Ayé: Revista de Antropologia https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia <p>A Ayé Revista de Antropologia tem como missão publicar trabalhos relacionados às linhas de pesquisa da Antropologia das populações afro-brasileiras, Estudos africanos, Antropologia da ciência, Antropologia do direito, Estudos de gênero, Antropologia das populações rurais/ Antropologia e campesinato, Antropologia urbana, Antropologia do corpo, Etnologia indígena, Antropologia da religião e Antropologia do Estado e do colonialismo. Além disso, busca reunir artigos que resultam de estudos etnográficos que tratam da memória coletiva, da duração, da narrativa, das formas de sociabilidade, dos sistemas simbólicos e políticos do cotidiano e de suas relações de poder. De forma especial, são selecionados os estudos que contribuam para a compreensão de aspectos fundamentais da vida urbana e rural na sociedade brasileira e dos países parceiros tendo em vista as perspectivas políticas e históricas que orientam os fenômenos da cultura nas sociedades complexas.</p> pt-BR Ayé: Revista de Antropologia 2674-6360 "KA NU DEXA BATUKU MORI" https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/1222 <p>O batuku é um dos gêneros musicais e de dança mais antigos de Cabo Verde, que se destaca pelo canto-resposta, polirritmia e por ser composto na sua maioria por mulheres. Nasce com os negros africanos deslocados da Costa da Guiné para o Arquipélago Cabo Verde, no cenário escravocrata, sob o domínio português. Considerado a diversão dos escravizados e de pretos livres marginalizados, o batuku foi alvo de perseguição pela igreja católica e Administração Colonial. Após o seu quase total desaparecimento, passou a ser valorizado pela classe política que assumiu o poder pós independência, e que buscou a construção de uma identidade nacional cabo-verdiana. No entanto, essa mesma classe política herda não apenas o poder, mas também um conjunto de códigos e valores do colonizador que sustenta o distanciamento de Cabo Verde da África ao dar mais destaque às manifestações culturais europeias. Assim, o batuku vivenciou<br />diversas tensões criadas pelas elites intelectuais letradas cabo-verdianas que ainda nos dias atuais tendem a se dissociar do continente africano.</p> Alessander Patrick Correia Gomes Daniele Ellery Mourão Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 “O LIXO VAI FALAR” https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/1223 <p>Este artigo visa estabelecer um diálogo entre as minhas experiências do cotidiano e da academia enquanto mulher, africana, negra e bissexual. Tendo como base a experiência metodológica de intersecções, inspiro-me no lugar da intelectualidade da mulher negra, na senda da minha história política em ambientes como a academia e escola pública a partir de estranhamentos causados pelo meu corpo em espaços de origem. Nisso, em uma análise bibliográfica somada a perspectiva de escrevivência de Conceição Evaristo (2019), construirei diálogos entre autoras e agentes que embarcam nesse meu percurso enquanto estudante universitária que possibilitaram-me uma análise mais detalhada e crítica das condições sociais pré-estabelecidas para as ditas minorias, particularmente, quando se trata do recorte de gênero e de raça. Comumente estarei citando intelectuais como ngela Figueiredo (2020), Patricia Hill Collins (2019), bell hooks (2019), Jacimara Santana (2009), Alda do Espírito Santos (2007), dentre outras para enfim garantir que os acordos metodológicos estabelecidos pela cultura eurocêntrica sejam cumpridos, mas também para reafirmar as práticas coletiva emancipatória em que as mulheres negras vem construindo a partir de sua escrita-vivência.&nbsp;</p> <p>&nbsp;</p> Maria da Luz Fonseca de Carvalho Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 A Baianidade Urbi et Orbi ou “engenho e arte” para além da metafísica ocidental https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/1394 <p>A gênese deste estudo decolonial começa com o ensaio que empreendia uma discussão sobre Exu e a cultura diaspórica negra. Seus desdobramentos foram responsáveis pelo aparecimento de dois outros estudos: um sobre o Candomblé da Bahia e o sincretismo religioso, e um outro sobre o conceito decolonial de língua-linguagem como encruzilhada. O artigo sobre Exu, escrito em inglês, ainda foi responsável pelo convite para a escritura de um capítulo de livro, também em língua inglesa, sobre direitos humanos, liberdade religiosa e lutas antirracistas na América Latina Diaspórica Negra. Por sua vez, este texto possibilitou o aparecimento de boa parte da discussão que se deu em um capítulo sobre a linha de frente das lutas políticas de Jorge Amado nos 100 anos do Partido Comunista do Brasil, quando o tema da baianidade ganhou corpo. Agora, neste novo estudo, que ora, apresento, a discussão busca responder às questões: “O que é a baianidade?” e “Como a literatura a decodifica ao longo da história?”. Para tanto, utilizo como metodologia a <em>análise pragmática do discurso</em>, tributária da análise discursivo-desconstrutiva, tomando o <em>discurso literário</em> como objeto observável, pois, nessa abordagem, todo discurso é o resultado das condições históricas de produção (cf. ARAÚJO, 2020). Em outras palavras, recorro a obras poéticas de autores baianos (textos, canções), tomadas como discurso para responder a tais questões sobre a baianidade.</p> Alex Pereira de Araújo Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Saberes dos corpos nas aguas https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/2041 <p>Nossa proposta é colocar em dialogo e identificar confluências no pensamento desde os corpos-territórios de comunidades tradicionais marisqueiras e antropologias e produções acadêmicas sensíveis às corporalidades para levar a sério o status epistemológico dos sabres corporais. Dentro do âmbito académico nosso intuito é reivindicar as sensibilidades e modos somáticos de atenção proporcionados pela experiência das aguas, seja como fluido bom para pensar, seja na luta pelos territórios quilombolas. Nessa prática de mariscagem abordaremos perspectivas que focam nos contornos sociopolíticos das corporalidades e por outro, perspectivas que focam na agência e na potência destas. Estas perspectivas são permeáveis e dialéticas: compreendemos que os limites, estruturas ou contornos não invalidam as agências, assim como sabemos que pensar nas agências não descontextualiza nem renuncia ao reconhecimento dos limites das existências. Assim, destacaremos a forma em que corpos-territórios produzem e carregam consigo conhecimentos, mas não negligenciaremos a forma em que também são persistentemente expostos ao antropocentrismo colonial capitalista, ao racismo e à violência de gênero. Nas duas ancoragens submergimos na turbulência do encontro destas perspectivas com nossas análises e experiências como autoras.</p> Lucrécia Raquel Greco Elionice Sacramento Gabriela dos Anjos de Jesus Xan Marçal Sofia Reyna Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Edição completa, v.6, n.1 https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/2047 <p>Este dossiê pretende discutir os principais desafios para pesquisar África no Brasil, especialmente em relação às temáticas de pesquisa que aqui se consolidaram, à visão do Brasil sobre o continente africano, às condições financeiras para a realização das pesquisas e aos tensionamentos) envolvidos no exercício de “estar aqui e estar lá” (Geertz, 1998). A ideia de realizar este dossiê decorreu de observações feitas ao longo dos últimos anos acerca da produção sobre África no Brasil, a qual continua profundamente atrelada àquela estabelecida desde as origens dos estudos africanos no Brasil. Isto é, nomeadamente, a agenda<br>afro-brasileira voltada para a compreensão dos processos sócio-históricos e culturais brasileiros a partir de uma África, sobretudo, pré-colonial e colonial. Outro fator que motivou a elaboração deste dossiê foi a pouca interlocução entre pesquisadores do sudeste e do nordeste do país, que têm pesquisado contextos africanos, cuja dinâmica reproduz a lógica de centro e periferia que marca a geopolítica nacional de produção.</p> Bruno Goulart Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Abertura https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/2038 <p>Este dossiê pretende discutir os principais desafios para pesquisar África no Brasil, especialmente em relação às temáticas de pesquisa que aqui se consolidaram, à visão do Brasil sobre o continente africano, às condições financeiras para a realização das pesquisas e aos tensionamentos) envolvidos no exercício de “estar aqui e estar lá” (Geertz, 1998). A ideia de realizar este dossiê decorreu de observações feitas ao longo dos últimos anos acerca da produção sobre África no Brasil, a qual continua profundamente atrelada àquela estabelecida desde as origens dos estudos africanos no Brasil. Isto é, nomeadamente, a agenda afro-brasileira voltada para a compreensão dos processos sócio-históricos e culturais brasileiros a partir de uma África, sobretudo, pré-colonial e colonial. Outro fator que motivou a elaboração deste dossiê foi a pouca interlocução entre pesquisadores do sudeste e do nordeste do país, que têm pesquisado contextos africanos, cuja dinâmica reproduz a lógica de centro e periferia que<br>marca a geopolítica nacional de produção.</p> Ana Carolina de Oliveira Costa Chirley Rodrigues Mendes Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Eles não sabem o preço da rua https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/2042 <p>O objetivo do artigo é abordar os esforços da promoção da inclusão e literacia financeiras como uma tecnologia política que tem como horizonte a expansão do setor financeiro em Angola. Inspirada na fala de uma <em>kinguila</em>, nome dado a senhoras que fazem operações de câmbio nas ruas de Luanda, de que o setor financeiro “não sabe o preço da rua”, volto a atenção para os limites da disseminação da chamada “capacidade financeira”, noção mobilizada pelo setor a partir de pressupostos ontológicos pautados nos pares tradicional/moderno e formal/informal. Para tanto, abordo as condições externas esperadas e não satisfeitas na formação de sujeitos financeiros, incluindo tanto as condições políticas que produzem o que os agentes do setor chamam de “ineficiências no mercado”, em especial a relação estreita entre governo e bancos, quanto as condições econômicas, que levam a população a uma recusa em operar na lógica da techne capitalista do tempo.</p> Catarina Morawska Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Ser nomeado https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/2043 <p>Durante o trabalho de campo, os antropólogos são nomeados interseccionalmente em relação à raça, classe, gênero, nacionalidade e religião. No entanto, uma consideração cuidadosa das formas vernaculares de designação revela que tais categorias generalizantes nem sempre refletem as maneiras pelas quais as pessoas são nomeadas e posicionadas em um determinado contexto. Embora reconhecendo a relevância da interseccionalidade, discutimos aqui a relação entre nomeação e posicionalidade social por meio de uma consideração comparativa dos nomes empregados para designar Iracema Dulley em Angola e Frederico Santos no Senegal. Exploramos como esses designadores, atribuídos aos pesquisadores por seus interlocutores, identificam contextualmente sua posicionalidade. Por meio de exemplos concretos, os pesquisadores mostram como essa posicionalidade pode tanto possibilitar quanto restringir sua ação e experiência em campo.</p> Iracema Dulley Frederico Santos dos Santos Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Interações entre a África e um mundo desaparecido https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/1627 <p>O artigo versa sobre a construção do projeto de pesquisa que trata das relações entre a Guiné-Bissau e a República Democrática Alemã (RDA) até 1990, partindo da situação específica de professor numa universidade brasileira dedicada à integração com os países africanos de língua portuguesa, sobre a execução da pesquisa documental nos arquivos da RDA, realizada no âmbito de estágio pós-doutoral em Berlim que reuniu um acervo digital de aprox. 35.000 folhas. São apontadas possibilidades de objetos de pesquisas específicas ligadas às interações na construção do estado guineense (apoio material e técnico). No final, são destacadas as homenagens a Amílcar Cabral, feitas pelo estado alemão, e o apagamento destas após o desaparecimento da RDA como entidade autônoma.</p> Sergio Krieger Barreira Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Marxismo-leninismo cosmológico https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/1715 <p>Ainda hoje, na região sul do Benim, o imaginário de sociedade proposto pelo marxismo-leninismo-cosmológico é tido como o modelo de governança ideal, que superaria a democracia ocidental e seus valores de desenvolvimento social. Este artigo propõe analisar algumas das motivações que fazem com que um grupo de praticantes de Vodun prefira o modelo marxista-leninista à democracia. O marxismo-leninismo-cosmológico agrega em seu escopo valores morais da cosmologia Vodun aos processos de governança e de participação popular nos processos políticos deliberativos. A base dos valores morais desta cosmologia Vodun é a necessidade dos sujeitos, individual e coletivamente, se equilibrarem entre as demandas da vida material e aquelas da vida espiritual. A ideia de desenvolvimento está profundamente atrelada à de equilíbrio do/no mundo-físico-espiritual.</p> <p>&nbsp;</p> Ana Carolina Costa Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1 Expediente https://revistas.unilab.edu.br/index.php/Antropologia/article/view/2046 Bruno Goulart Copyright (c) 2024 Ayé: Revista de Antropologia 2024-12-30 2024-12-30 6 1