O Fervo, a Diversidade Sexual e de Gênero e a Pedagogia da Prevenção
Palavras-chave:
festa; cuidado; Lutas LGBTQI ; HIV/AIDS; Diversidade Sexual e de Gênero;Resumo
O presente artigo apresenta-se como um diálogo entre as pesquisas em HIV/AIDS e o campo teórico-político da diversidade sexual e de gênero. Utilizo como elemento para tal reflexão o estudo etnográfico realizado para conclusão do Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade denominado “Em Defesa do Fervo: olhares etnográficos sobre a emergência da produção de cuidado no contexto de festas urbanas de Salvador-Bahia-Brasil”. Entendi ser relevante contribuir no sentido da recomposição dos estudos e lutas LGBTI+ no país com este outro histórico campo que construiu os estudos e as respostas a epidemia de AIDS no final dos anos 80 e início dos anos 90 (sobretudo a sua potente corrente comunitária). Contudo, acredito que esta reaproximação deve ocorrer com atualização do nosso olhar e reconhecimento sobre novas formas de organização política e protesto social. Defendo o fervo como um contexto privilegiado para isso, por ser ele protagonizado por pessoas jovens, negras(os), mulheres e LGBT, de periferia. O conjunto de coletivos e coletividades organizadoras de festas urbanas politicamente engajadas (as quais denomino de Fervo), nos demonstram hoje um potencial organizacional e cuidador emergente (no sentido de urgência e de surgimento). Apostamos que o reconhecimento delas(deles) pode auxiliar no processo de reflexão e oxigenação das nossas estratégias no movimento LGBTI+ no Brasil. No mesmo sentido, podem ainda fortalecer o que tem sido apontado nas produções recentes da ABIA, e de seu diretor-presidente Richard Parker, sobre a chamada “pedagogia da prevenção” – novo paradigma social proposto pela entidade para organização de resposta à epidemia. Propomos aqui a abertura de algumas reflexões envolvendo o fervo, a diversidade sexual e de gênero e a pedagogia da prevenção.
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