CONTACTO LINGUÍSTICO EM ANGOLA: EVIDÊNCIAS DE EMPOBRECIMENTO LEXICAL DAS LÍNGUAS ANGOLANAS
Palavras-chave:
Contacto Linguístico, Bilinguismo Conflitual, Empréstimos, Neologismos LexicaisResumo
O presente estudo, baseado na revisão bibliográfica e na interpretação dos dados recolhidos por elicitação, pretende avaliar as atitudes, a consciência e o desempenho linguístico dos falantes do umbundu (língua angolana de matriz bantu), num contexto de coabitação com o português e despertar a atenção de pesquisadores e falantes nativos dessa língua sobre a necessidade de se olhar com algumas reservas para o uso exagerado de empréstimos lexicais do português para as línguas angolanas, pois, pese embora sejam benéficos, forneçam novos vocábulos e permitam a designação de objectos e seres exógenos à realidade angolana, os empréstimos e estrangeirismos tornam-se prejudiciais quando utilizados para designar conceitos já existentes na língua de destino, tornando-a cada vez mais pobre e incapaz de nomear elementos do quotidiano dos seus falantes. Neste estudo, foram elicitados 7 falantes nativos do umbundu os quais, questionados sobre a designação de determinados objectos na sua própria língua materna, evidenciaram um excessivo uso de portuguesismos (unidades lexicais em umbundu formadas a partir do português) para nomear objectos do seu dia-a-dia, alguns dos quais cujo uso antecede a chegada da língua portuguesa em Angola. O estudo permitiu confirmar a hipótese inicial, segundo a qual, a inexistência de uma política linguística que vise a integração das línguas angolanas nos serviços administrativos do Estado e, sobretudo, no sistema de educação e ensino reduz cada vez mais o papel dessas línguas no contexto social dos falantes.
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