Quando as máscaras da colonialidade começarão a cair na Guiné-Bissau? Debates sobre a decolonização do sistema educativo

When will the masks of coloniality begin to fall in Guiné-Bissau? Debates on the decolonization of the education system

Autores

  • Paulo Anós Té Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira / Universidade Federal de Pelotas - Brasil

Palavras-chave:

Colonialidade, Educação, Reistência, Guiné-Bissau

Resumo

A educação teria a função decolonizadora se primar pelo processo decolonial. Esta reflexão trata-se um olhar diferente do colonial e imperialista, e não a uma posição total aos saberes produzidos no ocidente.  A Guiné-Bissau como um país que passou pelo processo da colonização, o sistema educativo e curricular passaram por algumas modificações através das políticas educativas deslocadas, donde ocorrem as máscaras da colonialidade. Neste sentido, o presente trabalho foca-se no drama do sistema educativo guineense através do qual, as últimas décadas evidenciaram e testemunharam a aplicação das medidas educacionais impostas pelas agências neoliberais, corporativas dominantes e alguns países do “Norte global”. Essa política eliminou, aliás, tentou eliminar as bases cosmo perspectivadas e as estórias dos guineenses no(s) currículo(s). Com isso, faz-se necessária a descolonização do sistema educativo para a formação de sujeitos como atores ativos e não passivos, portanto.

***

Education would have the decolonizing function if it excelled in the decolonial process. This reflection is about a different view of the colonial and imperialist, and not a total position to the knowledge produced in the West. Guinea-Bissau as a country that went through the colonization process, the educational system and curriculum underwent some changes through displaced educational policies, where the masks of coloniality occur. In this sense, the present work focuses on the drama of the Bissau-Guinean educational system through which, the last decades have evidenced and witnessed the application of educational measures imposed by neoliberal, dominant corporate agencies and some countries of the “Global North”. This policy eliminated, in fact, it tried to eliminate the cosmoperspective bases and the stories of the Bissau-Guineans in the curriculum(s). Therefore, the decolonization of the educational system is necessary for the formation of subjects as active and non-passive actors, therefore.

Biografia do Autor

Paulo Anós Té, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira / Universidade Federal de Pelotas - Brasil

Paulo Anós Té, filho de Anós Té e Isabel Djú (N’Pona), nasceu em 1996 em Bijimita, na Guiné-Bissau. Foi seminarista no Seminário Menor Diocesano de Bissau, mas se retirou para ingressar nos estudos acadêmicos. É bacharel em Humanidades, pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB/Brasil; e licenciando em Sociologia pela mesma instituição. Foi bolsista do programa PULSAR na UNILAB (2019 – 2020) e bolsista do Programa de Residência Pedagógica (PRP) (2020-2021) pela mesma instituição. Atualmente é bolsista de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) (2020-2021) pela UNILAB e bolsista no grupo de pesquisa Sistema político: partidos, eleições e relações entre os poderes, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Mestrando em Ciência Política na Universidade Federal de Pelotas – UFPEL/Brasil. Tem interesse no campo da Ciência Política, com ênfase nas instituições políticas, partidos políticos, representações políticas e democracia.

Referências

APPLE, Michael W. Power, meaning and identity: Critical sociology of education in the United States. British journal of sociology of education, vol. 17, nº 2, p. 125-144, 1996.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. Brasília: Brasiliense, 2017.

DAVIDSON, Basil. No Fist Is Big Enough to Hide the Sky: The Liberation of Guinea-Bissau and Cape Verde, 1963-74. Zed Books Ltd., 2017.

FURTADO, Alexandre Brito Ribeiro, Administração e Gestão Educacional em Guiné-Bissau: Incoerências e descontinuidades. Aveiro, Universidade de Aveiro, Departamento das ciências da Educação, 2005.

GROSFOGUEL, Ramón. Dilemas dos estudos étnicos norte-americanos: multiculturalismo identitário, colonização disciplinar e epistemologias descoloniais. Ciência e cultura, vol. 59, nº 2, p. 32-35, 2007.

GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

KEMPF, Arlo. Anti-colonial historiography: Interrogating colonial education. In: Anti-colonialism and education. Brill, 2006. p. 129-158.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Org.) El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 127-167

MIGNOLO, Walter D. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista brasileira de ciências sociais, vol. 32, nº 94, p.1-18, 2017.

MORGADO, José Carlos; SANTOS, Júlio; SILVA, Rui da. Currículo, memória e fragilidades: contributos para (re) pensar a educação na Guiné-Bissau. Configurações. Revista Ciências Sociais, nº 17, p. 57-77, 2016.

OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU, Vera Maria Ferrão. Pedagogia Decolonial e Educação Antirracista e Intercultural no Brasil. Educação em Revista, Belo Horizonte, vol. 26, nº 1, p. 15-40, abr. 2010.

QÜIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula [Org.]. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, p.68-107.

QÜIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Novos Rumos. vol. 17. 2002. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/veiculos_de_comunicacao/NOR/NOR0237/NOR0237_02.PDF .Acesso em: 12 abr.2022.

SADJO, Braima; MACHADO, Eduardo Gomes. A instituição do português como a única língua de ensino-aprendizagem na Guiné-Bissau: reforço da unidade nacional ou perpetuação da colonialidade?. NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras, vol. 1, nº Especial, p. 201-224, 2021.

SEMEDO, Odete Costa. Guiné-Bissau: histórias, culturas, sociedades e literatura. Bissau: Nandyala, 2011.

VILLEN, Patrícia. Amílcar Cabral e a crítica ao colonialismo: entre harmonia e contradição. 1ª Ed. São Paulo: Expressão Popular, 2013.

WANE, Njoki Nathani. Is decolonization possible? In: Anti-colonialism and education. Brill, 2006. p. 87-106.

Downloads

Publicado

10-06-2022

Como Citar

Anós Té, P. (2022). Quando as máscaras da colonialidade começarão a cair na Guiné-Bissau? Debates sobre a decolonização do sistema educativo: When will the masks of coloniality begin to fall in Guiné-Bissau? Debates on the decolonization of the education system. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 2(1), 130–146. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/960