Encontros marcados: sobre narrativas, política de aliança e saúde mental LGBTI+
Palavras-chave:
saúde mental LGBTI ; Memória LGBTI ; Narrativas; Políticas de Aliança; Redes de cuidadoResumo
Neste artigo apresentamos o tema da saúde mental da população LGBTI+ para além das formalidades estatais. Abordamos as narrativas de histórias de vida estabelecidas nos encontros entre essas pessoas, viabilizados por coletivos LGBTI+ desde grupos de ativistas, de amigos, ou mesmo situações sociais como festas, encontros inesperados. Nos perguntamos como esses espaços-momentos podem viabilizar a circulação das narrativas LGBTI+, a elaboração de memórias, e a própria constituição subjetiva dos sujeitos através do compartilhamento de experiências singulares e que ao mesmo tempo carregam ou performam rastros de comum. Estendemos a reflexão para penas como isso pode contribuir para tecitura de uma rede de cuidado mais ampla, que ativamente promova estratégias, alianças e condições mais vivíveis. constituindo-se como formas de acolhimento, atenção, cuidado e proteção que promovem e fortalecem sua saúde mental. Reconhecemos a importância de seguirmos na luta pela garantia de políticas, mas apostamos que não basta apenas buscarmos a garantia de saúde através do poder público, sendo importante pensar formas outras de proporcionar espaços de encontros que fortaleçam as condições de (sobre)vivência, para uma possível reparação e melhoria das saúdes mentais fragilizadas pelas opressões cotidianas. Mostraremos alguns exemplos de iniciativas e situações que ilustram essas práticas, como oportunidades positivamente significativas e fortalecedoras, produtoras de espaços potentes, que proporcionam alegrias, bem-estar, alívio para os sofrimentos, além de poderem (re)afirmar alianças e traçar estratégias de luta e enfrentamento diante da realidade precária. Diante da atual realidade política precisamos (re)considerar nossas lutas e práticas, encaminhando meios de fazer com que nossas vidas sejam mais vivíveis, compreendendo o cuidado mútuo para a abertura às multiplicidades das vidas e narrativas que perseveram. Atentamos para a construção de redes interseccionais de alianças, entendendo que diversos marcadores de diferença são convocados nessa luta pelo direito à liberdade de sermos plurais.
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