18.A relevância da tradição oral nas sociedades africanas contemporâneas

Unó yúcki shró ondima mersh nghtanka n'da n'si ankry

Autores

  • Nélsio Gomes Correia Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - Brasil

Palavras-chave:

África, Tradição oral, Memorização, Identidades culturais, Sociedade africanas

Resumo

O artigo aborda sobre a relevância da tradição oral nas sociedades africanas contemporâneas. Sendo que, a tradição oral valoriza e preserva as identidades culturais e os conhecimentos africanos. Como memórias do povo, ela permite a nova geração aprender com o passado através dos conhecedores da oralidade. Contudo, é notável que está perdendo hegemonia mas continua sendo importante. Na atualidade, a tradição oral enfrenta muitos obstáculos devido as tensões entre ela e a escrita, também por causa das mudanças impostas ou influenciadas pela modernidade nas sociedades em África. Por isso que, o objetivo deste artigo é mostrar o papel da tradição oral atualmente em África como meio de transmissão dos saberes e preservação das identidades culturais. Em relação ao percurso metodológico deste trabalho, foi baseado a partir de uma revisão bibliográfica onde foi realizado a coleta e análise das informações de outros investigadores pertinentes ao assunto desenvolvido. No decorrer deste processo, entendemos que para conhecer as realidades africanas, é necessário um tratamento cientifico dos dados coletados acerca da importância da tradição oral em África contemporânea a partir da visão dos intelectuais africanos e não apenas, já que essa análise de literatura é um caminho a ser seguido para conhecer as influências ocidentais na tradição oral, uma vez que não é estática e está a sofrer mudanças nas sociedades africanas devido a modernidade. Nos resultados alcançados, percebe-se que, hoje em dia, a tradição oral permite o aprendizado mútuo entre gerações ou camadas sociais diferentes em África. Entretanto, a memorização literal tem muita importância na tradição oral, sendo que é através dela que os mais velhos guardam as informações sobre histórias das suas épocas, dos seus antepassados e depois passam para novas gerações e este processo é contínuo. Finalmente, a tradição oral tem um papel social muito importante atualmente em várias sociedades africanas entendida como uma prática educativa que ensina e preserva as histórias para gerações futuras não perder.

***

Uh tiuhm bih ladô oncont unon onuroy oshry ondima n'dakai shri y tó n'da ankry.

Ondima onday, ôbaph nghuno nghonghi na mindjona nghsi n'da kanghi bani na plipil n'da. Nghuno nghsi si bô temnda banghu, antóm n'da bupngholo na mindjona par p'djuko bô pors n'da, bó baam m'bucko. Nghlonghô kumsar mey na n'da. Nghuno kumsar mey shry tô n'da oncont nghuno nghalo m'ba djauí nghsi bô m'bau. Oncont nghuno minghu, ôh shru n'da ndjê déck banha uhtium si ondima kaby par nghuno n'danghi si tó n'da ulin, oncont p'djucku bopór n'da y ban nghuno n'fironghi. Par p'dol uhtium by, n'da ber banha bô mantir ki y mé na mindjona nghuno n'si ondima. Nghuno n'si n'da tenghi kéro n'da tom p'ladô nabô Yéck n'da, nghshru n'da mé djanan kuma, nghuno si ondima ngh n'dja djudar n'da na plipil shry tô n'dau ulin. Nghuno n'si bô temnda na bô yéck n'da banghy, shru wéne bocko y djukunda, nghuiúck sóck par ondima n'da. Bô Yéck n'da djukunda nghuno si bô menghi nabô nim m'bocko y na botém by shru n'da antom na n'da ba ngholo par bó úck n'da. Par p'tom oladó, ondima ka uhtium uhm balirbi y yúcki shró ontanka n'da, oncont unó miru n'da ka bána na mindjona ó yk burna n'da par bópor bó m'biki bucko uru.

Biografia do Autor

Nélsio Gomes Correia, Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - Brasil

É formado em Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades e licenciando em Sociologia pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB, na cidade de Redenção no Estado do Ceará/Brasil. Atualmente é estudante do programa de Mestrado em Estudos Africanos no ISCTE-IUL em Lisboa/Portugal. Tem interesse em pesquisas com temas relacionados aos Direitos Humanos, Poder Judiciário, Democracia, Cooperação Internacional Norte-Sul e questões de gênero na África.

Referências

BELCHER, Stephen, “Oral Traditions as Sources”, Thomas Spear (ed.), Oxford Research Encyclopedia of African History, Oxford University Press, 2019, disponível em: https://oxfordre.com/africanhistory, acedido em 14 de Setembro de 2019.

BINJA, Elias Justino Bartolomeu. Tradição oral em África: valores, movimento e resistência. Anais do III Seminário Nacional de Sociologia: Distopias dos extremos: sociologias necessárias, 2020.

COOPER, Frederick. “Para que serve o conceito de globalização? Perspectiva de um historiador africano”. In Histórias de África. Capitalismo, modernidade e globalização. Lisboa: Edições 70, 2016, pp. 173-210.

COOPER, Frederik, Colonialism in Question: Theory, Knowledge, History, Berkeley, University of California Press, 2005.

DILLARD, Mary, “Oral History and Life History as Sources”, Thomas Spear (ed.), Oxford Research Encyclopedia of African History, Oxford University Press, 2019, disponível em: https://oxfordre.com/africanhistory, acedido em 14 de Setembro de 2019.

HAMPÂTÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010, p. 167-212.

HAMPÂTÉ BÂ, A. Amkoullel, o menino fula. Trad. Xina Smith de Vasconcellos. São Paulo, Palas Athena/Casa das Áfricas, 2003.

HAMPÂTÉ BÂ, A. A educação tradicional na África. Disponível em: http://www.casadasafricas.org.br/wp/wp-content/uploads/2011/08/A-educacaotradicional-na-Africa.pdf.

HENIGE, David. The Chronology of Oral Tradition: Quest for a Chimera, Oxford,

Clarendon Press, 1974.

JANSEN, Jan, « The Next Generation: Young Griots’ Quest for Authority”, Landscapes, Sources and Intellectual Projects of the West African Past. Essays in Honour of Paulo Fernando de Moraes Farias, Leiden/Boston, Brill, 2018, pp. 297-311.

JANSEN, Jan, DUINTJER, Esger e TAMBOURA, Boubacar (eds.), L’Épopée de

Sunjara d’après Lansine Diabate de Kela (Mali), Leiden, Research School CNWS,

LEITE, Ana Mafalda. Oralidades e escritas pós-coloniais: estudos sobre literaturas africanas. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012.

LOPES, C. (1995). A Pirâmide Invertida-historiografia africana feita por africanos. Actas do Colóquio Construção e ensino da história da África, 21-29.

MANFREDINI, Giulia Aniceski, et al. DIOP, Babacar Mbaye; DIENG, Doudou (Org.). A Consciência Histórica Africana. Luanda: Edições Mulemba da Faculdade de Ciências sociais da Universidade Agostinho Neto, 2014. Revista Cadernos de Clio, 2018, 8.1.

MILLER, Joseph C., “Presidential Address: History and Africa/Africa and History”, The American Historical Review, 104 (1), February 1999, pp. 1-32.

MOBLEY, C. (2018). Fontes documentais e métodos para a história africana pré-colonial. Na Oxford Research Encyclopedia of African History.

MUDIMBE, V. Y. A invenção da África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Edições Pedago Ltda. Março de 2013, p. 9-251.

REID, Richard (2011). Past and Presentism: the ‘precolonial’ and the foreshortening of african history, 52, pp 135-155. Doi: 10.1017 / S0021853711000223.

VANSINA, Jan. Oral Tradition as History, Madison, James Currey Ltd., 1985.

Downloads

Publicado

18-09-2022

Como Citar

Gomes Correia, N. (2022). 18.A relevância da tradição oral nas sociedades africanas contemporâneas: Unó yúcki shró ondima mersh nghtanka n’da n’si ankry. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 2(2), 304–321. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/981

Edição

Seção

Seção IV - Relatos de Experiências, Fotos, Receitas, Tradições e ritos