Heteroidentificação e ingresso de negros na UFMT: percurso e processo
Palavras-chave:
Cotas Raciais. Heteroidentificação. Universidade Pública.Resumo
O artigo reflete o trabalho em curso na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), particularmente sobre a heteroidentificação para o ingresso com corte racial, coerente à Política de Cotas (Lei 12.711 de 2012), experiência que teve início em 2019, portanto encontra-se no seu segundo ano de implementação. Preocupados para que o acesso à vaga destinada às pessoas negras (pretos e pardos) fosse de fato garantido àqueles de direito, assim como dando respostas à força reivindicativa do movimento social negro em Mato Grosso, a UFMT nos últimos dois anos passa a contar com as comissões destinadas a realizar a comprovação de veracidade da Autodeclaração, que legítima e legal deve ser complementada com o processo de aferição racial fenotípica. O enfrentamento das ações fraudulentas nesse contexto constituiu também força propulsora dessa experiência que passa a dar visibilidade a uma agenda há algum tempo pautada no âmbito do movimento e coletivos negros, internos e externos à UFMT, para coibir as fraudes no sistema de cotas raciais e que encontram, então, ambiente institucional e administrativo para ganhar concretude. Permanecem, contudo, desafios para aprimorar práticas e em especial para manter este compromisso ético-político requerente de medidas que tanto necessitam de investimento em formação e capacitação como de estruturação como serviço institucional parte fundamental do sistema de ingresso numa Universidade que se reivindica inclusiva.
Referências
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