Pesquisando em zonas de vulnerabilidade: dilemas, tropeços e estar junto

Autores

  • Adriana Fernandes

Palavras-chave:

Pobreza humana;, Sofrimento, Etnografia

Resumo

O texto apresenta algumas reflexões a partir da experiência da autora em trabalhos de campo com camadas precarizadas da população, moradores de áreas periféricas ou situadas nas margens. No doutorado, sua pesquisa se deu em torno de uma ocupação de moradia, depois realizou campo em abrigos municipais do Rio de Janeiro e, recentemente, tem acompanhado o acesso de familiares de pessoas assassinadas pelo Estado por equipamentos de saúde. Por outro lado, as condições materiais muito precárias dessas vidas impõem questões específicas à pesquisa e à inserção do pesquisador/a. Nesse caso, o trabalho da antropologia será aproximado do trabalho do AT (acompanhante terapêutico), bem como das ideias de Donald Winnicott e Veena Das, respectivamente, sobre como estar num setting terapêutico num hospital público do pós-guerra e em situações de devastação. Para ressaltar a dimensão produtiva do sofrimento, mencionaremos a medicalização como um dispositivo que tanto marca essas vidas através de uma ferida em aberto, quanto legitima o reconhecimento de si pelo Estado como um corpo da vulnerabilidade.

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Publicado

04-03-2020