ARBITRARIEDADES ORTOGRÁFICAS EM XICHANGANA
Palavras-chave:
Ortografia, Paisagem, Bilíngues, EnsinoResumo
A essência e premissa da ortografia é a normatividade e, isso pressupõe firmeza, rigor e rigidez em face à manipulação. No entanto, sem menoscabar esses pressupostos, o presente estudo explora e reflecte a natureza e significados existentes por detrás, por dentro, e para além das dinâmicas linguístico-ortográficas hodiernas da língua xichangana na paisagem tipográfica urbana de Maputo e Matola. Este estudo toma a ortografia como práxis (Sebba, 2007; Honkanen, 2023), vendo-a e analisando-a não como estática, mas em coerção e retroalimentação com os sujeitos que a produzem e a manipulam, transgredindo voluntária ou involuntariamente a normatividade, exteriorizando realidades intrínsecas em jogo entre línguas, cultura, vida econômica, cosmovisão, vozes e sentimentos, individuais e colectivos. O estudo propõe i) a planificação desenvolvimentista inclusiva, multisectorialmente encadeada; ii) a produção de instrumentos legais de implementação gradual de signos bilíngues, trilíngues, etc., nos espaços públicos; iii) a inclusão dos resultados de estudos de literacias em paisagem tipográfica no currículo educacional para conscientização e orientação desenvolvimentista nacional.
Referências
ADAMS, Debra. A dialogue of forms: letters and digital font design. 1986. 138 f. Dissertação (Mestrado em Design) – Massachusetts Institute of Technology: Cambridge, 1986.
BACKHAUS, Peter. Linguistic Landscapes: A Comparative Study of Urban Multilingualism in Tokyo. Clevedon: Multilingual Matters, 2007.
BATIBO, Herman M. Language decline and death in Africa: causes, consequences and challenges. Bristol; Blue Ridge Summit: Multilingual Matters, 2005.
BLOMMAERT, Jan. Discourse: a critical introduction. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.
CHAMBO, Gervásio; CHIMBUTANE, Feliciano; GARCÍA-MIGUEL, José M.; RAMALLO, Fernando; RODRÍGUEZ BARCIA, Susana. Vujondzisi hi tindzimi timbirhi tikweni la Musambiki: xivaningelo xa vujondzisi. Vigo: Universidade de Vigo, 2020.
CHERNYAVSKAYA, Valeria E. Typographic landscape in urban space: a sociolinguistic approach. Slovo.ru: Baltic accent, Kaliningrado, vol. 13, nº. 4, p. 71–84, 2022.
COCQ, Coppélie et al. Developing methods for the study of linguistic landscapes in sparsely populated areas. GERUM Geografisk Arbetsrapport. Umeå: Umeå universitet, 2020.
CORBIN, Juliet. La investigación en la teoría fundamentada como un medio para generar conocimiento profesional. In: CALVA, Silvia Bénard (Coord.). La teoría fundamentada: una metodología cualitativa. Aguascalientes: Universidad Autónoma de Aguascalientes, 2016.
CORRÊA, Maurício de Vargas; ROZADOS, Helen Beatriz Frota. A netnografia como método de pesquisa em Ciência da Informação. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, vol. 22, nº. 49, p. 1–18, 2017.
DUBOC, Ana Paula Martinez; FORTES, Olívia Bueno Silva. Superdiversity, language and society: issues on the move. Educação & Pesquisa, São Paulo, vol. 45, e201945002004, 2019.
FAIRCLOUGH, N. Discourse and social change. Cambridge: Polity Press, 2006.
FARIAS, Priscila Lena. Estudos sobre tipografia: letras, memória gráfica e paisagens tipográficas. 2016. 138 f. Tese (Livre-Docência em Design) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
GELB, Ignace J. A study of writing. Chicago, IL: University of Chicago Press, 1963.
HONKANEN, Minna. Orthography and the sociolinguistics of writing. Oxford Research Encyclopedias – Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2023.
JUFFERMANS, Kasper; ASFAHA, Yonas Mesfun; ABDELHAY, Ashraf (eds.). African literacies: ideologies, scripts, education. Newcastle upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 2014.
LOPES, Priscilla Gonçalves; GONÇALVES, Berenice Santos. A mancha gráfica como paisagem. In: Congresso brasileiro de pesquisa e desenvolvimento em design, 8., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo: Associação de Ensino e Pesquisa de Nível Superior de Design do Brasil, 2008.
MAZIVILE, Francisco Bernardo. O latente conflito ortográfico entre o português e o xichangana: desafios linguístico-pedagógicos. LínguaTec, Brasília, vol. 7, nº. 1, p. 1–21, 2022.
MELETIS, D. The Nature of Writing. In A Theory of Grapholinguistics. (Grapholinguistics and Its Applications, Vol. 3). Brest: Fluxus Editions, 2020.
NEEF, Martin. Writing systems as modular objects: proposals for theory design in grapholinguistics. Open Linguistics, [S.l.], vol. 1, nº. 1, p. 708–721, 2015.
NGOENHA, S. O retorno do bom Selvagem. Porto: Edições Salesianas, 1994.
NGUNGA, A. & FAQUIR, O. Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas: Relatório do III Seminário, Maputo: CEA - UEM, 2012.
PESCH, Anja Maria. Semiotic landscapes as constructions of multilingualism – a case study of two kindergartens. European early childhood education research journal, Abingdon: Routledge, Vol. 29, nº. 3. 2021, p363–380.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y modernidad/racionalidad. Perú Indígena, Lima, vol. 13, nº. 29, p. 11–20, 1992.
SAGUATE, Artinésio Widnesse. O Português Makhuwa: representação escrita e proposta de exercícios didáticos no ensino bilíngue. 2017. 276 f. Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
SALDAÑA, Johnny. The Coding manual for qualitative researchers. Los Angeles: Sage Publications, 2nd Edition, 2013.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009. p. 23–71.
SEBBA, Mark. Spelling and society: the culture and politics of orthography around the world. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
SITOE, Bento. Padronização e harmonização da ortografia de línguas moçambicanas. Njinga & Sepé: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras, São Francisco do Conde (BA), vol. 1, nº. 1, p. 09–24, jan./jun. 2021.
THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria da mídia. 5ª Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.
TIMBANE, Alexandre António. Os empréstimos do português e do inglês na língua xichangana em Moçambique. Linguagem: Estudos e Pesquisas, Catalão-GO, vol. 16, nº. 2, p. 29–55, jul./dez. 2012.
TRANSPARENCY INTERNATIONAL. Corruption Perceptions Index 2023. Berlin: Transparency International, 2024.
UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME (UNDP). Human Development Report 2020: The next frontier Human development and the Anthropocene, New York: UNDP, 2020.
________________. Human Development Report 2021/22: Uncertain Times, Unsettled Lives – Shaping Our Future in a Transforming World. New York: UNDP, 2022.
WACHENDORFF, Irmi. Typographetics of urban spaces: the indication of discourse types and genres through letterforms and their materiality in multilingual urban spaces. In: HARALAMBOUS, Yannis (ed.). Grapholinguistics in the 21st Century: Proceedings. Brest: Fluxus Editions, 2021. p. 361–415.
WEI, Li. Translanguaging as a practical theory of language. Applied Linguistics, Oxford: Oxford University Press, vol. 39, nº. 1, p. 9–30, 2018.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Philosophical Investigations. Tradução de G. E. M. Anscombe. Oxford: Basil Blackwell, 1953.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright e Creative Commons