Esta é uma versão desatualizada publicada em 02-07-2023. Leia a versão mais recente.

As cenas de enunciação do ecossistema da desinformação construído sobre a vacinação contra a covid-19: um olhar sobre o texto de verificação

Autores

  • Otávia Marques de Farias Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
  • Cleânia Martins de Oliveira

Resumo

O presente artigo analisa as cenas de enunciação do ecossistema da desinformação construído sobre a vacinação contra a Covid-19, tomando como objeto de investigação o texto de verificação. Para isso, ancoramo-nos na teoria da Análise do Discurso de origem francesa, sobretudo no conceito de cenas de enunciação de Maingueneau (1994, 2008, 2015). Como procedimento metodológico, foram coletados textos de verificação dos sites Agência Lupa, Fato ou Fake e Comprova, no período de janeiro a setembro de 2021, período que coincidiu com o início da vacinação contra a Covid-19 e sua estabilização no país. As análises apontaram que, quanto à cena englobante, esta corresponde ao tipo de discurso jornalístico, por apresentar características prototípicas do jornalismo, com perfil informacional, acrescido do simulacro de objetividade e imparcialidade. No que se refere à cena genérica, afigura-se como reportagem interpretativa, conforme conceituou Granez (2020), por apresentar aspecto investigativo e com aprofundamento dos fatos, conduzindo o leitor à interpretação. Por fim, quanto à cenografia, notou-se que é constituída a partir de várias cenas validadas, iniciando com a cenografia da notícia e desenvolvendo-se para a cenografia da reportagem interpretativa, a partir de cenas de pesquisas, entrevistas, coleta de dados, comparações e investigações mais incisivas das notícias falsas.

Referências

BRANDÃO, Helena Hathsue Nagamine. Introdução a análise do discurso. - 2ed. rev. Campinas: UNICAMP, 2004.

BRITO, Vladimir de Paula; PINHEIRO, Marta Macedo Kerr. Em busca do significado da desinformação. DataGramaZero, v. 15, n. 6, 2014. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/8068. Acesso em: 10 abr. 2022.

PEREIRA, Gustavo Teixeira de Faria; COUTINHO, Iluska Maria da Silva. WhatsApp, desinformação e infodemia: o “inimigo” criptografado. Liinc em Revista, [S. l.], v. 18, n. 1, p. e5916, 2022. DOI: 10.18617/liinc.v18i1.5916. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5916. Acesso em: 02 jan. 2022.

FOX, Christopher John. Information and misinformation: an investigation of the notions of information, misinformation, informing, and misinforming. Westport: Greenwood, 1983.

FRAU-MEIGS, Divina. Notícias falsas e desordens informativas. In: BRITES, M. J.; I. AMARAL, I.; SILVA, M. T. (eds.). Literacias cívicas e críticas: refletir e praticar. Braga: CECS, 2019.

GITAHY, Yuri. O que é uma startup? 2018. Revista Exame. Disponível em: https://exame.com/pme/o-que-e-uma-startup/. Acesso em: 02 jan. 2022.

GRANEZ, Marcio da Silva. A reportagem interpretativa como gênero da checagem: reflexões sobre a experiência do NUJOC. In: 43 Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2020, Virtual. Anais Provisórios do INTERCOM 2020. São Paulo: INTERCOM, 2020. v. 1. p. 1-15.

DCMS. Disinformation and ‘fake news’: final report. Digital, Culture, Media and Sports Comittee. Londres: House of Commons, 2019. Acesso em: 11 jul. 2021.

MAINGUENEAU, Dominique. Novas tendências em análise do discurso. Campinas: Pontes; Unicamp, 1994.

______. Gênese dos discursos. São Paulo: Parábola, 2008. Tradução de Sírio Possenti.

______. Discurso e Análise do Discurso. São Paulo: Parábola, 2015. Tradução de Sírio Possenti.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 13. ed. Campinas: Pontes, 2020.

PALÁCIOS, Marcos. Fake News e a emergência das agências de checagem: terceirização da credibilidade jornalística? In: MARTINS, Moisés; MACEDO, Isabel. Políticas da Língua, da Comunicação e da Cultura no Espaço Lusófono. Vila Nova de Famalicão: Edições Humus, 2019. p. 77-90. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/268088765.pdf. Acesso em: 01 jan. 2022.

PAVLIK, John. El periodismo y los nuevos médios de comunicación. Barcelona: Paidós, 2005.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 2ed. Campinas: Unicamp, 1995. Tradução de Eni Pulcinelli Orlandi.

SEIBT, Taís. Jornalismo de verificação como tipo ideal: a prática de fact-checking no Brasil. (Tese de Doutorado em Comunicação e Informação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2019.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: a tribo jornalística, uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.

WARDLE, Claire; DERAKHSHAN, Hossein. Reflexão sobre a desordem da informação: formatos da informação incorreta, desinformação e má informação. In: IRETON, Cherilyn; POSETTI, Julie (eds.). Jornalismo, fake news & desinformação: manual para educação e treinamento em jornalismo. Paris: Unesco, 2018. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000368647. Acesso em: 30 set. 2022.

WARDLE, Claire. Entender a desordem informacional. 2ed. Nova Iorque: First Draft, 2020. Disponível em: https://firstdraftnews.org/wp-content/uploads/2020/07/Information_Disorder_Digital_AW_PTBR.pdf?x76851. Acesso em: 10 out. 2022.

Downloads

Publicado

01-07-2023 — Atualizado em 02-07-2023

Versões

Edição

Seção

Artigo experimental (acadêmico)