Arandir: o anti-herói subalterno brasileiro
Arandir: o anti-erói subalterne bresilere
Mots-clés :
Literatura, Performatividade, Masculinidades, Colonialismo, Subalternização.Résumé
.
O presente texto pretende debater sobre as contribuições da obra “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues, na explicitação da representação da identidade masculina homogeneizada e subalternizada brasileira. A referida obra, de 1961, apresenta o herói Arandir como vítima da sociedade e do Estado brasileiro. Em um ato de solidariedade, Arandir beija um rapaz que fora atropelado e logo este ato é transformado, pela mídia e pela Polícia, em um ato homossexual, o que culmina no assassinato de Arandir pelo sogro, que lhe desejava. Em sua jornada heroica, Arandir é descredibilizado, hostilizado por todos ao seu redor e se vê vítima - sem ação - das circunstâncias criadas pelos dois grandes eixos de poder no Brasil: mídia e aparato opressor estatal. Sua masculinidade é contestada pelo “excesso” de empatia pelo Outro e seu corpo é objeto de desejo reprimido, marca estrutural da misoginia racista que se perpetua no Brasil. Por meio da ferramenta da analética, proposta pelo pensador decolonial Enrique Dussel, pretende-se apontar semelhanças e distinções entre Arandir e Hamlet, o herói clássico da modernidade eurocêntrica. Buscar-se-á demonstrar como Arandir insere-se como personagem da modernização brasileira do século XX em posição subalterna, se contraposta a Hamlet, portador da verdade e da virtude eurocêntrica, construído no século XVI, momento inaugural dos processos de colonização das Américas. A escolha por Hamlet deve-se ao fato de que a neocolonização norte-americana utiliza como principal instrumento a indústria do entretenimento, que contribui para a formação do imaginário, perpetuando a posição subalterna das identidades construídas.
***
Ese textu te pretendê debatê sobre Kontribuisão da ôbra “O Beiju nu Asfaltu”, de Nelson Rodrigues, ne explisitasão de reprezentasão de identidede maskulina omogeizada bresilera. Ese ôbra, de 1961, te apresentá o erói Arandir Kome vítima de sosiedede i de Estôde bresilere. Ne un atu de solidariedede, Arandir te beijá un repez ke fôra atropelode i logu es atu foi transformode, pe mídia y Polícia, ne un atu omosexual, o k te kulminá ne assassinatu de Arandir pe sê sogre, k tava dezegel. Ne sê jornada eróika, Arandir é deskredebilizode, ostilizode pe tude jente ne sê redore e ke te oiel Kome vítima. – sen asão – de sirkunstânsias kriode pej doij grendes eixus de puder ne Bresil: mídia i aparatu opressor estatal. Sê maskulinidede é konstestóde pe “exsesu” de empatia pelu Outru i sê Korpu é objetu de dezeje reprimidu, marka extrutural de misogonía resista ke te ti te perpétuá ne Bresil. Pur mei de ferramenta de analétika, proposta pelu pensador dekolonial Enrique Dussel, te pretendê apontá semelhansas i distinsões entre Arandir i Hamlet, o erói klássiku de modernidede eurosêntrika. Te buská demonstrá komu Arandir te inserí komu personagem de modernizasão bresilera du sékulo XX en oposisão subalterna, sê kontraposta a Hamlet, portador de verdede e de virtude eurosêntrika, konstruídu ne sékulu XVI, momentu inaugural dos prosesus de kolonizasão das Américas. Es eskolha pe Hamlet devê ao fatu de ke a neokolonizasão norteamerikana te utilizá komu prinsipal instrumentu a indústria du entretenimentu, ke te kontribuí pe formasão du imaginaríu, perpetuandu a pozisão subalterna de indentidedes konstruídas.
Téléchargements
Références
Busato, L; Tomaz, R. (2016). Do clássico ao moderno: o herói na tragédia shakespeariana e rodriguiana. Disponível em: <https://cadernopaic.fae.emnuvens.com.br/cadernopaic/article/view/222/183>. Acesso em: jul. 2019.
Dussel, E. D. (1977). Filosofia da Libertação na América Latina. Trad. L. J. Gaio. São Paulo: Edições Loyola.
Dussel, E. D. (1993). 1492: O encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade: conferências de Frankfurt. Trad. J. A. Clasen. Petropolis, RJ: Vozes.
Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. Trad. R. da Silveira, Salvador: EDUFBA.
Gonzáles, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. (1998). In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, nº. 92/93 (jan./jun.), p. 69-82.
Heliodora, B. (2013) Caminhos do teatro ocidental. Rio de Janeiro: Editora Perspectiva.
Hobbes de Malmesbury, T.(2003). Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. J. P. Monteiro; M. B. N. da Silva. São Paulo: Martins Fontes.
Locke, J. (1998). Dois tratados sobre o governo. Trad. J. Fisher. São Paulo: Martins Fontes.
Maldonato-Torres, N. (2008). A topologia do Ser e a geopolítica do conhecimento. Modernidade, império e colonialidade. Trad. Ferreira, I. M. Revista Crítica de Ciências Sociais, v.1, n.80, p. 71-114.
Marx, K.; Engels, F. (2001). Manifesto comunista: 1848. Trad. S. T. B. Cassal. Porto Alegre: L & PM.
Quijano, A. (2005). Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: Lander, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais – perspectivas latino-americanas. Cuidad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO. (Colección Sur Sur). p. 107-129.
Rodrigues, N. (1961) O beijo no asfalto: tragédia carioca em três atos. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.
Shakespeare, W. (1997). Hamlet. Trad. M. Fernandes. L & PM Pocket.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés NJINGA&SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras 2023
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Pas de Modification 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les conditions suivantes:
Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, l'œuvre étant simultanément concédée sous licence Creative Commons Attribution License, qui permet le partage de l'œuvre avec reconnaissance de la paternité de l'œuvre et publication initiale dans ce magazine.
Les auteurs sont autorisés à assumer séparément des contrats supplémentaires, pour la distribution non exclusive de la version de l'ouvrage publié dans cette revue (par exemple, publication dans un référentiel institutionnel ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la paternité et publication initiale dans cette revue.
Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leurs travaux en ligne (par exemple dans des référentiels institutionnels ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des changements productifs, ainsi que citation des travaux publiés (voir l'effet du libre accès).