Língua de cão e cultura do chão

Ulwimi Lwezinja kunye neNkcubeko yoMhlaba

Autores

  • Anita de Melo University of Cape Town - South Africa

Palavras-chave:

Suleiman Cassamo, literatura moçambicana, pedagogia decolonial, ecocrítica, crítica pós-colonial

Resumo

Este ensaio, percorrendo uma abordagem interdisciplinar que envolve tanto a análise literária como a pedagogia decolonial, oferece uma leitura de alguns dos contos da coletânea “O Regresso do Morto” de Suleiman Cassamo. Os enfoques temáticos privilegiam o uso distinto da linguagem, os referenciais culturais ronga e a relação desse povo com a Terra. A análise acha suporte nos seguintes enquadramentos teóricos: políticas linguísticas em África, a crítica pós-colonial e a ecocrítica. Como pano de fundo e ao longo do ensaio é considerado o contexto de sala-de-aula específico de onde surgiu o ensejo para este ensaio, bem como as experiências da turma de estudantes. Por fim, o ensaio também reflete acerca da minha posição em não só mediar a escolha de textos, mas também do meu lugar na ministração do curso, e a relevância da minha pesquisa.

****

Ukulandela indlela yokufundisa ebandakanya uhlalutyo loncwadi kunye nezenzo zokufundisa, esi sincoko sibonelela ngokufunda amabali amafutshane engqokelela kaSuleiman Cassamo ethi “O Regresso do Morto”. Uhlalutyo lujolise ekusebenziseni ulwimi olwahlukileyo, izikhombisi zenkcubeko yabantu baseRonga, kunye nobudlelwane baba bantu kunye noMhlaba. Esi sifundo sifumana inkxaso yethiyori kwimigaqo-nkqubo yolwimi e-Afrika kunye ne-postcolonial ecocriticism. Kwalapha kolu hlalutyo kuqwalaselwe imeko yeklasi ethile esivele kuyo esi sincoko, kwakunye namava abafundi. Okokugqibela, esi sincoko sikwabonakalisa isikhundla sam sokulamla ukhetho lokubhala, ukufundisa kunye nophando.

Biografia do Autor

Anita de Melo, University of Cape Town - South Africa

é professora de literaturas/culturas lusófonas e português como língua estrangeira na Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul. Tem grau de doutorado pela Universidade da Geórgia, EUA. A sua pesquisa atual e recentes publicações centram-se na ecocrítica pós-colonial e na pedagogia crítica para o ensino de português como língua estrangeira

Referências

AFONSO, M. O Conto Moçambicano, Escritas Pós-coloniais, Lisboa: Caminhos, 2004.

AUGEL, M. P. O desafio do escombro: a literatura guineense e a narração da nação. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005.

BERRY, T. The great work: Our way into the future. Nova York: Bell Tower, 1999.

BOUGH, J. Donkey (Animal). Londres: Reaktion Books, 2011.

BURDEN, F.; THIEMANN, A. Donkeys Are Different. Journal of Equine Veterinary Science, p. 376–382, mai. 2015.

CÂNDIDO, A. O direito à literatura. In: ___.(Org.). Vários Escritos. 5 ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul/ São Paulo: Duas Cidades, 2011.

CASSAMO, S. Amor de Baobá, Lisboa: Editorial Caminho, 1997.

CASSAMO, S. O Regresso do Morto, Lisboa: Editorial Caminho, 1997.

CASSAMO, S. Palestra para Um Morto, Lisboa: Editorial Caminho, 1999.

CHABAL, P. Vozes Moçambicas. Literatura e Nacionalidade, Lisboa: Edições Vega, 1994.

CHIMBUTANE, F. Língua, Educação e Sociedade em Moçambique: assimilação,

uniformização e aceno à unidade na diversidade.Modern Languages Open, 0(1), p.15.2022.

DELOUGHREY, E.; HANDLEY, G. Postcolonial ecologies literatures of the environment, New York: Oxford University Press, 2011.

DE MELO, A. You Can’t Kill a Kianda: A Reading of Pepetela’s “Magias do Mar”. Journal of Lusophone Studies, p. 111–122, 2020.

DIOGO, R. E. G. Suleiman Cassamo: a voz do povo pela boca do povo. Revista

Scripta, p. 183–186, 12 out. 2010.

EVANS, P. Jill Bough: DONKEY. TLS. Times Literary Supplement, v. 5687, 6 2012.

FANON, F. Os Condenados da Terra. Trad. de José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1961.

HONWANA, L. B. A Velha Casa de Madeira e Zinco. Moçambique: Alcance, 2019.

IHEKA, C. Naturalizing Africa: Ecological violence, agency, and postcolonial

Resistance in African literature. Cambridge, England: Cambridge University Press, 2018.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA, MOÇAMBIQUE. IV Recenseamento Geral da População e Habitação. Maputo: INE

MAAG, B. Forests and trees in the world of two Tamang villages in central Nepal:

Observations with special reference to the role of Tamang women in forest management. Em: Intermediate Technology Publications (Ed.). Nature is culture, indigenous knowledge and socio-cultural aspects of trees and forests in non-European cultures. Londres: Intermediate Technology Publications, 1997. p. 113–129.

MAZRUI, A. Language and the quest for liberation in Africa: The legacy of Frantz Fanon. Third world quarterly, v. 14, n. 2, p. 351–363, 1993.

MBITI, J. S. African religions and philosophy (2nd edition). Harlow, England: Heinemann, 1990.

MINDOSO, A. V. Política da assimilação e sua ambivalência: a experiência moçambicana. Caderno CRH, v. 34, p. e021040, 2021.

NGŨGĨ, wa Thiong’o. Decolonising the mind: the politics of language in african

literature, London: J. Currey, 1986.

NGŨGĨ, T. On Writing in Gikuyu. Research in African Literatures, p. 151–156, 1985.

PATEL, S.; CAVALCANTI, M. Portuguese and African Languages in Education in

Mozambique: Language Ideological Debates about Unity and Diversity. In: MOITA-LOPES, L. P. (Ed.). Global Portuguese Linguistic Ideologies in Late Modernity. Nova Iorque, NY, USA: Routledge Member of the Taylor and Francis Group, 2015.

PINHEIRO, V. N. R. "Sou Um Escritor Sem Livro" - Entrevista com Suleiman Cassamo. Via Atlântica, [S. l.], v.19, n.2, p. 277-290, 2018.

SEMEDO, Odete. Em que língua escrever. In: Entre o ser e o amar. Bissau: Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisa, 1996.

TIMBANE, A.; NHAMPOCA, E. A produção, promoção e divulgação em línguas bantu moçambicanas: bulu na mufundhisi Bento Sitoe. Linguagem Estudos e Pesquisas, p. 20(2): 17-30, dez. 2016.

TINGA, M. Suleiman Cassamo: A obsessão pela palavra, Maputo, 26 jan. 2023. Disponível em: https://shorturl.at/uwR26. Acesso em 03 jul. 2023

Downloads

Publicado

14-12-2023

Como Citar

de Melo, A. (2023). Língua de cão e cultura do chão: Ulwimi Lwezinja kunye neNkcubeko yoMhlaba. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 3(Especial II), 377–395. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/1375