Crenças e atitudes linguísticas de falantes macapaenses: um estudo sobre o fenômeno do rotacismo
Resumo
O presente artigo apresenta análises sobre as crenças e atitudes linguísticas de moradores da cidade de Macapá/AP diante do fenômeno do rotacismo, que consiste na alternância da consoante lateral alveolar sonora [l] por um som rótico [ɾ]. Este trabalho tem como objetivo retratar o comportamento linguístico dos falantes e suas avaliações positiva ou negativa para com o uso da referida variante. Para tanto, buscou-se suporte teórico-metodológicos nos princípios da Sociolinguística laboviana, como também em estudos que tratam das crenças e atitudes linguísticas, principalmente os advindos de Lambert e Lambert (1968), ancorados na concepção mentalista. Nesse sentido, destacam-se os estudos de Moreno Fernández (2009), Botassini (2013), Aguilera e Silva (2014), Bem (1973), dentre outros. Diante disso, foram entrevistados 08 colaboradores naturais da cidade de Macapá, estratificados na amostra: sexo (homens e mulheres); escolaridade (nível médio e superior); faixa etária (primeira 18 a 30 anos e segunda acima de 50 anos de idade). Utilizou-se como instrumento para a coleta de dados um questionário composto por 10 perguntas, as quais contemplam os três componentes das atitudes, a saber: cognitivo, conativo e afetivo. O inquérito foi desenvolvido a partir da técnica matched guise test ou “falsos pares”. Para a análise dos dados, adotou-se a abordagem quanti-qualitativa descritiva. Os resultados apontaram que as atitudes linguísticas dos falantes macapaenses são negativas frente a variante roticizada. Dentre os três componentes das atitudes, o conativo e afetivo mostraram-se preponderantes para esse desfecho. Com relação as variáveis sociais, as mulheres apresentaram maiores índices percentuais de atitudes negativas
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