. (2006). Anthropos and humanitas: two western concepts of “human begin”. Tradução nossa (inglês/português). In Translation, Biopolitics, Colonial Difference. Japão: Hong Kong University Press, p. 259-273.
Nascimento, B. (2014). O conceito de quilombo e a resistência afro-brasileira. In Nascimento, Elisa Larkin (Org.). Sankofa 2: matrizes africanas da cultura brasileira - cultura em movimento: matrizes africanas e ativismo negro no Brasil. São Paulo: Selo Negro Edições, p. 81-107.
Palombini, C. (2012). O som a prova de bala. In VI seminário sonologia - música, ciência e tecnologia: fronteira e rupturas, Brasil, p. 271-279. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2014.
Palombini, C. (2017). Resenha de 1976: movimento black rio, de Luiz Felipe de Lima Peixoto e Zé Octávio Sebadelhe. Rio de Janeiro: José Olympio. In Opus, v. 23, n. 2, p. 243-247.
Peixoto, L. F. L.; Sebadelhe, Z. O. (2016). 1976 Movimento Black Rio. Rio de Janeiro: José Olympio.
Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In Lander, E, (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais – perspectivas latino-americanas. Cuidad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO. p. 107-129.
Souza, J. (2012). A construção social da subcidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica. 2 ed. Belo Horizonte: Ed.UFMG.
Vianna, H. (1988). O mundo funk carioca. Rio de Janeiro: Zahar Editor.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2023 NJINGA&SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
Authors maintain copyright and grant the journal the right to first publication, the work being simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License, which allows the sharing of the work with recognition of the authorship of the work and initial publication in this magazine.
Authors are authorized to assume additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg, publishing in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
Authors are permitted and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes, as well as increase impact and citation of the published work (See The Effect of Open Access).