Os escritores africanos têm muito a dar: entrevista com o escritor guineense Amadú Dafé
Scritoris africanos tene tchiu pa da: intrevista ku skritor guineense Amadu Dafe
Palavras-chave:
Literatura, Cultura, Literatura guineense, LínguasResumo
Em junho de 2019, o escritor guineense Amadú Dafé passou por duas cidades universitárias alemãs para apresentar as suas obras Magarias (2017) e Ussu de Bissau (2019). A itinerância literária foi promovida pelos Leitorados do Instituto Camões das Universidades de Heidelberg e Leipzig. Amadú Dafé, numa entrevista com Rosa Rodrigues, a Leitora da Universidade de Heidelberg, fala sobre os seus primeiros dois romances e o seu fascínio pelas histórias tradicionais que ele ouvia contar em criança, histórias sobre feiticeiros, djambakus, pauteros e irans, e que o inspiraram a escrever os primeiros contos. Após cinco anos no exterior, viu colidir a própria cultura “com uma realidade externa, que fraturou a sintonia entre a minha cultura e a minha consciência”, conforme diz na entrevista, e que o levou a ultrapassar uma fronteira significativa e enveredar num caminho que o estão a tornar num contador de histórias. Ambos os livros passam-se num mundo extraordinário, pouco acessível a um leitor europeu, caracterizado por uma diversidade e multiplicidade de culturas – instituições tradicionais, régulos, famílias, cerimónias, línguas comuns – transversais aos territórios estaduais, criados pelos europeus na segunda metade do século XIX. “A minha vinda para Europa ajudou-me, inclusivamente, a conhecer melhor a minha própria realidade”, diz o escritor Amadú Dafé, que sente uma grande paixão pela língua portuguesa, embora a sua “língua materna (corrente e transversal entre todos) na Guiné seja o crioulo – além dos idiomas étnicos que também são falados nos círculos familiares – e o sistema do ensino é fraco, não permitindo a nenhum guineense, com base apenas no que aprende nas escolas públicas, ter algum domínio do português.” Por haver ainda poucas obras em prosa, é difícil dizer quais são as especificidades da literatura guineense, mas dentro do “contexto globalizado e dos temas do mundo, os escritores africanos têm muito a dar: desde exposições sobre a corrupção, teorias de conspiração que envolvem organismos multinacionais e internacionais, os novos modelos de domínio e subjugação que vieram substituir a colonização, as alterações climáticas e seus impactos, a preservação de espécies e do ambiente, e por aí.”
***
Na junho di 2019, skritor guinensi Amadú Dafé pasa pa dus cidadis di universidadi di Alemanha pa apresenta si dus obras Magarias (2017) ku Ussu di Bissau (2019). Eventu promovidu pa leiduris di institutu Camões di Universidadis di Heidelberg ku Leipzig. Amadú Dafé, na intrivista ku Rosa Rodrigues, Leidur di Universidadi di Heidelberg, i fala sobri si purmerus dus romansis ku manera ki gosta di historias di tradison ki ta obi ba odjal mininu, historias di futserus, djambakus, pauterus ku irans, i kilas ku fasil skirvi purmerus kontus. Dipus di sinku anus fora di si tera i compara si kultura ku “manera di vivi di djintis di fora i odja ligason entri si kultura ku si pensamentu”, suma ki fala na intrivista, kila ku djudal na torna un bon kontadur di historias. Tudu dus livrus pasa na un mundo ki un bocadinhu fasil pa um leidur europeu, pabia i tene manga di culturas diferentis – lugaris di tradison, regulus, familias, sirmonias, linguas ku tudo djintis kunsi, - ku pertensi teritorius europeus i kiriadu pa elis na metadi di seculu XIX. “ Nha bin pa Europa djudan na kunsi mindjor nha realidadi” Amadú Danfé fala i gosta tchiu de lingiua purtuguis, “embora si lingua ki aprendi desdi ki padidu i kriol – fora di linguas di si etnias ku ta papiadu na si familias – i manera di sina fraku ki kata djuda pa nin un guinensi pudi purtuguis diritu so ku ke ki ta sinadu na skola di stadu”. Suma i ten inda pukus obras di prosa i dificil fala kal ki arias di literatura guinensi, ma si bu djubi pa “forma geral buta nota kuma skirbiduris guinensis tene tchiu kussa pa da: Desdi si forma di skirbi sobri kurupson, tiorias di kurumpi ku organizasons de utros paisis ta sta, asin suma nobus maneras ki toma lugar di colonizason, mudansa di clima ku kusas ku ita kausa pa djuda privini rasas di limarias ku ambienti, ku utros kusas.”
Downloads
Referências
RODRIGUES, Rosa . Os escritores africanos têm muito a dar: entrevista com o escritor guineense. Njinga & Sepé: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras. São Francisco do Conde (BA), v.1, nº 2, p.386-403, jul./dez. 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
1.Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. A Revista usa a Licença CC BY que permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
2.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório digital institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal, nas redes sociais) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Trata-se da política de Acesso Livre).