Metáforas Conceituais e influências culturais em provérbios do Shimakonde
Resumo
A Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF & JOHNSON, 1980, 2003) situada dentre os estudos em linguística cognitiva (LANGACKER, 1987, 1991) busca descrever certos mecanismos da cognição humana por meio da análise de construções metafóricas que estabelecemos inconscientemente para as mais variadas interações e situações do nosso dia-a-dia. A investigação deste tipo de construção pode revelar como as diferentes associações que fazemos entre os eventos de mundo e nosso entendimento da realidade são codificadas linguisticamente. Vários desenvolvimentos da Teoria da Metáfora Conceptual mostram que a interpretação de estímulos sensório-motores e de contextos socioculturais peculiares (KÖVECSES, 2005, 2010; GIBBS & O’BRIEN, 1990, GIBBS, 1997; LAKOFF & JOHNSON, 1980, 2003) são de importância crucial para o entendimento da formação dos mais variados mapeamentos metafóricos. Desta forma, os provérbios podem ajudar na formação de uma imagem mais clara de como os contextos socioculturais influenciam o pensamento de um povo, dado que eles são exemplos bastante representativos das instâncias da sabedoria popular em determinada cultura. Tendo como norte os pressupostos teóricos da Teoria da Metáfora Conceptual, o objetivo deste artigo é analisar os mapeamentos metafóricos de dez provérbios do Shimakonde, uma língua do grupo Bantu, falada ao norte de Moçambique e partes da Tanzânia. Os provérbios foram coletados, traduzidos e contextualizados por um falante nativo da língua. Como resultado, vimos que parte dos provérbios analisados podem ter se formado a partir de esquemas imagéticos tidos como mais universais, derivando-se de metáforas primárias enquanto outros parecem ter se derivado de elementos socioculturais peculiares.
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