Entre surdos, ouvintes e surdos que ouvem: considerações sobre etnografia, aprendizagem de Libras e implante coclear
Among deaf people, hearing people and deaf people who hear:considerations about ethnography, learning Libras and cochlear implant.
Palavras-chave:
Cultura, Surda, Libras, Preconceito Linguistico, Implante CoclearResumo
As questões que envolvem as línguas de sinais, no mundo, são muitas. Sabemos que o preconceito linguístico, como alerta Marcos Bagno (2015), é uma desses problemas, afinal o uso do corpo e do rosto para a comunicação não é bem-visto na maioria das culturas. Este artigo nos faz refletir sobre como é difícil aprender Libras sendo ouvinte e como é fácil aprender Libras sendo surdo. Além disso, nos faz perceber que os surdos acabam por formar uma comunidade linguística, com cultura, identidade e comunidade própria; ou culturas, comunidades e identidades próprias. Derivado de um trabalho de conclusão de curso e de uma dissertação de mestrado, ambos produzidos na Universidade Federal de Juiz de Fora, além da pesquisa de campo, este artigo traz reflexões de autores ligados ao tema e de outros, ao que se chamou de antropologia simétrica. Se o antropólogo é que inventa a cultura, como nos diz Roy Wagner (2017), como traduzí-la? Como pergunta Talal Asad (2016). Assim, uma breve reflexão entre a surdez que faz uso de Libras (nosso foco) e aqueles que fazem uso da tecnologia do implante coclear, se coloca em discreto debate. Alguns outros assuntos do texto são a questão da história das pessoas com deficiência no século XX e um pouco da legislação vigente sobre este seguimento da sociedade.
****
The issues involving sign languages in the world are many. We know that linguistic prejudice, as Marcos Bagno (2015) warns, is one of these problems, after all, the use of the body and face for communication is not well regarded in most cultures. This article makes us reflect on how difficult it is to learn Libras as a hearing person and how easy it is to learn Libras as a deaf person. Furthermore, it makes us realize that the deaf end up forming a linguistic community, with its own culture, identity and community; or cultures, communities and identities of their own. Derived from a course completion work and a master's dissertation, both produced at the Federal University of Juiz de Fora, in addition to field research, this article brings reflections by authors linked to the theme and others, to what was called symmetrical anthropology. If the anthropologist invents culture, as Roy Wagner (2017) tells us, how can we translate it? As Talal Asad (2016) asks. Thus, a brief reflection between deafness who use Libras (our focus) and those who use cochlear implant technology is placed in discreet debate. Some other topics in the text are the issue of the history of people with disabilities in the 20th century and a bit of current legislation on this segment of society.
Downloads
Referências
ASSIS SILVA, C. A. Cultura surda: agentes religiosos e a construção de uma identidade. 1. ed. São Paulo: Terceiro Nome, 2012.
BAGNO, M. Preconceito linguístico. 56. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
BOLTANSKI, L. L'amour et la justice comme compétences: trois essais de sociologie de l'action. Paris: Éditions Métailié, 1990.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. v. 5. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997.
FAVRET-SAADA, J. A fuzzy distinction: Anti-Judaism and anti-Semitism (An excerpt from Le Judaisme et ses Juifs). Journal of Ethnographic Theory, Chicago: University of Chicago Press, 2014.
HONORA, A. et al. Esclarecendo as deficiências: aspectos teóricos e práticos para contribuição com uma sociedade inclusiva. São Paulo: Ciranda Cultural, 2008.
INGOLD, T. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes, 2015.
LATOUR, B. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2013.
LE BRETON, D. Antropologia dos sentidos. Petrópolis: Vozes, 2016.
PFEIFER, P. Crônicas da surdez. São Paulo: Plexus, 2013.
PFEIFER, P. Novas crônicas da surdez: epifanias do implante coclear. São Paulo: Plexus, 2015.
WAGNER, R. A invenção da cultura. São Paulo: Ubu Editora, 2017.
SACKS, O. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. 5. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
STRATHERN, M. O gênero da dádiva. Campinas: Editora Unicamp, 2006.
ASAD, T. O conceito de tradução cultural na antropologia social britânica. In: CLIFFORD, J. et al. (Org.). A escrita da cultura: poética e políticas da etnografia. Rio de Janeiro: Ed. UERJ; Papéis Selvagens, 2016.
THÉVENOT, L. The plurality of cognitive formats and engagements: moving between the familiar and the public. European Journal of Social Theory, v. 10, n. 3, 2007.
WITT, P. R. Surdez: silêncio em voo de borboleta. 2. ed. Porto Alegre: Evangraf, 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras (ISSN: 2764-1244)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
1.Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. A Revista usa a Licença CC BY que permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
2.Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório digital institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3.Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal, nas redes sociais) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Trata-se da política de Acesso Livre).
