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Modelos cognitivos idealizados: categorização e conceitualização da violência por estudantes brasileiros da UNILAB-CE

Autores

  • Ciciliane de Castro Bezerra Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira - UNILAB
  • Kaline Girão Jamison Unilab

Resumo

Falar sobre violência significa abordar um assunto complexo, tendo em vista que esse conceito não tem um delineamento pronto, mas sim diversas percepções sobre ele, a depender do modo pelo qual a vivenciamos. Assim, sob a perspectiva da relação entre cognição e linguagem, baseada nos processos de natureza corpórea, buscamos identificar os Modelos Cognitivos Idealizados – MCIs que estruturam o conceito violência através de dois grupos focais, feitos com estudantes brasileiros da Unilab do gênero masculino, heterossexuais e homossexuais. Nossa abordagem teórica situa-se no campo da Linguística Cognitiva - LC (FERRARI, 2011) e nos estudos de Lakoff e Johnson (1987) sobre Modelos Cognitivos Idealizados - MCIs. A investigação qualitativa e de caráter exploratório-descritivo foi feita a partir da técnica de coleta com dois grupos focais, com três participantes cada, dos quais buscamos entender e comparar a conceitualização do termo violência em suas falas. Diante dos resultados e, através da comparação dos MCIs dos dois grupos, percebemos uma diferença específica nas falas dos alunos do  Grupo Focal A, o grupo dos heterossexuais, uma conceitualização de violência mais física e visível; já no Grupo Focal B, dos homossexuais, uma conceitualização de violência mais subjetiva e invisível. Em suma, o nosso estudo apresentou uma construção de sentidos acerca do termo violência, os quais emergiram a partir de categorizações estruturadas e baseadas em experiências físicas, psicológicas e socioculturais. A violência, nestes casos, é vista de forma predominante como um dano físico e subjetivo.

Palavras-chave: Modelos Cognitivos Idealizados; Violência; Conceitualização.

Biografia do Autor

Ciciliane de Castro Bezerra, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira - UNILAB

Especialista em Alfabetização e Multiletramentos pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Especialista em Gestão em Saúde pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Graduada em Serviço Social pela UNINASSAU. Graduanda em Letras - Língua Portuguesa na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB).

Kaline Girão Jamison, Unilab

Pós-doutora em Linguística Aplicada pela Universidade de Brasília (UNB). Doutora em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). É graduada em Letras pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e atua como professora adjunta do setor Língua Inglesa da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Também coordena o grupo de pesquisa COMPLIC (Comportamento, Linguagens e Cultura).

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Publicado

20-07-2021

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Edição

Seção

Artigo experimental (acadêmico)