Alternância pronominal na língua bissau-guineense

Autores

  • Cássio Florêncio Rubio Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
  • Janifer Nunes da Fonseca Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Palavras-chave:

Alternância pronominal, Quadro pronominal, Língua bissau-guineense

Resumo

A Guiné-Bissau é um país multilíngue e multicultural, situado na costa ocidental da África, entre dois países francófonos. A língua bissau-guineense é a língua franca, da união, de conforto e também mais falada do país, mas, apesar disso, ainda não está completamente descrita e não conta com uma norma-padrão. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo descrever os processos variáveis de alternância pronominal na língua bissau-guineense (também chamada de kriol, guineense ou crioulo guineense). Como base teórica, do ponto de vista descritivo, temos Couto e Embaló (2010); Intumbo (2007); Scantamburlo (1999, 2021), Danfá (2022), dentre outros. A abordagem é qualitativa/quantitativa, com a aplicação de formulários com ocorrências de emprego de formas pronominais, as quais foram submetidas a estudantes guineenses residentes no Brasil e na Guiné-Bissau. Os resultados apontam que: i) há processos de variação em todas as pessoas do discurso na língua bissau-guineense, no que se refere ao emprego dos pronomes; ii) As alternâncias pronominais ocorrem entre o emprego das formas clíticas e não-clíticas; iii) a não possibilidade de apagamento das duas formas pronominais está relacionada ao fato de a língua bissau-guineense não aceitar o sujeito nulo.

Biografia do Autor

Janifer Nunes da Fonseca, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Licenciada em Letras Língua Portuguesa pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Braileira, Mestranda em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos

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Publicado

30-12-2024

Como Citar

Rubio, C. F., & Fonseca, J. N. da. (2024). Alternância pronominal na língua bissau-guineense. andinga evista e studos Linguísticos (ISSN: 2526-3455), 8(2), 95–111. ecuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/mandinga/article/view/1706

Edição

Seção

Artigo experimental (acadêmico)

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