A gestão do tempo no tempo da emergência: o cotidiano das mães e crianças afetadas pela Síndrome Congênita do Zika
Palavras-chave:
Síndrome congênita de Zika;, Emergências de Saúde Pública;, Gerência de tempo;Resumo
Em novembro de 2015, o Ministério de Saúde do Brasil decreta emergência nacional e, em fevereiro de 2016, a OMS decreta emergência internacional de saúde em função do aumento súbito dos casos de crianças nascidas com microcefalia. Milhares de famílias passaram a conviver com as repercussões da Síndrome Congênita do Zika. Um cotidiano de incertezas e ajustes passaram a ordenar a vida e constituir subjetividades, laços sociais e identidades de mulheres em meio a uma narrativa de luta, sofrimentos e cansaço nos itinerários variados e diários em busca de atendimento pelo sistema de saúde. Mesmo depois do fim declarado dessas emergências, as famílias continuam a experimentar múltiplos efeitos do tempo de emergência. Vivem noções plurais de emergências existenciais, de descobertas, e de gestão de suas vidas por parte das instituições onde circulam. A escolha metodológica da pesquisa “Etnografando Cuidados” do FAGES/UFPE privilegiou o tempo das mães na compreensão de emoções e práticas. Realizou um engajamento moral e emocional com esse grupo, refletindo sobre limites, contradições, emoções e vitalidade desse tipo de imersão no campo.