A transformação social do espaço urbano e a criminalidade na Cidade de Maputo: um olhar sobre o bairro de Magoanine “C”
Palabras clave:
Transformação social, Espaço urbano, Criminalidade, MoçambiqueResumen
O artigo aborda a transformação social do espaço e a criminalidade na Cidade de Maputo, tomando como espaço de análise o bairro de Magoanine “C”. A transformação social do espaço compreende ao conjunto de alterações sociais que ocorrem no meio urbano ou rural caracterizado pelas interacções humanas quer dentro ou fora da família. Para sua elaboração recorreu-se à abordagem mista concomitante, isto é, a combinação das abordagens qualitativa (administração de entrevistas aos informantes-chave e análise documental) e quantitativa (administração de questionários aos chefes de agregados familiares). Assim, subentende-se que a transformação social do espaço no bairro de Magoanine “C” constitui a continuidade das alterações que ocorrem na Cidade de Maputo, caracterizadas por um fraco ordenamento do território e pelas desigualdades sociais que nela se registam. A tal transformação contribui para a erosão dos valores morais nos residentes, que se manifesta pela falta de compreensão e valorização do “Outro”. Para além do deficiente ordenamento do espaço, a criminalidade resulta também da fraca coesão familiar, da desintegração das redes de solidariedade na vizinhança e das desigualdades sociais.
Descargas
Citas
AMMERING, U. Morar nos bairros suburbanos de Maputo: Livelihoods e a implementação do planeamento local. Economia, Política e Desenvolvimento. Revista Científica Inter-Universitária. v.1, nº 3, p.25-48, 2010.
ANTUNES, J. Geografia. Lisboa: Plátano Editora,1999.
ARAÚJO, M.G.M. Cidade de Maputo. Espaços contrastantes: Do urbano ao rural. Finisterra, Maputo, XXXIV, nº 67-68, p. 175-190, 1999.
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. 8.ed. Trad. de Miguel Serras Pereira. Lisboa, 2007.
BERTELSEN, B. E. e Chauque, A. Resumo de Políticas III: Crime e segurança em Maputo, Moçambique. CMI BRIEF, v. 14. nº 3. 2015.
BILÉRIO, F. B. A urbanização e a criminalidade em Maputo: Caso do Bairro de Magoanine “C” (2000-2014). pp. 90. Dissertação do Mestrado em Ciências Policiais, Michafutene, Academia de Ciências Policiais.
BRÁS, E. (2011). Reflexões sobre o papel das cidades no desenvolvimento em Moçambique. em Teles et al. (2011) (Org.), Mosaico Sociológico. Departamento de Sociologia da Universidade Eduardo Mondlane. Editora: CIEDIMA. Maputo, 2011.
BRITO, L. (2019). A Frelimo, o marxismo e construção do Estado Nacional: 1962-1983. Maputo: IESE.
BRYM, R. et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. 2.ed. São Paulo: Thomson Pioneira, 2006.
CANHANGA, N. Os desafios da descentralização e dinâmica da planificação na configuração de agendas políticas locais.Conferência Inaugural do IESE: «desafios para a investigação social e económica em Moçambique». IESE. II Conferência, Maputo, 2007.
CHAVANE, X. A. Mobilidade residencial e dinâmicas da reprodução da pobreza na Cidade de Maputo. II Conferência do IESE, Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação em Moçambique, Maputo, 22 a 23 de abril, 2009.
CARLOS, A. F. A (re)produção do espaço urbano. São Paulo: Edusp,1994.
COSTA, A. B. da e RODRIGUES, C. Estágios de estratégias de sobrevivência e de reprodução social de famílias de bairros peri-urbanos de Luanda e Maputo: um olhar antropológico. Editora: Centro de Estudos sobre África e o Desenvolvimento (CEsA) do ISG. Estudo de desenvolvimento nº 7. Lisboa, 2002.
DURKHEIM, E. O suicídio. São Paulo: Matin Claret, 2012.
FORATTINI, O. P. Qualidade de vida e meio urbano. A cidade de São Paulo, Brasil. São Paulo. Rev. Saúde públ. nº 25, nº2, p. 75-86, 1991.
GARLAND, D. A cultura de controle: crime e ordem social na sociedade contemporânea. Trad. de André Nascimento. Rio de Janeiro: Revan, 2008.
GOTTFREDSON, M. R.; HIRSCHI, T. A general theory of crime. Stanford University. 1990.
LEFÈBVRE, H. The production of space. Trad. Donald Nicholson-Simith. London: Blacwell, 1991.
DIAS, R. Introdução à Sociologia. 2.ed. Pearson Prentice Hall: São Paulo.
LOURENÇO, N. Sociedade Global, Segurança e Criminalidade. Instituto de Direito e Segurança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa. Lisboa, 2013.
LOPES, C. A economia de Luanda e Maputo: olhares cruzados. Editora: Centro de Estudos sobre África e o Desenvolvimento (CEsA) do ISG. Estudo de desenvolvimento nº 7. Lisboa, 2002.
LOFORTE, A. Um perfil das crianças da rua em Maputo. Maputo. Editora Blobal.1989.
LIMA, J. A. de. Teorias sociológicas sobre a criminalidade: análise comparativa de três teorias complementares. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, nº 2. v.38, pp.215-232, jul./dez. 2017.
INE. Recenseamento Geral da População e Habitação.Maputo: INE, 2017.
MALOA, J. M. Mudanças na Criminalidade urbana Moçambicana. Revista do Laboratório de estudo de violência da UNESP/Marília. Edição 21- Maio, pp. 61-77, 2018.
MALOA, J. M. O Impacto da Criminalidade Urbana em Moçambique. Revista do Laboratório de estudo de violência da UNESP/Marília. Vol.16, p. 99-118, 2015.
MAPUTO. Resolução nº 71/AM/2011. Imprensa Nacional: Maputo, 2011.
MAPUTO. Planos Parciais de Urbanização de alguns bairros. Maputo: Imprensa Nacional, 2010.
MARAFON, G. J. O espaço urbano: a abordagem da Escola de Chicago e da Escola Marxista. Ciência e Natura, Santa Maria, nº 18, pp. 149-181, 1996.
MAPUTO. Plano de Estrutura urbana do Município de Maputo. Maputo: Imprensa Nacional, 2008.
MOÇAMBIQUE. Lei do Ordenamento do Território. Maputo: Imprensa Nacional, 2007.
MOÇAMBIQUE. Regulamento do Solo Urbano. Maputo: Imprensa Nacional, 2006.
MOÇAMBIQUE. Lei de Terras. Maputo: Imprensa Nacional, 1997.
MUANAMOHA, R. C. Dinâmicas do crescimento populacional no período pós-independência em Maputo. Lisboa: Centro de Estudos sobre África e o Desenvolvimento (CEsA) do ISG. Estudo de desenvolvimento nº 7, 2002.
MUBARAK, R. (2016). A Criminologia e a Criminalística contemporâneas."Os desafios do jurista na justiça criminal: Teorias universais e práticas Moçambicanas. Beira: Ciedima/CEP-ISCTAC., 2016.
NEGRÃO, J. (2003). A propósito das relações entre as ONGs do norte e a sociedade civil Moçambicana. Disponível em: http://www.sarpn.org.za/documents/d0000650/P662-Relacoes.pdf, Acesso em: 22 fev. 2016.
NGOENHA, S. Identidade moçambicana: já e ainda não. In: SERRA, Carlos (Dir.). Identidade, moçambicanidade, moçambicanização. Universidade Eduardo Mondlane, 1998, p.17-34.
OPPENHEIMER, J. e RAPOSO, I. A cooperação direccionada para os grupos vulneráveis no contexto da concentração urbana acelerada Maputo. Lisboa: Centro de Estudos sobre África e o Desenvolvimento (CEsA) do ISG. Estudo de desenvolvimento nº 7, 2002.
OPPENHEIMER, J. e RAPOSO, I. Urbanização acelerada em Luanda e Maputo. OPPENHEIMER, J. (2004). Magermanes- os trabalhadores moçambicanos na antiga República Democrática Alemã. VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. A questão social no novo milénio. Coimbra, 16, 17 e 18 de Setembro. Disponível em Desktop/Majerman.jochenoppnhiemer.pdf. Acesso em:14 fev. 2019.
PORTES, A. Capital Social: origem e aplicação na Sociologia Contemporâneo: Sociologia, Problemas e Práticas, nº 33. p. 133-158, 2000.
RAPOSO, I.; SALVADOR, C. (2002). Há diferença: ali é cidade, aqui é subúrbio, urbanidade dos bairros, tipos e estratégias de habitação em Maputo e Luanda. Lisboa: Centro de Estudos sobre África e o Desenvolvimento (CEsA) do ISG. Estudo de desenvolvimento nº 7, 2002.
REISMAN, L. e LALÁ, A. Avaliação do crime e Violência em Moçambique: Recomendações para a redução da violência. Open Society Foundations Crime and Violence Prevention Initiative (OSF CVPI) & Open Society Initiative for Southern Africa (OSISA). Maputo, s/e. 2012.
RODRIGUES, C. U. Recomposição social e urbanização em Luanda. Lisboa: Centro de Estudos sobre África e o Desenvolvimento (CEsA) do ISG. Estudo de desenvolvimento nº 7. 2002.
SANTOS, M. A. F. Abordagens científicas sobre as causas da criminalidade violenta: uma análise das teorias da ecologia humana. Revista do Laboratório de estudos de violência da UNESP/Marília. vol. nº 17. Maio. 2006.
SANTOS, L.D. e MARINS, I. A qualidade de vida urbana, o caso da Cidade do Porto. Faculdade de Economia da Universidade do Porto e CEMPRE. Trabalhos em curso nº 116. Porto. 2002.
SIMMEL, G. Sociologia. Organizador da colectânea Evaristo de Moraes Filho. Trad. de Carlos Alberto Pavanelli et. al. São Paulo: Ática, 1983.
SHABANGU, T. A Comparative inquiry into the nature of violence and crime in Mozambique and South Africa. Arcadia: ADASA. 2012.
WIRTH, L. O urbanismo como modo de vida. In: FORTUNA, C. (org.). Cidades, Cultura e globalização. Oeiras: Celta, 2001, pp. 45-65.
VIVET, J. Deslocados de Guerra em Maputo: percursos migratórios. Maputo: Alcance Editores, 2015.
VILLAÇA, F. Efeitos do espaço sobre o social na Metrópole Brasileira. VII Encontro Nacional da ANPUR. Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitectura e Urbanismo. São Paulo. 1997.
ZALUAR, A. Democratização inacabada, fracasso da segurança pública. Estudos avançados. Vol.21, nº61, p. 31-49. 2007.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 NJINGA&SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
Los autores mantienen los derechos de autor y otorgan a la revista el derecho a la primera publicación, siendo el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Licencia de Atribución Creative Commons, que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría del trabajo y la publicación inicial en esta revista.
Se autoriza a los autores a asumir contratos adicionales por separado, para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (p. Ej., Publicación en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
Se permite y se anima a los autores a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y cita del trabajo publicado (Ver El efecto del acceso abierto).