Reverberações: narração oral, patrimônio e tradição oral em Cabo Verde
Ku twala: ku hlamusela hi nomu, ndzhaka na ndhavuko wa nomu eCape Verde
Mots-clés :
Práticas artísticas, Oralidade, Salvaguarda PatrimonialRésumé
A centralidade das tradições orais para a (re)constituição histórica e patrimonial das culturas, ainda que inegável, é matéria cujos desdobramentos contemporâneos transitam entre os universos acadêmico, artístico, cultural e político. Embora a designação das “Tradições e expressões orais” enquanto Patrimônio Cultural Imaterial sob a ótica da UNESCO (2003) tenha fomentado uma série de iniciativas políticas cujos objetivos centralizam-se na salvaguarda e recuperação das cadeias de transmissão de tais conhecimentos, diferentes práticas artísticas e performáticas também têm desempenhado um importante papel na conscientização de populações e na recolha cientificamente orientada de repertórios. Este artigo dedica-se à reflexão acerca do papel de práticas artísticas, em especial a narração oral e o teatro, na salvaguarda e recuperação de tradições orais, com especial atenção para as narrativas tradicionais de suporte memorial. Os dados apresentados enquadram-se em investigação etnográfica realizada em Cabo Verde, e foram recolhidos por meio de metodologias diversas como entrevistas, observação participante e análise bibliográfica. Alicerçado pelos Estudos do Patrimônio e pela Antropologia, o raciocínio apresentado tratará da problematização da circulação de repertórios tradicionais em contextos artísticos, pedagógicos e performáticos com o objetivo de potencializar a discussão acerca da salvaguarda do patrimônio em questão no contexto comunicacional contemporâneo, para além de fronteiras e políticas institucionais.
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Ku va exikarhi ka mindhavuko ya nomu eka matimu na vumbiwa bya ndzhaka (re)constitution ya mindhavuko, hambi leswi swi nga kanetekiki, i mhaka leyi nhluvukiso wa yona wa manguva lawa wu hundzaka exikarhi ka vuako bya dyondzo, vutshila, ndhavuko na tipolitiki. Hambi leswi ku hlawuriwa ka “Ndhavuko na swivulavulelo swa nomu” tanihi Ndzhaka ya Ndhavuko leyi nga Khomekiki ku suka eka mavonelo ya UNESCO (2003) swi kurisile nxaxamelo wa migingiriko ya tipolitiki leyi swikongomelo swa yona swi nga exikarhi eku hlayiseni na ku vuyisa tinketana ta ku hundziseriwa ka vutivi byo tano, maendlelo yo hambana ya vutshila na Matirhelo vutshila byi tlhele byi tlanga xiave xa nkoka eku tlakuseni ka vutivi eka vaaki na le ka nhlengeleto wa ti-repertoire lowu kongomisiweke eka sayense. Atikili leyi yi nyiketeriwile ku anakanyisisa hi xiave xa maendlelo ya vutshila, ngopfungopfu ku hlamusela hi nomu na theatre, eku hlayiseni na ku vuyisa mindhavuko ya nomu, hi ku tekela enhlokweni ngopfu switlhokovetselo swa ndhavuko swa xitsundzuxo. Data leyi nyikiweke i xiphemu xa vulavisisi bya ethnographic lebyi endliweke eCape Verde, naswona yi hlengeletiwile hi tindlela to hambana to fana na mimbulavurisano, ku langutisisa vatekaxiave na nxopaxopo wa bibliyografiki. Hi ku seketeriwa hi Dyondzo ya Ndzhaka na Ntivo-vutomi, ku anakanya loku nyikeriweke ku ta tirhana na ku va na swiphiqo swa ku hangalasiwa ka tirhepertori ta ndhavuko eka swiyimo swa vutshila, swa dyondzo na swa vuyimbeleri hi xikongomelo xo ndlandlamuxa mbulavurisano mayelana na ku hlayisa ndzhaka leyi ku vulavuriwaka hi yona eka xiyimo xa vuhlanganisi bya manguva lawa, ku tlula mindzilakano na tipholisi ta nhlangano.
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