A língua portuguesa e o insucesso do sistema de ensino na Guiné-Bissau: caso das crianças da etnia Balanta-Nhacra de Tombali
Palavras-chave:
Guiné-Bissau, Educação, Lingua portuguesa, Balanta-NhancraResumo
Na Guiné-Bissau, falam-se várias línguas étnicas e a língua crioula, a mais falada. Contudo, a língua portuguesa é a oficial e a única de ensino, embora seja falada apenas por 11% da população, cuja maioria reside na capital Bissau. A transmissão dos conhecimentos entre diferentes grupos étnicos do país é dominada pela tradição oral, transmitida em língua materna. A presente pesquisa analisou o impacto da língua portuguesa (LP) no sistema de ensino da Guiné-Bissau, especialmente dos alunos da 1ª a 4ª classe (série) da etnia Balanta-Nhacra, na região de Tombali, sul do país. Descreveram-se a política educativa e linguística adotadas pelo regime colonialista português e seu impacto após a independência do país. Constatou-se que a LP é o principal fator de insucesso do sistema de ensino guineense, na medida em que ela é ensinada como a língua materna das crianças, cuja maioria a desconhece, sobretudo no interior do país, caso das crianças Balanta-Nhacra de Tombali, protagonistas dessa pesquisa, que só falam a língua materna, pois poucas falam o crioulo - o idioma mais falado no país. Portanto, concluiu-se que o insucesso escolar não é dos alunos. Estes apenas sofrem as consequências do insucesso no sistema de ensino pautado em uma língua estranha à realidade sociocultural desta nação. A metodologia utilizada consiste, na pesquisa bibliográfica/documental e a pesquisa de campo: entrevista e observação direta, nas escolas e nas tabancas/aldeias pesquisadas. A pesquisa foi realizada na região de Tombali, concretamente em quatro escolas, a saber: Ensino Básico Unificado de Mato-Farroba (EBU de Mato-Farroba), Ensino Básico Unificado de Cufar (EBU de Cufar), Escola de Autogestão de Mato-Farroba, conhecida como Escola Tona Namone (EAG Tona Namone) e Escola de Autogestão de Areia, chamada Escola Abêne (EAG Abêne). Foram entrevistados dezesseis estudantes, oito professores e três especialistas, sendo dois em educação e um em língua portuguesa.
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A Guiné-Bissau, be ma lifte clifte monha ne kissukhg ko kissukhg a tchalte bi matne lifte lem kbamg mon, te bitetchene ma lifte ahadje. Hote kburtuguis quima bi tched cone ktil, ki coda ktida ma bitched lem cone lamna a hiscola, hote 11% ne binhan tida a makin lifte a Guiné-Bissau, binhobe na hadje bi ká a Pssau. Lamde ne kiussukhg ko kissukhg ne botcha ne Guiné ho ka som a lifte ne bsum, te bimane disnde a lifte ba. Quissif quidó, quetanhat mdatch boda te kburtuguis ten-ne a hiscola ne Guiné-Bissau, assín te quine kone quiluno ne 1ª a 4ª class, kine Brassa ne Mnalu. Bilimit, a quissif na quidó, a tchaluoda te Bicolon Biburtuguis tumne quilam-bangh ki glifte banhg a botche-bu, binhin lem a psina bola mtahat na bdo mina bodnbo quebine quinthal te bihidne quindipendencia cante amu. Bebik ya clifte kburtuguis, kima ton hiscola quifuk a Guiné-Bissau, atchalte bimatne kin lam a hiscola abê lifte krassa te mkbiksson mani lifte mthank a kpanh. Nhote quidicó mbissonh na hatche uone, sé, bate quine a botche rassa ma tetche quim uo, abé mkbiksson brassa ne Mnalu, te bitchedne wilne tote siffa quissif na quidó. Mbo ban bimatne lifte son K´rassa tida, mbo bidulu na hatche tida a wid kbamg mon, te quine lifte te binhan tedjene ma lifte a Guiné-Bissau. Sana hdó mina ma atum te bibikene ia ké mkbikssonh matne tó a hiscola a uote uint, te tumne bimatene bik quidan a hiscola. Ban nan, maba bigh quidan, mbo kburtuguis matne ba lam a hiscola kim ke glifte te binham mane lifte a Guiné-Bissau. Sina te Binham ke sifne quissif quidó cobene tote madana sifi quissif-na quidó wi ka, quissif ne kdem ne carta, que kducumento, atchalne quissif ne toa abotche rassa to kana kpane binhan wil uo wil, abe a tchalne nhin ne mbóónh, tote madana widna wil te mane diz a escola, abe wil te mane lem diz a quintada. Quissif na quidó, bissifkin a Mnalu, a djiscola bimatne lam mkbisson, colna hadje ki cone Estado, colna hadje kbine quintada uone bimessek. Djiscola na kdó colna hadje ka a Fihaanthe, colo a Quifar, colo a Fsééf. Quine quigdó: Escola de Ensino Básico Unificado de Mato-Farroba (EBU de Mato-Farroba), Escola de Ensino Básico Unificado de Cufar (EBU de Cufar), Escola de Autogestão de Mato-Farroba, bi matne lem túk Escola Tona Namone (EAG Tona Namone) e Escola de Autogestão de Areia, bitúkne lem Escola Abêne (EAG Abêne). A quissif na quidó, bikpa mkbissonh tchimen que tchumuk que hóda, matne to a escola, abe lem, bikpa kbirsor tchumuk que bihabm, atchalna lem ma bikpa binhangh biham te wid ne kwid quine cone quissín ne quilám, abe lem hal hoda te widne kwid te laquine aquissím ne glifte ne kburtuguis.
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