Percepções linguísticas acerca da variedade falada em Cametá-PA: o alteamento na vogal média posterior /o/ em posição tônica

Autores

  • Raquel Maria da Silva Costa Furtado Universidade Federal do Pará/Campus Universitário do Tocantins/Cametá-Pará
  • Dara Pinto de Oliveira Universidade Federal do Pará/Campus Universitário do Tocantins/Cametá-Pará

Resumo

Partindo de uma investigação sociolinguística, este trabalho discorre sobre as percepções linguísticas de informantes cametaenses e não cametaense acerca do alteamento na vogal média posterior /o/ em posição tônica, como em /boca/ ~ [buka], /noite/ ~ [nutʃɪ], /fogo/ ~ [fugu], marca identificadora da linguagem cametaense. O objetivo desta pesquisa é depreender se este fenômeno do alteamento vocálico é estigmatizado ou apreciado socialmente, bem como entender a intervenção das variáveis sexo, procedência e juízes nas apreciações sociais manifestadas pelos sujeitos-participantes da pesquisa, a partir dos componentes atratividade social, característica e competência da fala. A investigação fundamentou-se nos pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística quantitativa e em estudos sobre crenças e atitudes linguísticas advindos de Lambert e Lambert (1972) e Cardoso (2015). Tomou-se também como parâmetro de coleta e análise dos dados a pesquisa de Botassini (2013). O corpus deste trabalho constitui-se de juízos de valores obtidos a partir de dados de fala supervisionados, que serviram como audição de vozes para a formação de um questionário específico sobre atitudes linguísticas, baseado na técnica matched guise ou “falsos pares” de Lambert e Lambert (1972). A amostra que analisou os áudios às cegas foi constituída de 08 (oito) informantes da faixa etária de 18 a 29 anos com nível superior, estratificados em: sexo (04 femininos e 04 masculinos); procedência (04 cametaenses e 04 não cametaenses) e juízes (04 leigos e 04 experts). Como resultados, esta pesquisa apresenta a comprovação: I) de comportamentos significativamente positivos em relação ao alteamento na tônica e II) que os informantes, sejam cametaenses sejam não cametaenses, possuem consciência da existência deste modo de falar na cultura linguística cametaense e não a classificam como um linguajar inferior. Conclui-se, dessa forma, que os perceptos inferidos pelos participantes desta pesquisa contribuem para que haja o respeito e a valorização dessa marca identitária do linguajar cametaense.

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Publicado

01-11-2023