Ovindjomba e olundongo: trafegando entre as danças nyaneka e a cena
Ovindjomba nolundongo: okutunda povinyano viovanyaneka okwenda mocila co teatro
Palavras-chave:
Ovindjomba, Olundongo, Nyaneka, BimphadiResumo
No presente artigo levou-se a cabo um estudo de campo que teve como objectivos centrais descrever e analisar as estruturas das danças nyaneka, a saber: ovindjomba e olundongo. Os nyaneka são povos do Sudoeste de Angola que se dedicam principalmente à criação de gado e agricultura. A dança ovindjomba é executada em momentos de alegria do quotidiano e em momentos de festejo seguintes a rituais de passagem. Já o olundongo, é ambivalente, feito tanto em momentos de alegria como também acontece em ocasiões fúnebres, em especial quando falece um mais velho. No presente estudo apenas olhou-se para o olundongo na sua vertente festiva. Do ponto de vista metodológico, foram feitas filmagens das danças em duas localidades de Quipungo, província da Húila, áreas pertencentes aos subgrupos nyaneka e handa, cujos vídeos foram exibidos a pessoas identificadas como nyaneka noutras regiões da província da Huíla e Cunene; a intenção da exibição dos vídeos era saber se as danças tinham uma dimensão global entre os subgrupos nyaneka, o resultado obtido foi o reconhecimento com os mesmos nomes das danças, excepto na região pertencente ao subgrupo nkhumbi (Cunene). Estabeleceu-se uma ponte entre as danças nyaneka e a prática cénica desenvolvida pelo Bimphadi, grupo angolano de pesquisa em artes cénicas, radicado em Luanda, onde o autor trabalha como actor-pesquisador. A intenção desse trânsito é de ver como trabalhos contemporâneos nas artes cénicas, seja no campo da criação ou ensino, podem se valer das formas de espectáculo anteriores àquelas que nos foram legadas pelo imperialismo e colonialismo ocidentais. A pesquisa constitui-se como pioneira, pois que ovindjomba quanto olundongo nunca mereceram uma atenção especializada em termos de pesquisa como aconteceu com os jogos de combate nyaneka. Tanto ovindjomba como o olundongo existem nos ovimbundu, grupo étnico vizinho dos nyaneka. No entanto, esta pesquisa não abrangeu os ovimbundu.
***
Omukanda owu utanga eci caama kovinyano viovanyaneka, ovindjomba nolundongo, ovilinga viaco viahimbikila mokuvitala povanyaneka aveho. Ovanthu ava tutumbula nyaneka ovahona nonongundja viomepia vakala kombwelo yomalio yo Angola. Ovindjomba vinyanwa pohambu no povicite viokupotolua. Olu olundongo lunyanwa povicite no pononambi viovakula vandamba. Pomukanda owu olundongo lwatangua olwo povicite, lwonambi lwasalako. Okupopia eñeni viahonekwa momukanda owu viatangua, ovianyano evi viakatulua ono’vídeo povilongo vivali vioko’Cipungu, ko Wila, pakala ovahanda no vanyaneka, vialekesua ovanyaneka vokovilongo vikwavo, vo mo Wila no Kunene, apo citalue hine ovianyano evio vinyanua kovanyaneka aveho, okupolapo ovankhumbi, ovanthu ovo aveho vaimbuka ovinyano ovio, ngwe omanduko aco vevitumbula hayo. Okutunda povinyano ovio cikatavelua ko cila co mo teatro co Bimphadi, momphangu mutangua ovinyano, ko Luanda, omu muundapa umosoneki womukanda owu. Twahambahamba okutonda konyano ovio okwenda mo Bimphadi, mokutaindja oñgeni cipondolua okuhivilika ovinyano vietu, vina ovinkhulu kwevi viaetua na cikolonya. Catangwa apa oncimbi, catangwakovala evinyano viovanyaneka viokwlua. Ovindjomba nolundogo vili no kovimbundu, powie waco opo, omukanda owu kautange caama kovimbundu.
Downloads
Referências
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Engolo e capoeira: jogos de combate étnicos e diaspóricos no Atlântico Sul. Tempo, v. 26, n. 3, set./dez, 2020, p. 522–556. Disponível em: https://doi.org/10.1590/TEM-1980-542X2020v260302. Acesso em: 19 abril. 2023.
AZEVEDO, José Manuel de. A colonização do sudoeste angolano: do deserto do Namibe ao planalto da Huíla (1849-1900). Tese (Doutoramento em Fundamentos da Investigatição Histórica) – Universidade de Salamanca, Salamanca, 2014.
DESCH-OBI, T. J. Fighting for honor: the history of african martial traditions in the Athlantic World. Carolina: University of South Carolina Press, 2021.
DIAS, Domingos; COSTA, Cecília; PALHARES, Pedro. Sobre as casas tradicionais de pau-a-pique do grupo étnico Nyaneka-nkhumbi do Sudoeste de Angola, Revista Latinoamericana de Etnomatemática, v. 8, n. 1, fev./maio, 2015, p. 10- 28. San Juan de Pasto, Colombia. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=274038612002. Acesso em: 2 de abril. 2022.
DUMAS, Alexandra Gouvêa. Nomear é Dominar? Universalização do teatro e o silenciamento epistêmico sobre manifestações cênicas afro-brasileiras. Rev. Bras. Estud. Presença, Porto Alegre, v. 12, n. 4, e121806, 2022. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/presenca. Acesso em: 19 fev. 2023.
LIGIÉRO, Zeca. O Conceito de “motrizes culturais” aplicado às práticas performativas afro-brasileiras. R. Pós Ci. Soc. v. 8, n. 16, jul./dez. 2011. Disponível em: http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/article/view/695. Acesso em: 17 mar. 2023.
LUNONO, Paulino Tchiloia Bimba. Corporeidade materna: um conto da trajectória pessoal e reflexões sobre o corpo em arte. Projecto de Dissertação (Mestrado em Artes Cénicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.
LUNONO, Tchiloia et al. O teatro angolano: o Bimphadi e o seu processo de (re)criação. In: BRONDANI, Joice Aglae; HADERCHPEK, Robson Carlos; ALMEIDA, Saulo Vinícius (Org.). Práticas decoloniais nas artes da cena 2. São Paulo: Giostri, 2022. p. 227-248.
MELO, Rosa. Identidade e género entre os handa no sul de angola. 1. ed. Luanda: Nzila, 2005.
PAXE, Abreu Castelo Vieira dos. A migração fractal do provérbio: práticas, sujeitos e narrativas entrelaçadas. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.
SANTOS, Inaicyra Falcão dos. Corpo e ancestralidade: uma proposta pluricultural de dança-arte-educação. 4. ed. Salvador: Editora da UFBA, 2002.
SARR, Felwine. Afrotopia. Paris: Éditions Philippe Rey, 2016.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
1.Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. A Revista usa a Licença CC BY que permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
2.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório digital institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal, nas redes sociais) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Trata-se da política de Acesso Livre).