Apresentações do Número Especial Fire!!! Zora Neale Hurston Textos Escolhidos e Traduzidos
Resumo
As tradutólogas Luciana Carvalho Fonseca et al (2020) apontam que nos últimos anos os estudos da tradução, especialmente aqueles marcados por um registro feminista “interseccional, decolonial, pós-colonial ou transnacional” (pp. 210) têm sido uma ferramenta estratégica para o deslocamento do statu quo acadêmico durante a última década nos diversos países da América Latina. A tradução de tempos e espaços distantes, como aqueles nos quais Zora Neale Hurston produziu seus sentipensares (Fals Borda, 2009), também é um exercício não só de adestramento técnico para alcançar a maior fidelidade possível a respeito da reprodução da voz original em uma língua alheia: é também a possibilidade de abrir um processo reflexivo que envolve um diálogo entre contextos de criação, distantes há quase um século e a milhares de quilômetros de distância, e de recepção, isto é, nosso aqui e agora que é o contexto de formação universitária, o campo das ciências sociais e humanas, o espaço geográfico e cultural nordestino e brasileiro, a necropolítica acirrada destes tempos pandêmicos.