Diálogos entre Saúde Mental e Homossexualidade: notas sobre produção de subjetividade, sofrimento e opressão
Palavras-chave:
Saúde Mental, Homossexualidade, Subjetividade, HeteronormatividadeResumo
O presente artigo objetiva aproximar os campos da saúde mental e da homossexualidade em nossa sociedade a partir do resgate sócio-histórico das situações aos quais homossexuais foram expostos. Reconhece-se que a produção cultural no ocidente em torno da homossexualidade é violenta e problemática, sobretudo quando observamos as instituições designadas secularmente para cercearem os homossexuais. Ao longo dessa história, o campo homoerótico da vida interessou policiais, médicos, juristas. Após um longo período, a homossexualidade foi descriminalizada e despatologizada em muitos países, inclusive no Brasil, mas isso não significou necessariamente maior aceitação da diversidade sexual. Apesar do avanço na conquista de direitos, ainda vivemos numa sociedade profundamente homofóbica, ainda mais quando associada a outras linhas de opressão como a perspectiva racial e de classe. Homossexuais são expostos a um elaborado mecanismo de injúria que mantêm a ordem sexual vigente, produz violências e subjetividades.
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