A influência da língua inglesa na comunicação e na construção de uma variedade moçambicana do Português

The influence of English language in communication and construction of Mozambican variety of Portuguese

Autores

  • Maria Helena Carlos Feluane Universidade Pedagogica de Maputo

Palavras-chave:

Neologismo; Português de Moçambique; Variação Linguística; Sociolinguística.

Resumo

O presente artigo visa compreender o neologismo, o processo de criação e renovação linguística no discurso do dia a dia, onde o emissor usa suas potencialidades para elaborar  novas palavras, visando à melhora da comunicação, enquanto um fenómeno de enriquecimento do léxico e expansão do vocabulário do Português Moçambicano (PM), ou seja, criação de novos vocabulários a partir de palavras da língua inglesa, muitas vezes por necessidade de expressão por parte dos falantes e que não de forma premeditada acabam contribuindo na construção da variedade linguística do PM, particularmente na escrita, na cidade da Matola. Assim, levantam-se, neste estudo, questionamentos acerca das características do panorama linguístico da cidade da Matola e do impacto desta variação linguística baseada no neologismo nos espaços urbanos, onde é notória a ocorrência de cartazes cuja mensagem é construída com recurso aos neologismos. A fim de compreendermos os vários processos de ligação linguística, ao longo do tempo, recorremos à sociolinguística variacionista, para fornecer um quadro conceptual e as estratégias metodológicas, através das quais abordamos a dinâmica abrangente dos fluxos e posicionamentos sociolinguísticos. Portanto, optamos pela pesquisa bibliográfica que se situa dentro de uma abordagem qualitativa e pelo método de observação, baseado nos estudos de caso. O corpus da pesquisa foi constituído por spots publicitários visuais espalhados pela grande cidade da Matola. Os resultados da pesquisa sugerem que os neologismos são um fenómeno indiscutível na construção da variedade moçambicana do Português, pelo facto de Moçambique ser um país multilingue, fazendo fronteira com países anglófonos, bem como pelo facto de a língua inglesa ser considera a língua da globalização e de prestígio.

Biografia do Autor

Maria Helena Carlos Feluane, Universidade Pedagogica de Maputo

Pesquisadora e Docente na Universidade Pedagógica de Maputo

Referências

ALVES, I. M. (1996). O Conceito de Neologia: da descrição lexical à planificação linguística. Alfa: Revista de Linguística, São Paulo, v. 40, p. 11-16.

__________(2001). Glossário de termos neológicos da Economia. Cadernos de Terminologia, v. 3. São Paulo: Humanistas/FFLCH/USP, 2001.

__________. (2002). Neologismo: criação lexical. 2 ed. São Paulo: Ática.

BACKHAUS, P. (2007). Linguistic Landscapes: a comparative study of urban multilingualism in Tokyo. Toronto: Multilingual Matters LTD.

BAGNO, M. (2007). Nada na língua é por acaso. São Paulo: Parábola Editorial.

BEN-RAFAEL, E. et al. (2006). Linguistic Landscape as Symbolic Construction of the Public Space: The case of Israel”. In: GORTER, Durk (Org.). Linguistic Landscape: a new approach to multilingualism. Toronto: Multilingual Matters LTD, pp. 7-30.

BOLETIM DA REPUBLICA (2018). Lei 18/2018. Sistema Nacional de Educação.BR_254_I_SERIE_2.º Suplemento. Impressa Nacional de Mocambique.

CÂMARA Jr., M. J. (1959). Princípios de linguística geral. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica.

CALVET, L. (2002).Sociolinguística: Uma introdução crítica. Tradução de Marcos ̃ Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial,

CALVET, L. (2009). Sociolinguística: uma introdução critica. Parábola Editorial São Paulo.4ª Edição.

CRYSTAL, D. (2003). English as a Global Language. Cambridge: Cambridge University Press.

COELHO, et al. (2012). Sociolinguística. Florianópolis: LLV/CCE/ Universidade Federal de Santa Catarina.

CORREIA, M.; LEMOS, L.S.P. Inovação lexical em português. Lisboa: Edições Colibri e Associação de Professores de Português. 2005.

CORREIA, M.; ALMEIDA, G.M. de B. (2012). Neologia em português. São Paulo: Parábola Editorial.

CUQ J. P. (2003).Dictionnaire de Didactique du Français: Langue Étrangère et Seconde. Paris: ASDIFLE.

DIAS, H. (2002). Minidicionário de moçambicanismos. Maputo: Imprensa Universitária.

______. (2002). As desigualdades sociolinguísticas e o fracasso escolar em direção a uma prática linguística escolar libertadora. Maputo: Promédia.

EDELMAN, L. (2010). Linguistic landscapes in the Netherlands: A study of multilingualism in Amsterdam and Friesland. Leiden: LOT.

FIRMINO, G. (2002). A Questão Linguística na África Pós-Colonial. O caso do Português e das línguas autóctones em Moçambique. Maputo: Promédia.

FISHMAN, J. (1996). "Summary and Interpretation: post-imperial English 1940-1990.In: Joshua Fishman et.al. (Eds.) Post-imperial English. Status Change in former British and American Colonies 1940-1990. Contributions to the Sociology of Language 72. Berlin: de Gruyter. p.623-642.

GIMENEZ, T. (2015). Renaming english and educating teachers of a global language. Estudos Linguisticos e Literarios, Salvador, v. 52, p. 73-93.

GONCALVES. P. (2020). Paisagem linguística da cidade de Maputo (Moçambique), por Perpétua Gonçalves. Local Linguistic landcape.

GUNDANE, L. (2022). As intersecções semântico pragmáticas no léxico: uma análise das produções escritas em bancas e ̸ ou barracas na cidade de Maxixe – Moçambique. Schreiben.

GORTER, D. (Ed.). (2006). Linguistic landscape: A new approach to multilingualism. Clevedon, UK: Multilingual Matters.

HAMEL, R.E. (2008). La globalización de las lenguas en el siglo XXI Entre la hegemonía del inglés y la diversidad lingüística. In: HORA, Demerval da; LUCENA, Rubens M. (Orgs.). Política linguística na América Latina. João Pessoa: Ideia/Editora Universitária, 2008. p. 45-77.

JENKINS, J. (2007). English as a lingua franca: attitude and identity. Oxford: Oxford University Press.

JENKINS, J. (2015).Global Englishes: a resource book for students.3th. London: Routledge.

JOLAYEMI, D. & OLAYEMI, M. M. (2017). Road signs as linguistic landscape in Nigeria: A Semiotic communication. International Journal of English Language and Linguistic Research, Vol.5, pp.1-14.

KACHRU, B., (1992). The other tongue: english across cultures, urbana. IL University of Illinois Press, 2d ed. pp. 325-350.

LINO, M. T. R. F. (2019). Neologia e neonímia em língua portuguesa: critérios de identificação, Linha D’Água (Online), São Paulo, v. 32, n. 3, p. 9-23, Set. Dez.

LABOV, W. (1972).Sociolinguistic Patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.

________(2008). Padrões sociolinguísticos. Trad. de Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre, Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial.

LANDRY, R.; BOURHIS, R. Y. (1997). Linguistic Landscape, and Ethnolinguistic Vitality: An Empirical Study. Journal of Language and Social Psychology. Vol. 16 n˚. 1, p. 23-49.

MACIEL, C. M. A. (2021). As línguas indo-arianas nas paisagens linguísticas da cidade de Maputo, Moçambique. Universidade Pedagógica de Maputo.

MIQUIDADE, A. (2018). Morfologia Urbana da Matola: Tendências de Crescimento da Cidade. Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Riscos, Cidades e Ordenamento do Território. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Faculdade de Letras e Literatura, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.

NGUNGA, A.; FAQUIR O. G. (2012). Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas: Relatório do III Seminário Colecção: as nossas línguas III. Centro de Estudos Africanos (CEA). UEM, Maputo,

PRADO, D.F., (2006) Uma análise das inserções dos empréstimos linguísticos da área da Informatica no Dicionário Aurélio XXI. Universidade Federal de Uberlândia.

REITE, T. (2013). À descoberta de particularidades no português de Moçambique Explorações quantitativas e comparativas. Trykk: Reprosentralen, Universitetet i Oslo.

PORTO EDITORA – euro-africano no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-09-27 12:35:40]. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/euro-africano

RODRIGUES, C. (1992). Empréstimos, Estrangeirismos e suas Medidas. Departamento de Letras Modernas - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. Revista Alfa, São Paulo, V.36, pp. 99-109.

ROSENDAL, T. (2009).Linguistic markets in Rwanda: language use in advertisements and on signs. Journal of Multilingual and Multicultural Development, 30: 1, 19- 39

SEBBA, M. (2010). Review of linguistic landscapes: A comparative study of urban multilingualism in Tokyo. Writing System Research, 2:1, pp. 73-76.

SEIDLHOFER, B. (2007). English as a lingua franca and communities of practice. In Sabine Volk-Birke and Julia Lippert (eds.), Halle 2006. Proceedings (pp. 307–18). Trier: Wissenschaftlicher Verlag.

SEIDLHOFER, B. (2011). Understanding English as a Lingua Franca. Oxford University Press, Oxford.

SCOLLON, R.; SCOLLON, S. W. (2003). Discourses in Place: Language in the Material World. London: Routledge.

SENGO, A. (2010). Processos de enriquecimento do léxico do português de Moçambique. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto para obtenção do grau de Mestre em Linguística Maputo, Porto Universidade do Porto.

SIMONE, R.S. & SANVECA L. (2017). A língua portuguesa e o hibridismo linguístico em Moçambique: o caso da Universidade Pedagógica. Universidade Pedagógica de Moçambique – pelos mares da língua portuguesa. UA Editora.

SHOHAMY, E. G. (2006). Language Policy: Hidden Agendas and New Approaches, New York, NY: Routledge,

TIMBANE. A. A. (2009). O Ensino da língua portuguesa na 1ª classe num contexto sociolinguístico urbano: o caso da cidade de Maputo. 2009, Universidade Eduardo Mondlane, MA thesis.

TIMBANE, A. A. (2018). A Variação Linguística do Português Moçambicano: uma Análise Sociolinguística da Variedade em Uso. Revista Internacional Em Língua Portuguesa, (32), 19–38. https://doi.org/10.31492/2184-2043.RILP2017.32/pp.19-38.

THOMASON, S. (2001). Language Contact. Edinburgh: Edinburgh University Press, Great Britain.

UNESCO. (1953).The use of vernacular languages in education. Monographs on fundamental education – VIII. Paris: UNESCO.

Downloads

Publicado

02-01-2023

Como Citar

Feluane, M. H. C. (2023). A influência da língua inglesa na comunicação e na construção de uma variedade moçambicana do Português: The influence of English language in communication and construction of Mozambican variety of Portuguese. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 3(1), 185–208. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/957