Relação entre hábitos alimentares e a ocorrência da anemia ferropriva na Cidade de Nampula-Moçambique

Relationship between eating habits and the occurrence of iron deficiency anemia in the city of Nampula-Mozambique

Autores

  • Henrique Samuel Xai-Xai Insituto de Ciências de Educação/Universidade Aberta - Moçambique

Palavras-chave:

Anemia, Deficiência de Ferro, Nutrição

Resumo

A saúde nutricional é um problema que afecta tanto pessoas com alto poder económico, quanto pessoas pobres, pelo que se denota a indispensabilidade da educação nutricional mesmo em caso de populações com disponibilidade alimentar nutricionalmente aceitável. A deficiência do ferro constitui um distúrbio comum, cujos danos podem ser irreversíveis no indivíduo. Considerando este quadro, é necessário levantar informações de saúde e hábitos alimentares característicos das populações, pelo que, a pesquisa em apreço intitulada, relação entre hábitos alimentares e a ocorrência da anemia ferropriva na cidade de Nampula, teve como objectivo relacionar os hábitos alimentares e a ocorrência da anemia ferropriva em utentes atendidos no Centro de Saúde 25 de Setembro, cidade de Nampula. Foi um estudo quantitativo, analítico, exploratório e transversal, com uma amostra de 384 pessoas de todas as faixas etárias, maioritariamente desempregadas 236 (61,5%), sendo 285 (74,1%) do sexo feminino, destas 42 (11%) eram gestantes. Para a recolha de dados foi utilizado questionário de frequência alimentar e depois tratados no Statistical Package for Social Sciences, cujos resultados apontaram para uma associação da ocorrência de anemia ferropriva com baixo consumo de alimentos do alto teor e disponibilidade de ferro, ao que se concluiu que, apesar de Nampula ser potencial produtor de carnes vermelhas, principais fontes do ferro heme, as baixas condições socioeconómicas da maioria da população condicionam o seu consumo ditando dessa forma taxas de prevalência muito altas em todas faixas etárias, cuja intensidade segue as demandas de cada faixa etária.

****

Nutritional health is a problem that affects both people with high economic power and poor people, which highlights the indispensability of nutritional education even in the case of populations with nutritionally acceptable food availability. Iron deficiency is a common disorder, the damage to which can be irreversible in the individual. Considering this situation, it is necessary to collect health information and eating habits characteristic of the populations, therefore, the research in question entitled, relationship between eating habits and the occurrence of iron deficiency anemia in the city of Nampula, aimed to relate eating habits and the occurrence of iron deficiency anemia in users treated at the 25 de Setembro Health Center, city of Nampula. It was a quantitative, analytical, exploratory and cross-sectional study, with a sample of 384 people of all age groups, mostly unemployed, 236 (61.5%), of which 285 (74.1%) were female, of these 42 (11% ) were pregnant. To collect data, a food frequency questionnaire was used and then processed in the Statistical Package for Social Sciences, the results of which pointed to an association between the occurrence of iron deficiency anemia and low consumption of foods with high iron content and availability, which concluded that , despite Nampula being a potential producer of red meat, the main sources of heme iron, the low socioeconomic conditions of the majority of the population condition its consumption, thus dictating very high prevalence rates in all age groups, the intensity of which follows the demands of each age group age.

Biografia do Autor

Henrique Samuel Xai-Xai, Insituto de Ciências de Educação/Universidade Aberta - Moçambique

Mestrado em Saúde Pública no ramo de “Epidemiologia” na Universidade Aberta do ISCED-Moçambique (2023). Licenciado em Biologia pela Universidade Católica de Moçambique (2016). É docente no Instituto de Ciências da Saúde de Nampula e supervisionou muitos cursos de Laboratório em trabalhos de campo. É Gestor de Qualidade dos Laboratórios da cidade de Nampula e autor de muitos instrumentos padronizados que se adequam a cada Laboratório.

Referências

Almeida, R. F. et al. (2016). Diferentes fontes de ferro na prevenção da anemia ferropriva e no desempenho de leitões lactentes.Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. Vol.68, nº5, p.1381–89.

Barbosa, N. A. A. et al. (2018). Qualidade de ovos comerciais provenientes de poedeiras comerciais armazenados sob diferentes tempos e condições de ambientes. Research, society and development . vol.9. nº8, p.1–22.

Bianchi, M. L. P.; Silva, H. C.; Dutra De Oliveira, J. E. (1992). Considerações sobre a biodisponibilidade do ferro dos alimentos. Arch. Latinoam. Nutr., vol.42, p.94-116.

Buffon, P.D et al. (2015). Prevalência e caracterização da anemia em idosos atendidos pela Estratégia de saúde da Família. Rev. Bras. geriatr. gerontol. Rio de Janeiro, vol.18, 2):373-384

Castro, T. G. D E. (2007). Anemia ferropriva na infância : prevalência e factores associados na amazônia ocidental brasileira. 155f. (Tese).Universidade de São Paulo.

Corona LP (2014). Anemia e envelhecimento: panorama populacional e associação com desfechos adversos em saúde – Estudo SABE. Tese (Doutorado em Ciências) Universidade de São Paulo, São Paulo.

Cozzolino, S. M.F.; Cominetti, C. & Bortoli, M.C.(2018). Grupo das Carnes e Ovos. In: Philippi, S. T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. Barueri, SP: Manole, 2008. p.169-174.

Fontelles, M.J. (2010). Poder do teste estatístico. Factores que afectam o tamanho de amostra actualização/revisão. Vol.24, nº2, p. 57–64.

Fujimori, E. et al. (2011). Anemia em gestantes brasileiras antes e após a fortificação das farinhas com ferro. Revista Saúde Pública vol. 45, nº6, p.1027–35.

Leitão, G.M.; Logrado, M.H.G.; Ustra, E.C.O. (2012).Anemia nutricional e variáveis

associadas em crianças internadas em um hospital público. Ciências Saúde. v.22, n.3, p.239-246.

Machado, F. M. V. F, Canniatti-Brazaca, S. G, e Piedade, S M.S. (2006). Cenoura e couve e em suas misturas. Revista Ciência. Tecnol. Aliment., Campinas, vol.26, n.3, p. 610–18.

Mahan, L. K.; Krause, S (1998). Alimentos, nutrição & dietoterapia. 9. ed. São Paulo, Rocca.

Martins, M. E. G. (2013).Desvio padrão amostral. Revista de Ciência Elementar, 1(1):20021

Martins, S et al. (2012). Anemia ferropriva refratária à terapêutica com ferro oral – que etiologias? Revista Nascer e Crescer, Porto, v.21, n.2.

Minayo, M. (2000). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7.ed. ed. Hucitec. São Paulo.

Mortari, I.F, Amorim, M. T, e Silveira. M A. (2021). Estudo de correlação da anemia ferropriva, deficiência de ferro, carência nutricional e factores associados: Revisão de Literatura. Research, Society and Development vol.10, nº9, p.1–10.

Moura, N. C, e Canniatti-Brazaca, S. G. (2006). Avaliação da disponibilidade de ferro de feijão comum (phaseolus vulgaris l.) em comparação com carne bovina. Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol.26, nº2, p. 270–76.

Mozzato, D. G. (2011). Documentos e debates: análise de conteúdo como técnica de análise de dados qualitativos no campo da administração, potencial e desafios. Vol.15, n.1, p. 731–47.

Oliveira, J. E. D. de & Marchine, J. S. (1998). Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier.

Oliveira, R. A. G. (2007). Hemograma: como fazer e interpretar. ed. Livraria Medica Paulista. São Paulo.

Osório, M. M. (2002). Factores determinantes da anemia em crianças. Jornal de Pediatria, vol.78, nº4: 269–78.

Paula, W. K. A. S, Gomes, E.A.S e Silva, I. C. (2016). Prevalência de anemia em gestantes acompanhadas nas unidades básicas de saúde do município de Caruaru-PE. Rev Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde. Vol.11, n.2, p.415–26.

Patel KV, Guralnik J.M (2009). Prognostic implications of anemia in older adults. Revista Haematologica. Vol.94, nº1, p. 1–2. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2625415/

De Santis GC. Anemia: definição, epidemiologia, fisiopatologia, classificação e tratamento. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 7º de novembro de 2019 [citado 12º de maio de 2024, vol.52, nº3, p.239-51.

Santos TF; Delani, TCO. (2015). Impacto da deficiência nutricional na saúde de idosos. Revista UNINGÁ, Vol.21,n.1,pp.50-54(Jan–Mar)

Sarcinelli, M. F.; Venturini, K. S. & Silva, L. C. (2007).Características da Carne Suína Espírito Santo, Pró-Reitoria de Extensão – Programa Institucional de Extensão – UFES,. Boletim Técnico.

Silva, D.F. S. (2012). Anemia ferropriva e factores associados em gestantes assistidas em hospital de referência do Estado de Pernambuco. Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde.

Solange M. B. (2013). Qualidade protéica e biodisponibilidade de ferro e zinco em feijões biofortificados. Miçosa Minas Gerais – Brasil

Tavares, M. (2015). Estatística aplicada à administração. 2.wd. SUABA. Portugal.

Umbelino, D.C.; Rosi, E.A. (2006). Deficiência de ferro: consequências biológicas e

proposta de prevenção. Rev. Ciênc Farm. Básica Apl., vol. 27, n. 2, p.103-112.

UNICEF. (2014). Situação das crianças em Moçambique 2014. ed. UNICEF. Maputo.

WHO. (2001). Essential Nutrition Actions: improving maternal, newborn, infant and young child health and nutrition.

Zanella, L. C. H. (2011). Metodologia de Pesquisa, 2.ed., Unisidade Federal Santa Catarina.

Downloads

Publicado

21-05-2024

Como Citar

Xai-Xai, H. S. . (2024). Relação entre hábitos alimentares e a ocorrência da anemia ferropriva na Cidade de Nampula-Moçambique: Relationship between eating habits and the occurrence of iron deficiency anemia in the city of Nampula-Mozambique. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 4(1), 520–540. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/1615