MANUAL ESCOLAR ÚNICO EM ANGOLA E DIVERSIDADE LINGUÍSTICA:

REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE ENSINO, POLÍTICAS E PRÁTICAS EDUCATIVAS

Autores

  • Eduardo David Ndombele ISCED-Uíge

Palavras-chave:

manual escolar, Sociolinguistica, Angola

Resumo

O ensino da Língua Portuguesa em Angola tem sido estruturado, sobretudo nas classes iniciais, a partir de um único manual escolar nacional. Tal padronização, embora facilite a organização curricular, tem suscitado críticas de estudiosos e profissionais da educação que destacam sua limitada adequação ao contexto sociolinguístico do país. Angola caracteriza-se por uma pluralidade de línguas nacionais, que coexistem com o português em situações de bilinguismo e multiliguismo. No entanto, o manual vigente tende a apresentar o português como língua materna de todos os alunos, desconsiderando que, para a maioria, trata-se de uma segunda ou mesmo terceira língua, principalmente em regiões rurais e fronteiriças. Essa abordagem ignora diferenças culturais e linguísticas, resultando em dificuldades de aprendizagem, baixa motivação e desigualdade de oportunidades no percurso escolar. O presente estudo tem como objetivo analisar criticamente os impactos da utilização de um único manual padronizado, baseado quase exclusivamente na gramática normativa, sobre alunos com diferentes repertórios linguísticos. A investigação fundamenta-se em revisão bibliográfica, análise de documentos oficiais do setor educativo e observações empíricas realizadas em salas de aula de contextos urbanos e rurais. Pretende-se, assim, evidenciar os limites de uma prática uniformizadora e ressaltar a necessidade de políticas pedagógicas mais inclusivas, capazes de valorizar a diversidade linguística e cultural do país. Em última instância, o trabalho propõe reflexões que possam contribuir para a formulação de materiais didáticos contextualizados e para o fortalecimento de uma educação linguística que seja, ao mesmo tempo, eficaz e socialmente justa.

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Publicado

13-11-2025