A persistência ou o uso não oficial de topônimos coloniais na cidade de Maputo, Moçambique

Autores

  • José Jorge Mahumane Universidade Eduardo Mondlane - Moçambique https://orcid.org/0000-0002-1474-521X
  • Joel Maurício das Neves Tembe Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique

Palavras-chave:

Lourenço Marques, Maputo, Toponímia, Colonial, Pós--colonial

Resumo

No contexto da expansão europeia, os portugueses chegaram no território que veio a ser o moderno Moçambique em 1498 cuja evidência, em parte, foi a introdução de topónimos de origem cristã e europeia. A implementação subsequente da administração colonial cristalizou o uso oficial da toponímia atribuída pelos portugueses, mas num cenário de multilinguismo. Em 25 de Junho de 1975, Moçambique proclama a sua independência depois de uma luta armada de libertação nacional contra o regime colonial português, altura em que o novo governo independente procura construir uma “nova nação” com novas identidades consubstanciadas na ideia do “homem novo, livre dos vestígios do colonialismo. Tomando como casos de estudo certos topônimos coloniais e pós-coloniais da cidade de Maputo (antes Lourenço Marques), argumentamos que o novo governo de Moçambique independente usou a mudança da toponímia como forma de apagar os vestígios do colonialismo em lugares estratégicos e de maior visibilidade. Ao mesmo tempo, tolerava os topônimos “apolíticos” ou de menor carga política do período colonial. As mudanças visavam inscrever memórias e identidades ligadas ao passado e ao presente do novo regime. Sustentamos que, nos casos analisados, há a permanência ou o uso não oficial de topônimos ilegais e extintos. Esta questão é abordada à luz da memória, do hábito, e das ações político-estratégicas do governo. Esta comunicação é de natureza qualitativa e se baseia em fontes primárias e secundárias, em entrevistas e observações pessoais. Todas as fontes foram abordadas de forma crítica tendo em conta os objetivos e juízos de valores daqueles que os produziram.

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Biografia do Autor

José Jorge Mahumane , Universidade Eduardo Mondlane - Moçambique

Mestrando em História, pela Faculdade de Letras da Universidade Eduardo Mondlane, Maputo. Pós-graduado em Administração Pública, pelo Instituto Superior de Administração Pública em Maputo. Assistente na Cadeira História das Instituições, na Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane. Director Geral do Instituto de Nomes Geográficos de Moçambique, Antigo Presidente da Divisão dos Países de Língua Portuguesa de Nomes Geográficos (2021-2924). Áreas de interesse: pesquisa e estudos na área de arquivos e toponímia. Última apresentação em eventos acadêmicos: Conferência cientifica “A construção do Estado em África” organizado pela Universidade de Ciência e Tecnologia Joaquim Alberto Chissano, de Maputo, com a comunicação “A toponímia e a construção do estado moçambicano:  o caso da cidade de Maputo, 1975-2010, em Maio de 2024.

Joel Maurício das Neves Tembe, Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique

Doutor em História de África pela SOAS – Universidade de Londres, em 1998. Vice-Reitor para Administração e Recursos na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), desde 2020. Membro do Conselho Universitário da UEM desde 2000. Membro do Conselho Académico da UEM desde 2020. Ex-Director do Arquivo Histórico de Moçambique (1999-2000). Docente da Universidade Eduardo Mondlane desde 1985. Professor de História de África e Moçambique. Ministra disciplinas de História de Moçambique, África e África Austral, Arquivos e Memória, Fronteiras, Mobilidade e Territorialidades, nos programas de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento. Professor visitante e palestrante em universidades no Brazil (Bahia, Minas Gerais, Ouro Preto, S. Luís), Estados Unidos – Boston/TUFTS, Japão, Korea, Zimbabwe, UK-Cambridge, Canadá - Laval. Participa em juris de exames e defesas de teses de Mestrado e Doutoramento em Moçambique e Brasil. Pesquisador no campo da História social e política de Moçambique e África Austral e estudos sobre arquivos e memória, com diversas publicações na área. Salienta-se a co- edição de 9 volumes sobre a História das lutas de libertação na África Austral (2014). Actualmente é Presidente do Conselho Científico Supra-Nacional do Projecto da Escrita da História das Lutas de Libertação dos PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. Participa em comissões cientificas de eventos académicos em Moçambique, Brasil, Portugal e África. Participa em vários eventos académicos internacionais.

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Publicado

15-09-2024

Como Citar

Mahumane , J. J. ., & Tembe, J. M. das N. (2024). A persistência ou o uso não oficial de topônimos coloniais na cidade de Maputo, Moçambique. JINGA SEPÉ: evista nternacional e ulturas, Línguas fricanas rasileiras (ISSN: 2764-1244), 4(Especial I), 364–365. ecuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/1858