Responsabilidade enunciativa e mediatividade em narrativa de depoimento de testemunha

Autores

  • Karla Stéphany de Brito Silva UFRN
  • Maria das Graças Soares Rodrigues UFRN

Resumo

A responsabilidade enunciativa é um tema que permeia a linguagem humana. Interessa-nos saber se o locutor enunciador assume a responsabilidade enunciativa pelo conteúdo proposicional do seu dizer ou não. Quando o locutor enunciador não assume a responsabilidade enunciativa, estamos diante de um quadro mediativo. Essa escolha do locutor enunciador é marcada na língua, conforme Guentchéva (2011).  Seguindo essa linha, este artigo apresenta como objetivos: identificar, descrever, analisar e interpretar narrativas de depoimentos de testemunhas no que concerne à assunção da responsabilidade enunciativa e à mediatividade. A respeito da metodologia, é do tipo qualitativa de natureza interpretativista. O corpus analisado é constituído por dois depoimentos de testemunhas do crime de estupro de vulnerável e atentado violento ao pudor, considerados crimes hediondos segundo a lei federal n° 8.0702/90, inciso VI do artigo 1°. Esses depoimentos estavam dispostos em uma Guia de Execução Criminal. Teoricamente, o estudo fundamenta-se nos postulados da Análise textual dos discursos (ATD), em diálogo com teorias linguísticas enunciativas, com Rabatel (2016), Adam (2011) e Guentchéva (2011) e Rodrigues (2016, 2017). A análise dos dados aponta que em ambos os depoimentos das testemunhas, o locutor enunciador primeiro (L1/E1), o locutor testemunha (L-T) e os enunciadores segundos (e2) ora assume a responsabilidade enunciativa, ora apresenta um quadro de mediatividade.

Biografia do Autor

Maria das Graças Soares Rodrigues, UFRN

Professora Associada III do Departamento de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Pós-doutora em Linguística pela Université de Lausanne, Suíça.  (UNIL). Natal, Brasil, e-mail: grcasrodrigues@gmail.com

 

 

Referências

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Publicado

07-04-2018

Edição

Seção

Artigo experimental (acadêmico)