POLÍTICAS LINGUÍSTICAS EM GUINÉ-BISSAU E O IMPACTO PARA AS LÍNGUAS ÉTNICAS
Palavras-chave:
Línguas étnicas, Guiné-Bissau, Política LinguísticaResumo
Guiné-Bissau é um país que, linguisticamente, está composto pela presença de dezenas de línguas e culturas distintas, que são utilizadas cotidianamente, os estudos realizados sobre o cenário linguístico do país, estimam que o território guineense agrega mais de 20 línguas, dentre as quais, destacamos as línguas endógenas, as línguas étnicas, pois, o país carece de políticas linguísticas que atentassem para o seu cenário plurilíngue. Sendo assim, o presente trabalho objetiva analisar o possível impacto que a falta de uma política linguística definida no país exerce sobre estas línguas e sua manutenção. Para que o objetivo fosse alcançado, aplicamos questionários a 36 estudantes da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - Unilab, de diferentes cursos de graduação, entre a faixa etária de 25 a 30 anos, todos de nacionalidade guineense e etnia definida. No decorrer do desenvolvimento da pesquisa, apresentamos a multiplicidade e a complexidade no cenário linguístico guineense, tendo como base os seguintes autores: Couto e Embalo (2010), Benzinho e Rosa (2015) e Fonseca (2011). Quanto às políticas linguísticas, baseamo-nos em Calvet (2007) e Oliveira (2016) e Lagares (2018). Destacamos a Lei criada em 2017 que tem por objetivo o exclusivo uso do português na instituição pública, nomeadamente nas escolas, proibindo, assim, o uso da utilização das demais línguas nesses espaços. Durante a análise, percebemos, a partir da fala dos participantes, a repreensão sofrida por terem se comunicado em suas línguas étnicas, além de aspectos que demonstram que essas línguas estão com números reduzidos de falantes entre a camada mais jovem da população.
Referências
AUGEL, M. P. O desafio do Escombro: nação, identidades e pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Garamond, 2017.
BENZINHO, J.; ROSA, M. Guia Turístico: a descoberta da Guiné-Bissau. Coimbra: Ediliber, 2015.
CALVET, L.-J. Sociolinguística: uma introdução crítica. (Trad. de Marcos Marcionilo). São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
CALAFORRA, G. Lengua y poder en las situaciones de minorización linguística. Universidade de Colômbia, 2003.
CHAUÍ, M. A. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2006.
COUTO, H. H.; EMBALO, F. Literatura, Língua e Cultura na Guiné Bissau: Um país de CPLP. Papia: Revista Brasileira de Estudos Crioulos e Similares, n.20. Brasília, p.28-29, 2010.
DIALLO, I. Guiné-Bissau: que papel e que lugar nas políticas nacionais de desenvolvimento e estratégias de integração Sub-regional? Bissau, INEP 2007.
EMBALÓ, F. O crioulo da Guiné-Bissau: língua nacional e fator de identidade nacional. Revista Papia. São Paulo, N. 18, p.105-120, 2008.
FISHMAN, J. The relationship between Micro-and Macro-Sociolinguistics in the Study of Who Speaks What Language to Whom and When. In: PRIDE, J. B.; HOLMES, J. (Ed.). Sociolinguistics: selected readings. 2. ed. Middx: Penguin Books, 1979.p.33-42.
INE.Guiné-Bissau. Recenseamento Geral da População e Habitação. Bissau:INE, 2009.
INFANTE, Francisco da Silva.Lingua, identidade e cultura nacional. Revista brasileira de linguística. São Paulo, vol.10, nº2, p.230-245, 2001.
FONSECA, S. P. B. da. Educação para a Cidadania na Guiné-Bissau. Revista Guineense de Educação e Cultura. Bissau, vol.1, n.1, 2011.
INFANTE, S. S. Identidade e segundas línguas: As identificações no discurso. SIGNORINI, I. (Org.). Lingua(gem) e identidade. Campinas: Mercado de Letras, 2001, p. 231-259.
LAGARES, X, C. Lingua, Estado, Mercado: Qual política linguística? Desafios glotopolíticos contemporâneos. São Paulo: Parábola, 2018.
OLIVEIRA, G. M. de. Políticas Linguísticas: uma entrevista com Gilvan Müller de Oliveira. ReVEL, vol. 14, n. 26,2016.
PONSO, C. L. Situação Minoritária, População Minorizada, Língua Menor: uma reflexão sobre a valoração do estatuto das línguas na situação de contato: 2017.
SCANTAMBURLO, L. O Léxico do Crioulo Guineense e as suas Relações com o Português: o Ensino Bilingue Português-Crioulo Guineense.2013. Tese de doutorado. Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciencias Sociais e Humanas. Lisboa, 2013.
SCANTAMBURLO, L. Dicionário do Guineense: dicionário guineense – português; dicionário guinensi-purtuguis. v. 2. Lisboa: Colibri; Guiné-Bissau: FASPEBI, 2002.
STORTO, L. Línguas indígenas: tradição, universais e diversidade. Campinas-SP: Mercado das Letras, 2019.
STRÜSSMANN, A. M. Metade das línguas faladas no mundo sob ameaça de extinção: Made for minds. Deutche Welle:Bonn e Berlim. s.d.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright e Creative Commons