A higiene social-humana como política de estado nos grandes centros urbanos: cidade de Salvador - Bahia
Social-human hygiene as a state policy in large urban centers: Salvador-BA
Palavras-chave:
Racismo, Encarceramento, Salvador (BA)Resumo
Esse artigo pretende discutir sobre a lógica do aprisionamento dos cidadãos jovens, pobres e negros dentro dos espaços públicos de cárcere privado. Dentro desse aporte investigativo, discute-se sobre os aspectos dicotômicos sociais e políticos de negação. Para tanto, atenta-se para as questões, na qual o povo negro encontra-se depreciados pela lógica do estigmatismo baseado no fenótipo. Através dessa incoerência integracionista, busca-se discernir sobre a concepção do conceito de alteridade, (princípio da dignidade humana), previsto no artigo 1º da constituição. São questionados o direito de ir e vir, prevista no artigo V, inciso XV, da constituição, bem como demais direitos dos cidadãos de negros. A cidade de Salvador, e o estado da Bahia, consubstanciou-se sobre a égide do panorama político racista, como outros centros urbanos. Nessa perspectiva, vem promovendo um gigantesco processo de higienização social, através do encarceramento de jovens negros ao longo de décadas, corroborada na lógica “Foucautiana” do vigiar e punir.
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This article intends to discuss the logic of imprisoning Young, poor and black citizens within public spaces of private prison. Within this investigative contribution, the dichotomous social and political aspects of denial are discussed. Therefore, attention is paid to the issues in which black people are depreciated by the logic of stigmatism based on the phenotype. Through this integrationist inconsistency, we seek to discern the conception of the concept of otherness (principle of human dignity), provided for in article 1 of the constitution. The right to come and go, provided for in article V, item XV, of the constitution, as well as other rights of black citizens, are questioned. The city of Salvador, and the state of Bahia, was consolidated under the aegis of the racist political panorama, as urban centers. In this perspective, it has been promoting a gigantic process of social hygiene, through the incarceration of young black people over decades, corroborated in the “Foucaultian” logic of monitoring and punishing.
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