TY - JOUR AU - Correia, Paulo Petronilio PY - 2023/01/02 Y2 - 2024/03/29 TI - “O lixo vai falar, e numa boa”: Lélia Gonzalez, a criadora de caso do feminismo negro: “The garbage will speak, and in a good”: Lélia Gonzalez, the case creator of black feminismo JF - NJINGA e SEPÉ: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras JA - Revista Njinga & Sepé VL - 3 IS - 1 SE - Seção I - Artigos inéditos e traduções/interpretações DO - UR - https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/1102 SP - 421-447 AB - <p>Este artigo propõe-se pensar a filósofa, feminista negra e militante Lélia Gonzalez que ficou conhecida como a “criadora de caso” do movimento negro e do feminismo negro no Brasil. Ao tensionar a filosofia hegemônica e colocar em xeque o discurso hétero cis patriarcal que se erguia sob o signo do colonialismo, Lélia propõe uma batalha discursiva ao subverter a língua. Ao fazer isso ela ousa trazer um feminismo afro ladino ou melhor, um feminismo afro-latino-americano, descoloniza a linguagem e o pensamento, fazendo nascer, mesmo inconsciente, um novo giro decolonial. No mesmo instante que denuncia o racismo e o sexismo na cultura brasileira, a feminista negra afronta a norma eurocentrada e legitimada até então, pavimenta o lugar social  e político de fala para o povo preto, instaura, de certo modo, uma nova categoria político-cultural de amefricanidade que nos possibilita um novo modo de filosofar em “pretoguês”. Tal originalidade discursiva faz de Lélia Gonzalez uma pensadora emergente e a legitima como pensadora decolonial. No entanto, estabelecerei movimentos de pensamento com outras feministas negras, bem como trarei as minhas experiências filosóficas como homem negro, gay e candomblecista, pois além de carregarmos opressões que atravessam nossos corpos e me reconhecer no Feminismo Negro, ela inspira-nos a assumir a responsabilidade do ato de fala para não sermos infantilizados e desumanizados pelo colonizador. Nesse caso, nas palavras de Lélia Gonzalez, aqui mais um “lixo vai falar, e numa boa”, pois essa consciência como negro é que o faz de mim sujeito da minha própria história.</p> ER -