Relações económicas e de poder em Luanda e Benguela e nos portos do Norte: Kongo, Kakongo, Ngoyo e Loango — da escravatura ao marfim (1796-1825)
Economic and power relations in Luanda and Benguela and in the northern ports: Kongo, Kakongo, Ngoyo and Loango — from slavery to ivory (1796-1825)
Palavras-chave:
Comércio, Marfim, Escravatura, AngolaResumo
De todos os motivos da expansão europeia ao sul do Atlântico, o comércio é o elemento mais bem notável. Neste estudo, “relações económicas e de poder em Luanda e Benguela e nos portos do Norte, Kongo, Kakongo, Ngoyo e Loango: da escravatura ao marfim (1796-1825)”, analisa-se a problemática das relações encetadas entre europeus e os povos africanos a respeito das práticas comerciais. Que modificações ocorreram em Angola e Cabinda nas relações económicas estabelecidas entre europeus, portugueses, em particular e que produtos regulavam as transações? Em resposta à esta questão e dado as novas exigências comerciais do tempo (além do tráfico de escravos) aventa-se, por hipótese, que os novos produtos implementados no jogo comercial as vantagens recairiam aos povos autóctones, potenciando as suas estruturas políticas e sociais. Por outro, suspeita-se que, da balança comercial dos europeus e africanos, o ímpeto comercial dos portugueses é a causa da fragilização dos reinos de Kakongo, Ngoyo e Loango, em Cabinda. Já em Angola, os portugueses não só monopolizam as práticas comerciais locais, como também se afirmam e instituem os entrepostos de Luanda e Benguela, que designam como suas principais colónias. Lembra-se que as relações económicas e o poder no encontro entre os europeus e africanos, em Angola, é o objetivo por que o estudo se propõe. Neste sentido, serve‑se, metodologicamente, da atitude historiográfica da micro história, onde se analisam documentos de arquivo com cruzamento de bibliografia sobre a história de Angola. Da avaliação feita infere‑se que o marfim torna-se o novo produto de eleição nas transações económicas. Este produto, de consumo desconhecido no seio angolano, é monopolizado pela coroa portuguesa que, a par da escravatura tornada ilícita na época, se apropria das instituições locais e salvaguarda o fundo das receitas régias em Angola através das rendas do marfim.
****
Of all the reasons for European expansion south of the Atlantic, trade is the most notable element. In this study, “Economic and power relations in Luanda and Benguela and in the ports of the North, Kongo, Kakongo, Ngoyo and Loango: from slavery to ivory (1796-1825)”, the problem of relations established between Europeans and African people regarding commercial practices. What changes occurred in Angola and Cabinda in the economic relations established between Europeans, Portuguese, in particular and what products regulated the transactions? In response to this question and given the new commercial demands of the time (in addition to the slave trade), it is hypothesized that the advantages of new products implemented in the commercial game would accrue to indigenous peoples, enhancing their political and social structures. On the other hand, it is suspected that, in the balance of trade between Europeans and Africans, the commercial impetus of the Portuguese is the cause of the weakening of the kingdoms of Kakongo, Ngoyo and Loango, in Cabinda. In Angola, the Portuguese not only monopolized local commercial practices, but also asserted themselves and established the warehouses of Luanda and Benguela, which they designate as their main colonies. Remember that economic relations and power in the encounter between Europeans and Africans, in Angola is the objective behind the study. In this sense it uses, methodologically the historiographical attitude of micro history, where archival documents are analyzed with bibliography on the history of Angola. From the assessment made, it can be inferred that ivory is becoming the new product of choice in economic transactions. This product, of unknown consumption within Angola, is monopolized by the Portuguese crown which, along with slavery made illicit at the time, appropriates local institutions and safeguards the royal revenue fund in Angola through ivory income.
Downloads
Referências
Alencastro, L. F., Bethencourt, F., & Curto, D. R. (2010). A rede económica do mundo português. Em A expansão marítima portuguesa: 1400-1800. Ed. 70.
Andrade, M. P. de. (1997). Mário Pinto de Andrade: Uma entrevista dada a Michel Laban. João Sá da Costa.
Bethencourt, F., & Curto, D. R. (2010). A expansaão marítima portuguesa: 1400-1800. Ed. 70.
Bethencourt, F., & Kirti, C. (1998). História da expansão portuguesa: A formação do império (1415-1570): Vol. I. Circulo de Leitores.
Boxer, C. R. (1969). O império colonial português (1415-1825). Ed. 70.
Boxer, C. R. (1992). O império colonial português: 1415-1825. Ed. 70.
Dias, J. R. (1988). Relações económicas e de poder no interior de Luanda ca. 1850-1875. Reunião Internacional História de África: relação Europa-África no 3o quartel do século XIX.
Ferreira, R. (2012a). Dos sertões ao atlântico: Tráfico ilegal de escravos e comércio lícito em Angola, 1830-1860. Kilombelombe.
Ferreira, R. (2012b). Dos sertões ao atlântico: Tráfico ilegal de escravos e comércio lícito em Angola, 1830-1860. Kilombelombe.
Heintze, B. (2004). Pioneiros africanos: Caravanas de carregadores na África Centro-Ocidental (1850-1890). Nzila.
Henriques, I. C. (1997). Percursos da modernidade em Angola: Dinâmicas comerciais e transformações sociais no século XIX. Instituto de Investigação Científica Tropical - Instituto de Cooperação Portuguesa.
Magalhães, J. R. (1998). Os territórios africanos. Em F. Bethencourt & C. Kirti, História da expansão Portuguesa: O Brasil na balança do império (1697-1808): Vol. III. Circulo de leitores.
Magalhães, J. R., Bethencourt, F., & Kirti, C. (1998). Os territórios africanos. Em História da expansão portuguesa: O Brasil na balança do império (1697-1808): Vol. III. Circulo de Leitores.
Marques, J. P. (1999). Os sons do silêncio: O Portugal de oitocentos e a abolição do tráfico de escravos. Instituto de Ciências Sociais.
Martin, P. M. (2010). O comércio externo da costa do Loango (1576-1870): O impacto das mudanças comerciais no reino Vili do Loango. Arquivo Nacional de Angola.
Oliveira, A. F. (1968). Luanda: Ilha crioula. AGU.
Oliveira, F. M. G. de. (1996). A abolição do tráfico de escravos nas relações diplomáticas Portugal-Inglaterra: 1810-1850. Faculdade de Letras.
Oliver, R., & Fage, J. D. (1972). Breve história de África. Sá da Costa.
Pinto, A. de O. (2015). História de Angola: Da pré-história ao início do século XXI. Mercado de Letras.
Tati, R. (2024). Identidade histórica e cultural dos cabindas. Elivulu.
Thornton, J. (2004). África e os africanos na formação do mundo atlântico: 1400-1800 (5a). Campus.
Valentim, A., Bethencourt, F., & Kirti, C. (1998). A viragem para África. Em História da expansão portuguesa: O Brasil na balança do império (1697-1808): Vol. III. Circulo de Leitores.
Vaz, J. M. (1970). No mundo dos cabindas: Estudo etnográfico: Vol. II. L.I.A.M.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras (ISSN: 2764-1244)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
1.Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. A Revista usa a Licença CC BY que permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
2.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório digital institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal, nas redes sociais) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Trata-se da política de Acesso Livre).
