A representação da cidade de Luanda e o reconhecimento da identidade angolana, em Nós, os do Makulusu, de José Luandino Vieira
The representation of the city of Luanda and the recognition of the Angolan identity, in Nós, os do Makulusu, by José Luandino Vieira
Mots-clés :
Luanda, Memória, Identidade, Hibridismo CulturalRésumé
Este texto objetiva discutir a representação da cidade de Luanda, a partir da obra Nós, os do Makulusu (1974), de José Luandino Vieira. A narrativa, que se passa nos anos da guerra da independência, evidencia a capital angolana marcada pela dor, preconceito, tristezas e injustiças advindos do processo de colonização e da consequente guerra. O estudo parte da ideia de que a angústia do personagem Mais-Velho diante da morte do irmão e a maneira com que ele rememora a alegria e ingenuidade de sua infância e adolescência são refletidos na sua dificuldade em se reconhecer e se encontrar naquele lugar. Desta forma, pretende-se estudar a representação literária da capital angolana, cujas marcas do período colonial estão registadas tanto nas ruas, avenidas e monumentos, como na maneira de pensar e agir dos personagens e nas manifestações que contribuíram para a formação de um hibridismo cultural, em que se cruzam elementos da cultura portuguesa e angolana. Além disso, intenta-se relacionar a configuração da cidade com os dramas vivenciados pelo protagonista, cuja peregrinação pelas ruas de Luanda é ao mesmo tempo uma forma de reconhecimento da cidade e da sua identidade angolana.
***
This text aims to discuss the representation of the city of Luanda, based on the book Nós, os do Makulusu (1974), by José Luandino Vieira. The narrative, which takes place in the years of the independence war, highlights the Angolan capital marked by pain, prejudice, sadness and injustice arising from the colonization process and the consequent war. The study is based on the idea that the anguish of the Mais-Velho character before the death of his brother and the way he recalls the joy and naivety of his childhood and adolescence are reflected in his difficulty in recognizing and finding himself in that place. In this way, we intend to study the literary representation of the Angolan capital, whose marks of the colonial period are registered both in the streets, avenues and monuments, as well as in the way of thinking and acting of the characters and in the manifestations that contributed to the formation of a cultural hybridity, in which elements of Portuguese and Angolan culture intersect. In addition, an attempt is made to relate the configuration of the city with the dramas experienced by the protagonist, whose pilgrimage through the streets of Luanda is at the same time a form of recognition of the city and its Angolan identity.
Téléchargements
Références
Abdala Jr, B. (2000). Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa: perspectiva político-culturais. Revista Metamorfoses. Nº 1, CJS/UFRJ. Edições Cosmos e CJS.
Augè, M. (2013). Não lugares: introdução a uma antropologia da sobre modernidade. Lisboa: 90 Graus.
Chaves, R. (1999). A formação do romance angolano: entre intenções e gestos. São Paulo: Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa.
Fanon, F. (1968). Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização brasileira.
Hall, S. (2003). A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 3.ed. Rio de Janeiro: DP&A.
Loureiro, L. S. (1996). A cidade em autores do primeiro modernismo – Pessoa, Almada e Sá-Carneiro. Lisboa: Editorial Estampa.
Macêdo, T. (2008). Luanda, cidade e literatura. São Paulo: UNESP.
Padilha, L. C. (2008). Literatura angolana, suas cartografias e seus embates contra a colonialidade. In: Padilha, L. C. & Ribeiro, M. C.(Org.). Lendo Angola. Porto: Afrontamento, pp. 57-73.
Pesavento, S. (2007). Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginadas.Revista Brasileira de História, vol. 27, nº 53, p. 11-23. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882007000100002 Acesso em: 22 ago.2018.
Porto, A. P. T. (2015). Cultura e Literatura africana de Angola: diálogos ininterruptos. Prânkis - Revista do ICHLA. Ano XII, vol 1, Editora Feevale. p. 9-15.
Santilli, M. A. (1985). Africanidade. Contornos literários. São Paulo, Ática.
Soja, E. W. (1993). Geografias pós-modernas. Rio de Janeiro: Zahar.
Tally Jr., R. T. (2013). Spatiality. London: Routledge.
Vieira, J. L. (2008). Nós, os do Makulusu. Lisboa: Biblioteca Editores Independentes.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés NJINGA&SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras 2023
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Pas de Modification 4.0 International.
Les auteurs qui publient dans cette revue acceptent les conditions suivantes:
Les auteurs conservent le droit d'auteur et accordent à la revue le droit de première publication, l'œuvre étant simultanément concédée sous licence Creative Commons Attribution License, qui permet le partage de l'œuvre avec reconnaissance de la paternité de l'œuvre et publication initiale dans ce magazine.
Les auteurs sont autorisés à assumer séparément des contrats supplémentaires, pour la distribution non exclusive de la version de l'ouvrage publié dans cette revue (par exemple, publication dans un référentiel institutionnel ou en tant que chapitre de livre), avec reconnaissance de la paternité et publication initiale dans cette revue.
Les auteurs sont autorisés et encouragés à publier et distribuer leurs travaux en ligne (par exemple dans des référentiels institutionnels ou sur leur page personnelle) à tout moment avant ou pendant le processus éditorial, car cela peut générer des changements productifs, ainsi que citation des travaux publiés (voir l'effet du libre accès).