Política, a Igreja e o Ensino de História:
agentes dialéticos da história contemporânea de Moçambique
Resumo
O ensino de história em Moçambique foi um instrumento ideológico colonial e pós-colonial. Com a Concordata de 1940, o Estado português e a Santa Sé reconhecem a dialética da secularização, a inter-dependência histórica entre a república e a igreja. Passados 50 anos desse acordo, com a entrada em vigor da nova constituição política em Moçambique em 1990, o itinerário da institucionalização desse reconhecimento mostra similaridades históricas, a despeito das circunstâncias revolucionárias vividas em Portugal após 1910, e em Moçambique nas décadas 1960 e 1970. Pretendemos mostrar tais similaridades e observarmos tal dialética como uma categoria de análise histórica. Presumimos a secularização como um processo universal de modernização da política e da igreja, cuja chave moral comum é o ensino da história, que reconhece a matiz pluralística e performativa do intelecto, tanto que a sujeição seja, reversivamente, compreendida como acto de interpelação das ideologias e explica a de-radicalização ao longo da história.