Antroponímia e religião: uma análise da atribuição dos nomes dos escravizados do Vale do Jaguaribe no século XXVIII

Autores

Palavras-chave:

Antroponímia, Batismos, Escravizados, Catolicismo

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo mostrar a imposição cultural religiosa exercida sobre os escravizados negros que habitavam o Vale do Jaguaribe, no Ceará, no século XVIII, mais especificamente no que se refere a atribuição dos nomes. Uma vez que a Antroponímia se ocupa do estudo dos nomes das pessoas, utilizamos como base teórica, os preceitos de Amaral e Seide (2020), Castro et al (2027) e DICK (1990) para entendermos as relações entre Antroponímia e as influências socioculturais, sendo a cultura a grande influenciadora do léxico antroponímico do referido recorte temporal e geográfico. Para realização da presente análise utilizamos como corpus o livro 1 de Batismos da Paróquia de Russas, iniciado em 27/05/1730 e encerrado em 15/05/1761, no qual constam as primeiras certidões de batismo do Vale do Jaguaribe - CE. A igreja católica registrava em seus rituais todos os nascidos na referida época, e, por força cultural, atribuía em todos os casos de batismos de escravizados os nomes próprios dos personagens católicos. Das 279 certidões de batismos de escravizados existentes no livro 1 de batismo, todas remetem aos personagens católicos. São frequentes os nomes de Maria, José, João, Pedro, Isabel, dentre outros. A imposição religiosa da igreja católica, além de demarcar a cultura católica, provocou um apagamento dos nomes originais dos escravizados que foram traficados da África até o Ceará.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernanda Kécia de Almeida, Universidade Estadual do Ceará - Brasil

Doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), com pesquisa voltada para o estudo dos manuscritos eclesiásticos cearenses do Século XVIII. Membro do Práticas de Edição de Textos do Estado do Ceará (PRAETECE). Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual do Ceará - UECE (2007). Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará - UECE (2016), com ênfase em Linguística Histórica e pesquisa de manuscritos do século XIX. Doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará - UECE - (2023), com pesquisa voltada para o conjunto antroponímico histórico cearense do século XVIII. Membro do Grupo de pesquisa PRAETECE - Prática de Edições de Texto do Estado do Ceará, coordenado pelo Professor Dr. Expedito Eloísio Ximenes. Paleógrafa. Atualmente é professora/tutora do Curso de Letras da UFC/UAB. 

Downloads

Publicado

15-09-2024

Como Citar

Almeida, F. K. de . (2024). Antroponímia e religião: uma análise da atribuição dos nomes dos escravizados do Vale do Jaguaribe no século XXVIII. JINGA SEPÉ: evista nternacional e ulturas, Línguas fricanas rasileiras (ISSN: 2764-1244), 4(Especial I), 523–541. ecuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/1870