Nos trilhos do trem: a modernidade no discurso jornalístico
a modernidade no discurso jornalístico
Resumo
No início do século XX a elite guarapuavana atribuía o seu isolamento em relação às outras cidades do Estado do Paraná devido à ausência de vias de transporte. O presente trabalho centra-se neste desejo da construção das vias férreas por uma parte da população. Desta forma, busca analisar pela ótica da notícia veiculada a um jornal do período – Correio do Oeste de 1930 a questão entre isolamento e a almejada modernidade. Compreende-se que nas primeiras décadas do século XX a ideia de progresso e modernidade circulava nos jornais da cidade de Guarapuava. Para compreensão de tal interesse é necessário possuir uma visão do que seja esse evento, neste sentido Berman (1986) aponta que a modernidade é um conjunto de experiências, dentre elas a questão de transformação e rompimento de barreiras. Tais empreendimentos, experiências e concepções sobre o desenvolvimento por meio do progresso podem ser observados na linguagem como prática social, ou seja, o discurso modernizador propagado pela imprensa reflete não apenas o isolamento, e a vontade de escoar a produção, mas especialmente reflete as relações de poder e dominação da elite do respectivo período. Para análise e compreensão dos eventos emprega-se o método espistemológico dialético crítico proposto por Fairclough (2001) e a outra perspectiva advém do campo da História que possibilita compreender a imprensa como instrumento de manipulação de interesses e de modificação da vida social. Através da interdisciplinaridade entre as Ciências citadas foi possível constatar que a particularidade do texto modelado segundo as experiências e concepções de mundo do redator mostram as relações entre a prática discursiva e social e com isso permeia os processos históricos que articulam e constituem o discurso de modernidade e isolamento.
Referências
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