Maracatu nação e língua como prática social: dos legados afro-diaspóricos

Autores

  • Alline Pedrotti UFSC
  • Cristine G. Severo UFSC/CNPq

Resumo

O presente trabalho compreende a perspectiva de língua como prática social a partir da percepção histórica do maracatu nação de Pernambuco e de seu fazer cotidiano comunitário, musical, político e religioso. O artigo explora o papel da transmissão oral dos saberes no maracatu, atentando para a sua relação com a religiosidade afro-brasileira, a educação, e a política de salvaguarda cultural. O texto apresenta e contextualiza o maracatu nação, com enfoque no conceito de língua/oralidade como prática social; aborda a relação entre o maracatu, transmissão oral e a religiosidade; e discorre sobre a patrimonialização do maracatu. Assumimos que o protagonismo da/os maracatuzeira/os é central para a construção de um saber sobre essa prática; além disso, reconhecemos a oralidade como prática linguística produtora de discursos e de cultura.

Biografia do Autor

Cristine G. Severo, UFSC/CNPq

Tem graduação em Letras-Inglês/Literatura (UFSC) e em Psicologia (UFSC), mestrado em Teoria e Análise Lingüística (UFSC, 2003), doutorado em Teoria e Análise Linguística (UFSC, 2007), doutorado em Ciências Humanas (UFSC, 2018) e pós-doutorado em Políticas Linguísticas (Universidade da Pennsylvania, 2014). Tem pesquisado os temas: dimensões política e ética das políticas linguísticas em contextos coloniais e pós-coloniais de uso da língua portuguesa, com enfoque na relação Brasil-África; linguística colonial; políticas linguísticas críticas; e história sócio-política das línguas. Atualmente é professora associada III da Universidade Federal de Santa Catarina e docente do Programa de Pós-Graduação em Linguística e do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas (UFSC).

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Publicado

18-08-2022

Edição

Seção

Artigos