Corrupção lexicossemântica dos antropónimos ovimbundu: combatendo a não materialização dos direitos linguísticos/humanos
Palavras-chave:
Antropónimos, Umbundu, Quebra lexicossemântica, Direitos LinguisticosResumo
O presente texto, voltado à temática epigrafada, procurou trazer à tona o problema da adulteração a nível da estrutura graficofonética e da significação de 30 nomes oriundos de uma língua angolana de origem africana (o umbundu). Sendo que estão subjacentes implicações culturais, sociais, históricas, de crenças, esse estudo procurou perceber os actores e as instituições responsáveis pelo problema, bem como o caminho a trilhar para a reposição da normalidade. Além da pesquisa bibliográfica, meio que favorece a recolha e o registo de dados que servem de guia de determinada investigação, a parte metodológica contou com a recolha e a análise documental: verificação de listas nominais de estudantes e, consequentemente, processos individuais arquivados na Instituição de ensino, contendo cópias de bilhetes de identidade / assentos de nascimento. Recorreu-se também à consulta de livros de registos de uma conservatória para ampliar o corpus. Os resultados indicaram que a adulteração em questão, caracterizada ou pela supressão ou a adição ou ainda a permuta de morfemas/fonemas nos mesmos vocábulos, é gerada nas instituições estatais de registo civil, mais precisamente, pelos funcionários das mesmas que mostram crescente despreocupação com a quebra que se cria nesses nomes e, quando culpabilidades, transferem a responsabilidade da resolução às instituições estatais hierarquicamente superiores: Serviços Notariais Centrais e/ou Assembleia Nacional. Concluiu-se que (re)elaborar políticas linguísticas e de gestão das instituições, além de o próprio Estado fiscalizar a aplicação das mesmas, a começar pela valorização dos antropónimos, é uma tarefa nacional urgente.
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