O uso dos pronomes nós e a gente no português falado em Macapá-AP

Autores

  • Déborah Karen Queroz da Silva Universidade do Estado do Amapá – UEAP
  • Romário Duarte Sanches Universidade do Estado do Amapá – UEAP

Resumo

Este trabalho investiga o uso da alternância pronominal de primeira pessoa do plural (nós e a gente) em dados orais de falantes da capital do Amapá, Macapá. A pesquisa está ancorada em estudos sociolinguísticos na perspectiva laboviana, isto é, considerando a heterogeneidade das línguas naturais. Para Labov (2008), a Sociolinguística estuda a relação entre língua e sociedade levando em conta os condicionadores sociais (aqueles para além da estrutura linguística) e linguísticos (aqueles que fazem parte da estrutura interna da língua). Desse modo, associado à Teoria da Variação, este estudo possui como referencial bibliográfico outros trabalhos que analisam a variação pronominal de nós e a gente no Português Brasileiro (cf. SILVA; CAMACHO, 2017; OLIVEIRA, SILVA, 2021; SOUZA, BOTASSINI, 2019; SCHERRE, YACOVENCO, NARO, 2018; CARVALHO, FREITAS, FAVACHO, 2020). Com base na metodologia da Sociolinguística Quantitativa foram selecionadas 16 narrativas orais do Projeto Variedades linguísticas faladas no Amapá, considerando as seguintes células sociais: 8 informantes do sexo masculino, sendo 4 de 18-30 anos e 4 acima de 50 anos; mais 8 do sexo feminino, sendo 4 de 18-30 anos e 4 acima de 50 anos). As amostras foram coletadas através de um aparelho celular Samsung Galaxy A12 e as entrevistas tinham como temática registrar histórias de vida dos entrevistados. A alternância dos pronomes nós e a gente foi analisada de acordo com os fatores linguísticos: sujeito explícito, concordância verbal e tempo verbal. Conforme os dados analisados através do emprego do programa estatístico GOLDVARB X, encontramos 538 ocorrências das formas pronominais de 1ª pessoa do plural, com 449 (83,5%) para o uso da forma a gente e 89 (16,5%) para a forma nós. O fator linguístico em destaque foi a marcação de concordância verbal com o pronome a gente que ocorreu em 446 amostras (88,8%), já em incidência menor, o pronome nós  ocorreu em 56 amostras (11,2%). Ao analisarmos o condicionador social sexo foi atestado que os homens expressaram com mais ênfase o pronome nós do que as mulheres, 66 ocorrências (25,6%) na fala de informantes do gênero masculino e somente 23 (8,2%) ocorrências faladas por informantes do gênero feminino. No que diz respeito ao fator geracional, ambas as gerações demonstram preferência pela expressão pronominal a gente com 307 amostras (89%) enunciadas pela faixa etária 1; e 142 (73,6%) pela faixa etária 2.

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Publicado

01-11-2023

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